Cabo Verde registou 4182 casos do vírus Zika nos últimos dois meses e está em alerta, disse esta quinta-feira a ministra da Saúde, apelando para que as pessoas reforcem a prevenção e recorram aos serviços de saúde.
Segundo Cristina Fontes Lima, desde 2 de outubro, quando foi confirmada a presença do Zika em Cabo Verde pela primeira vez, foram diagnosticados 4182 casos em três ilhas, sendo 46 na do Fogo, 322 no Maio e os restantes na ilha de Santiago, a maior do país.
A ministra disse que, após um período inicial ascendente, nas últimas semanas os casos têm diminuído, tendo sido registados 793 novos casos até 21 de outubro e 650 na semana seguinte, sem qualquer morte.
Na Cidade da Praia, onde foi registada uma média de 60 casos por dia na fase inicial, Cristina Fontes Lima sublinhou que agora são diagnosticados uma média de 15 casos diários, o que confirma a «evolução positiva» da doença, transmitida da mesma forma que a dengue.
Em conferência de imprensa ao lado do diretor-geral da Saúde, Tomás Valdez, e depois da reunião do conselho do ministério da Saúde, Cristina Fontes Lima disse que medidas preventivas serão anunciadas na próxima semana, mas apelou para que pessoas recorram aos serviços de saúde e tenham em atenção «recomendações extraordinárias» para se prevenir.
«Temos que nos concentrar todos na luta contra o mosquito. Não vale a pena estarmos à procura de respostas hospitalares se não baixarmos os níveis de mosquitos», reforçou a ministra, dizendo que, apesar de a epidemia ser registada apenas em três das nove ilhas habitadas, todo o arquipélago cabo-verdiano está em alerta.
A responsável pela pasta da Saúde sublinhou que não quer alarmar as pessoas, mas garantiu que Cabo Verde está preparado para os «piores cenários», tendo em conta que se trata de uma «doença nova e não conhecida suficientemente».
Cristina Fontes Lima garantiu que não tem havido rotura do 'stock' de medicamentos no país e admitiu reforçar alguns remédios, como o paracetamol, usado para tratamento sintomático.
Por sua vez, o diretor geral da Saúde, Tomás Valdez, referiu as «situações de anormalidade» por causa da relação entre o Zika e a microcefalia e recomendou às grávidas para se protegerem «ainda mais» e reforçarem o acompanhamento pelos serviços de saúde.
Tomás Valdez disse que até agora «não há registo de complicações» nas mais de 20 grávidas detetadas com sintomas do vírus, mas as previsões é que comecem a aparecer mais casos no mês de fevereiro de 2016, altura prevista para as primeiras gestações.
Sobre as notícias publicadas na imprensa brasileira que dão conta de que a doença não se transmite apenas por picada de mosquito, mas também por meio de relação sexual, o diretor de Saúde salientou tratar-se de relatos, mas admitiu que «a probabilidade existe».
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta a mais de 140 países e recomendou, entre outros, o isolamento dos pacientes, mas tanto Cristina Fontes Lima como Tomás Valdez disseram que, por agora, isso não aconteceu em Cabo Verde – mas lançaram um apelo às pessoas para não ficarem em casa em caso de sintomas e evitarem a picada do mosquito.
A primeira transmissão entre humanos do vírus Zika, que se dá através da picada do mesmo mosquito transmissor da dengue, o «Aedes aegypti», foi registada nos anos 50, na Nigéria, tendo sido diagnosticados casos na Serra Leoa, na Costa do Marfim e no Senegal em 2009 e 2011.
Este ano, estão a registar-se casos no Brasil, particularmente no Nordeste, com o qual Cabo Verde tem uma relação de maior proximidade, com a deslocação de pessoas nos dois sentidos. Fonte: Aqui