sábado, 12 de dezembro de 2015

DISFUNÇÃO ERÉTIL - CAUSAS, SINTOMAS E TRATAMENTOS

A disfunção erétil (DE), também descrita como impotência, é a incapacidade persistente, ainda que de forma não permanente, em obter e manter uma ereção suficiente para penetração, que permita uma relação sexual satisfatória.


       
A incapacidade em obter ou manter uma ereção suficiente para penetração afecta a maioria dos homens a determinado ponto das suas vidas, podendo ocorrer por diversas razões, como o consumo excessivo de álcool ou o cansaço. Porém, tal não pode ser classificado como disfunção erétil. É considerado normal falhar em menos de 20% das tentativas, não sendo geralmente necessário qualquer tratamento. Porém, não conseguir obter ou manter uma ereção suficiente para penetração em mais de 50% das vezes, já é considerado um problema e requer normalmente tratamento. 
 
Apesar de não ser grave e de se classificar como uma desordem benigna, esta condição não é necessariamente considerada normal em determinadas idades e é diferente de outros problemas que afectam as relações sexuais, como por exemplo o baixo desejo sexual ou a ejaculação precoce.

Está, porém, frequentemente associada a problemas de saúde físicos como por exemplo a hipertensão, a diabetes e o colesterol elevado, a problemas psicológicos como o stress e a ansiedade e a hábitos de vida, como o tabagismo.

A disfunção erétil tem um forte impacto na saúde física e psicológica e afeta não só a qualidade de vida do homem, como a da sua parceira.


Não pense que está sozinho e que não existem mais homens a sofrer do mesmo problema. Estima-se que cerca de 52% dos homens entre os 40 e os 70 anos sofram de disfunção erétil, apesar de homens mais novos poderem ser também afetados.

O que é uma ereção?
 
A ereção traduz-se por um aumento temporário do fluxo sanguíneo para o pénis, para que este se torne ereto. É um processo complexo que para além de ser o resultado de alterações vasculares, combina alterações nervosas e musculares:
Processo de ereção

O que acontece na disfunção erétil?

Por o processo de ereção estar dependente da função muscular, vascular, nervosa e hormonal, a disfunção erétil pode desenvolver-se como consequência da alteração de uma destas funções. Pode ocorrer por vários motivos entre os quais as alterações à sensibilidade nervosa, a má circulação sanguínea e a baixa produção de testosterona.

Se sofrer de um problema neurológico que afete as mensagens trocadas entre o cérebro e os nervos do pénis, a disfunção erétil pode ocorrer. Da mesma forma, problemas na circulação do sangue podem tornar mais difícil a obtenção de uma ereção, uma vez que não chega sangue suficiente ao pénis.
 
Sinais e sintomas:
A incapacidade ocasional em manter uma erecção acontece à maioria dos homens e geralmente não será causa de maior preocupação. Os problemas recorrentes deverão ser avaliados.
 
Dentre os sinais e sintomas da disfunção erétil, destacam-se:
  • Redução do tamanho e da rigidez peniana
  • Incapacidade de obter e manter a ereção
  • Redução dos pelos corporais
  • Atrofia ou ausência testicular
  • Pênis deformado
  • Doença vascular periférica
  • Neuropatia (distúrbio das funções do sistema nervoso).
É importante ressaltar que apenas o envelhecimento não constitui uma causa de disfunção erétil.
 
Causas:
A errecção resulta de um processo complexo envolvendo o cérebro, as hormonas, os nervos pélvicos e os vasos sanguíneos irrigando o pénis. As estruturas penianas responsáveis pelo mecanismo eréctil são os corpos cavernosos, dois compartimentos cilíndricos envolvidos numa túnica sólida (Albugínea). Em paralelo corre o corpo espongeoso contendo a uretra. Com a excitação, o aumento do fluxo sanguíneo ao pénis assim como a diminuição da drenagem expande os corpos cavernosos.
 
Encarada anteriormente como uma patologia de causas primariamente psicológicas, a disfunção eréctil resulta com maior frequência de uma causa física, geralmente uma doença crónica sistémica, o efeito secundário de um tratamento instituído ou ainda a combinação destes factores.
 
As causas etiológicas mais comuns da DE são a doença coronária, a aterosclerose, a Diabetes, a obesidade, a hipertensão arterial e a síndrome metabólica. Nalguns casos pode representar o primeiro sinal destas doenças.
 
Outros factores importantes no desenvolvimento da doença são o tabagismo, o alcoolismo crónico, certas medicações, nomeadamente o tratamento do cancro da próstata, doenças neurológicas tais como a doença de Parkinson, a Esclerose Múltipla, distúrbios hormonais (hipogonadismo), a doença de Peyronie e os traumatismos pélvicos.
 
As causas psicológicas da DE representam 10 a 20 % dos casos e incluem a depressão, ansiedade, stresse, cansaço, assim como o problemas relacionais com a parceira. A imbricação de um problema psicológico numa causa física menor inicial poderá ser a origem de uma DE grave.
 
