Argel - Reacções de indignação multiplicam-se nesta quarta-feira na Argélia após as declarações de um dirigente salafista argelino a pedir ao governo para condenar e executar o jornalista-escritor Kamel Daoud por crime de apostasia (renúncia do Islão).
O activista Abdelfatah Hamadache Ziraoui, que dirige a Frente de Eveil Islâmica salafista (não reconhecida oficialmente), apelou terça-feira na sua página do Facebook que as autoridades argelinas condenem à pena de morte o autor do romance "Meursault, contra a investigação" e que o executem em público.
Este apelo ocorre após uma intervenção de Kamel Daoud numa emissão de um canal francês onde criticou a relação dos muçulmanos com a sua religião.
Abdelfatah Hamadache, que milita pela interdição do álcool e dos fatos de banho nas praias, considerou que o finalista do último Prémio Goncourt "vem realizando uma guerra contra Allah, seu profeta, o Alcorão e os valores sagrados do Islão”.
O activista muçulmano acusa-o de crime de apostasia, punível com a pena de morte aos olhos da lei islâmica.
A declaração deste militante do Islão levantou uma onda de indignação nas redes sociais e despertou a memória dolorosa da década de 1990, quando dezenas de intelectuais haviam sido assassinados na sequência de uma fatwa que proclamava: "aqueles que nos combaterem pela palavra deverão morrer pela espada". Fonte: Aqui