O presidente François
Hollande manifestou “gratidão da França aos combatentes africanos, franceses e
‘indígenas’” que participaram do desembarque na Provence, operação militar da
Segunda Guerra Mundial que completou 70 anos nesta sexta-feira (15). A
cerimônia foi marcada por uma parada naval de 20 embarcações de guerra, 13
francesas e 7 estrangeiras.
No dia 15 de agosto de 1944,
combatentes franceses e das antigas colônias africanas ocuparam o sudeste da
França para lutar contra a ocupação nazista, no que a imprensa francesa costuma
chamar de “o outro desembarque” – para diferenciar da operação militar da
Normandia, ocorrida 70 dias antes.
Em uma cerimônia no
porta-aviões Charles-de-Gaulle, ancorado próximo a Toulon, Hollande relembrou
que o exército que desembarcou na região era composto não só por franceses, mas
também por argelinos, marroquinos e tunisianos que criaram, a partir daí,
“laços de sangue com a França”.
“É ao sul que a Europa deve
a sua saudação e isso não devemos jamais esquecer. Agora é a nossa vez, da
França e da Europa, de dar ao sul o que ele foi capaz de nos dar no verão de
1944. Devemos levar apoio, segurança, solidariedade e desenvolvimento”,
discursou Hollande, diante de 800 pessoas, entre as quais representantes de 28
países, com 15 chefes de Estado africanos, além de 200 veteranos de guerra.
O presidente francês
aproveitou a ocasião para fazer referência a diferentes temas: a luta contra os
jihadistas no Iraque e na Síria, a epidemia de Ebola e a questão migratória da
África para a Europa, afirmando não querer ver “o Mediterrâneo se transformar
em um cemitério”.
Parada naval de 20
embarcações
Além dos franceses, a
cerimônia contou com embarcações britânicas, norte-americanas, tunisianas,
argelinas e marroquinas e celebrou a operação chamada de “Dragoon”, que levou
450 mil homens, entre eles 250 mil franceses, a desembarcar no sul do país. Muitos
dos soldados vinham do Magreb e da chamada África Negra, o que rendeu ao
exército a fama de ser “multicultural”. Hollande lembrou que, na época, os
franceses ainda chamavam os magrebinos de indígenas: “Por seus sacrifícios,
estes homens ligaram o nosso país e a África em um laço de sangue que nada
poderá desfazer”.
O presidente francês
encerrou se dirigindo aos jovens na França: “quero dizer a todos os jovens
franceses fruto da imigração que eles são os herdeiros desta página da história
e que eles podem ficar legitimamente orgulhosos disso”.
Complementar à operação
Overlord da Normandia, o desembarque na Provence se revelou decisivo: ele levou
ao recolhimento das tropas Wehrmacht no sudoeste da França no dia 18 de agosto
e logrou a liberação de Toulon, no dia 27, e Marselha, no dia 28 seguinte. RFI