segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

2015 NÃO VAI SER FÁCIL PARA CABO VERDE, DIZEM OBSERVADORES


A nível económico, perspectiva-se um ano difícil com o agravar da crise muito por culpa da seca e da erupção vulcânica na ilha do Fogo. A nível político 2015 vai ser o ano de pré-campanha para as eleições gerais de 2016.
 
2015 deverá começar com o Primeiro-ministro, José Maria Neves, a ter que resolver um problema pendente: quatro ministros colocaram o seu lugar à disposição, segundo a imprensa cabo-verdiana.
 
Uma dessas governantes é a ministra-Adjunta e da Saúde, Cristina Fontes Lima, que espera pelo pronunciamento do Primeiro-ministro.
Em entrevista à DW África a ministra demissionária afirmou: "Estou de facto à espera que o Sr. Primeiro-ministro se pronuncie."

José Maria Neves vive a maior crise no seu Governo desde que assumiu o poder em 2001, crise essa provocada pelos resultados das eleições internas no PAICV de 14 de Dezembro, ganhas pela ministra da Juventude, Janira Hopffer Almada.
 
A maioria dos membros do Governo apoiou a candidatura de Cristina Fontes Lima que ficou na terceira posição, alguns desses governantes colocaram, por isso, o seu lugar à disposição.
 
Congresso do PAICV poderá clarificar situação
 
As coisas poderão ficar clarificadas depois do Congresso do PAICV marcado para os dias 24 e 25 de Janeiro, segundo o jornalista Daniel Almeida do jornal "A Nação".

"O congresso poderá ditar muita coisa no seio do partido que sustenta o governo. Há uma certa expetativa em torno desse conclave porque ainda não se sabe quem dominará o Conselho Nacional que é o principal órgão do partido. Há uma rotura e divisão, dois blocos dentro o PAICV."
 
Devido à nova situação no PAICV, o principal partido da oposição, o Movimento para a Democracia (MpD) vai ter que reformular a sua estratégia, perspectiva o jornalista da Rádio Nacional de Cabo Verde Carlos Santos.
 
Eleições de 2016 já se farão sentir em 2015
 
O também professor universitário espera um ano quente a nível das confrontações políticas, quer no Parlamento quer fora do hemiciclo, até porque 2015 vai ser um ano essencialmente de pré-campanha eleitoral.

Em entrevista à DW África Carlos Santos perspetiva um 2015 "dominado pela pré-campanha em permanência." O jornalista faz a seguinte previsão: "O país vai girar à volta das eleições de 2016, com todos os partidos políticos no terreno. O governo vai, por isso, governar apenas a meio gás."
 
Daniel Almeida reforça que a tentativa de arrebanhar maior número de apoiantes deve falar mais alto: "Certamente que em 2015 vamos ter mais política partidária do que ações governativas."
 
Crise económica sem solução à vista
 
Em 2014 sentiu-se claramente o impacto da crise internacional no arquipélago. A agravar a situação, o vulcão do Fogo entrou em erupção desde 23 de Novembro e o ano agrícola foi mau. Tudo isto, sublinha Daniel Almeida, terá fortes reflexos em 2015. "Os caboverdeanos estão a sentir os efeitos da seca. Nos mercados os preços dos produtos de primeira necessidade, sobretudo hortícolas, dispararam. Há aumentos de mais de 60 por cento, casos do tomate, pimentão, etc."
 
Por tudo isto, Carlos Santos prevê um 2015 algo cinzento: "O governo aprovou algumas medidas, mas será obrigado a reforçar os apoios aos agricultores ou, por exemplo, aos criadores de gado. Não me admiraria nada se o governo fosse obrigado a aprovar um orçamento retificativo."
 
Os cabo-verdianos terão a vida dificultada, tendo em conta o aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) de 15 para 15,5 por cento.

"Isso pode causar problemas às famílias caboverdeanas, cujo poder de compra tem diminuido", conclui o jornalista e professor universitário Carlos Santos.