A ministra das Finanças de Cabo Verde confirmou hoje a sua candidatura à presidência do Banco Africano do Desenvolvimento (BAD), justificando-a com o acreditar que África "pode fazer muito mais" para combater a pobreza e promover o desenvolvimento.
Numa conferência de imprensa na Cidade da Praia, Cristina Duarte, ministra das Finanças desde 2006, reivindicou ter experiência sobre questões económicas africanas e mundiais e realçou que, pela primeira vez, haverá uma mulher a concorrer a um cargo que nunca foi ocupado por um quadro lusófono nem de um país insular.
Cristina Duarte afirmou que a experiência acumulada ao longo da carreira profissional e governativa fazem dela uma boa candidatura - começou na Administração Pública, transitando, depois, para o Citibank (Quénia e Angola), tendo ainda feito vários serviços de consultoria em organismos internacionais. "Concorro por causa da minha profunda convicção de que África pode fazer muito mais. As gerações futuras exigem isso de nós. Chegou o momento de quebrarmos o círculo vicioso da luta contra a pobreza. Devemos ambicionar ter uma agenda de transformação estrutural das nossas economias e sociedades, tornando-nos competitivos a nível mundial", referiu.
Cristina Duarte, considerando que o BAD "já obteve ganhos significativos" sob a gestão do ruandês Donald Kaberuka, destacou, porém, que, para os consolidar, é necessário colmatar "quatro áreas críticas" para enfrentar os desafios "não negligenciáveis" ligados à necessidade de rapidez de crescimento económico. Para Cristina Duarte, é preciso que o BAD se assuma um "verdadeiro parceiro de desenvolvimento, densificar o setor privado africano", desenvolver as infraestruturas e construir uma economia verde, como imperativo ambiental e económico.
Nesse sentido, e como eixos programáticos que vai defender na sua agenda de transformação para consolidar o desenvolvimento africano, Cristina Duarte identificou quatro áreas, com destaque para a necessidade de África ter de servir de catalisador para a inovação e criatividade. Outros desafios passam por "vencer a batalha da disparidade do género" - "África não pode continuar a marginalizar metade da sua equipa" -, financiar o desenvolvimento - "as necessidades são enormes e crescentes" -, e garantir uma "eficiência organizativa".
"Esta é uma candidatura de Cabo Verde. Estou grata pela confiança que a Nação deposita em mim", concluiu, aludindo ao facto de o governo cabo-verdiano, através do primeiro-ministro José Maria Neves, já ter confirmado publicamente o apoio a Cristina Duarte. José Maria Neves, porém, admitiu que "não será fácil" a disputa da presidência do BAD - as eleições estão marcadas para 28 de maio de 2015 -, tendo em conta a força dos grupos anglófonos e francófonos.
Desde 1977, altura em começou a cooperação efetiva, o BAD aprovou 39 operações para Cabo Verde, num montante líquido aproximado de 164,28 milhões de UC.
Além de Cabo Verde, também a Tunísia já apresentou a candidatura do ex-diretor das Finanças Jelloul Ayyad. Fonte: Aqui