Factores de risco:
  •  Envelhecimento:  incidência de cerca de 80 % no grupo etário acima dos 75 anos; 
  • Patologia crónicas: Diabetes Mellitus, aterosclerose, doença renal, hepática, pulmonar, nervosa, endócrina, crónicas (Diabetes Mellitus, Ateroesclerose, Hipogonadismo,…); 
  • Tratamentos médicos crónicos: antihipertensores, antidepressivos, antihistamínicos, hipnóticos, tratamento médico do cancro da prostate…;
  • Tratamentos cirúrgicos: por lesão dos nervos pélvicos (prostatectomia radical, cistectomia,..);
  • Traumatismos: associados ou não a fracturas da bacia;
  • Abusos sociais ou comportamentais: tabaco,alcool, marijuana ou drogas pesadas;
  • Stresse, ansiedade, depressão: Causas psicológicas da disfunção eréctil;
  • Obesidade;
  • Síndrome metabolica: caracterizada por obesidade, dislipidémia, hipertensão arterial e resistência à Insulina;
  • Ciclismo: compressão prolongada dos nervos e vasos perineais responsável por DE temporária.
Diagnóstico:
O diagnóstico da DE começa na elaboração de uma história clínica e psico-sexual detalhada. Segue-se um exame físico assim como um controle analítico e hormonal básico.
Quando justificado o estudo complementar poderá incluir a realização de eco-doppler peniano, um estudo neurológico aprofundado, provas de tumescência e rigidez penianas nocturnas, caverosometrias e avernosografias, assim como uma consulta psicológica.
 
Tratamento:
Existe hoje em dia uma pléiade de opções terapêuticas, desde o aconselhamento sexual até às opções cirúrgicas, mas o tratamento adequado dependerá sempre da(s) causa(s) e da severidade da DE contrapostas às expectativas do doente.
 
Medicação oral:
Estão disponíveis os seguintes fármacos: Sildenafil (Viagra®), Tadalafil (Cialis®) e Vardenafil (Levitra®). Sendo moléculas do mesmo grupo farmacológico (inibidores das fosfodiesterases), actuam de modo semelhante aumentando os níveis de óxido nítrico no corpo cavernoso, relaxando assim o músculo liso e favorecendo deste modo a irrigação peniana. Não provocam automaticamente a errecção, favorecendo-a em resposta à estimulação psicológica ou física. Não obstante as suas semelhanças estes fármacos tem indicações preferenciais consoante o tipo de doente.
 
Estes fármacos são contra-indicados nos doentes com angina de peito medicados com nitratos e deverão sempre ser usados com precaução em caso de doença cardíaca grave, accidente vascular cerebral, diabetes incontrolada e hipo- ou hipertensão arterial. Qualquer medicação crónica concomitante deverá ser mencionada.
 
Prostaglandina E (Alprostadil):
Esta hormona relaxa o músculo liso peniano, aumentando o fluxo sanguíneo. Em Portugal encontra-se apenas sob forma injectável para administração intra-cavernosa (Caverject®). Poderá ser potenciado o seu efeito com Papaverina e/ou Fentolamina. Existe aínda uma forma de administração intra-uretral (Muse®).
 
Reposição hormonal:
Indicada nos doentes com valores baixos de Testosterona plasmática. Existe sob a forma transdérmica (Testim®, Testogel®) e injectável (Sustenon®, Testoviron®). Este tipo de tratamento implica sempre o doseamento do PSA.
 
Bombas de vácuo:
Com óptima indicação nos doentes com contra-indicações específicas para o tratamento farmacológico, tem em geral moderada aceitação.  

Vascular surgery:
Indicada num número restrito de doentes, geralmente novos, com alterações vasculares comprovadas em estudos angiográficos.

Implantação de próteses penianas:
Cirurgia reservada aos casos onde as outras modalidades terapêuticas falharam. Trata-se de uma opção altamente invasiva e irreversível. Distinguem-se em próteses semi-rígidas e hidráulicas, feitas em silicone e poliuretano. Apresenta uma alta taxa de satisfacção, no entanto pode ocorrer infecção da prótese em 2 a 3% dos doentes e apresentar até 15% de reoperações.
 
Aconselhamento psicológico e terapia sexual:
Pode servir como complemento das outras terapias para a DE , ou na presença de stresse, ansiedade, depressão. A falta de conhecimentos acerca da função sexual normal ou qualquer tipo de tensão relacional tornam essencial uma intervenção educativa para o doente ou o casal. 
 
Prevenção:
  • É determinante o controle das doenças crónicas assim como a eliminação dos factores de risco;
  • Controle da Diabetes e risco coronário;
  • Eliminação de tabagismo;
  • Limitação de ingestão de álcool e evicção de drogas ilegais..;
  • Práctica de exercício físico regular;
  • Sono regular;
  • Controle do stresse;
  • Tratamento de estados de ansiedade e depressão;
  • Controle médico regular;
António Patrício.
 
Fontes: