A disfunção erétil (DE), também descrita como impotência, é a incapacidade persistente, ainda que de forma não permanente, em obter e manter uma ereção suficiente para penetração, que permita uma relação sexual satisfatória.
A incapacidade em obter ou manter uma ereção suficiente para penetração afecta a maioria dos homens a determinado ponto das suas vidas, podendo ocorrer por diversas razões, como o consumo excessivo de álcool ou o cansaço. Porém, tal não pode ser classificado como disfunção erétil. É considerado normal falhar em menos de 20% das tentativas, não sendo geralmente necessário qualquer tratamento. Porém, não conseguir obter ou manter uma ereção suficiente para penetração em mais de 50% das vezes, já é considerado um problema e requer normalmente tratamento.
Apesar de não ser grave e de se classificar como uma desordem benigna, esta condição não é necessariamente considerada normal em determinadas idades e é diferente de outros problemas que afectam as relações sexuais, como por exemplo o baixo desejo sexual ou a ejaculação precoce.
Está, porém, frequentemente associada a problemas de saúde físicos como por exemplo a hipertensão, a diabetes e o colesterol elevado, a problemas psicológicos como o stress e a ansiedade e a hábitos de vida, como o tabagismo.
A disfunção erétil tem um forte impacto na saúde física e psicológica e afeta não só a qualidade de vida do homem, como a da sua parceira.
Não pense que está sozinho e que não existem mais homens a sofrer do mesmo problema. Estima-se que cerca de 52% dos homens entre os 40 e os 70 anos sofram de disfunção erétil, apesar de homens mais novos poderem ser também afetados.
O que é uma ereção?
O que é uma ereção?
A ereção traduz-se por um aumento temporário do fluxo sanguíneo para o pénis, para que este se torne ereto. É um processo complexo que para além de ser o resultado de alterações vasculares, combina alterações nervosas e musculares:
O que acontece na disfunção erétil?
Por o processo de ereção estar dependente da função muscular, vascular, nervosa e hormonal, a disfunção erétil pode desenvolver-se como consequência da alteração de uma destas funções. Pode ocorrer por vários motivos entre os quais as alterações à sensibilidade nervosa, a má circulação sanguínea e a baixa produção de testosterona.Se sofrer de um problema neurológico que afete as mensagens trocadas entre o cérebro e os nervos do pénis, a disfunção erétil pode ocorrer. Da mesma forma, problemas na circulação do sangue podem tornar mais difícil a obtenção de uma ereção, uma vez que não chega sangue suficiente ao pénis.
Sinais e sintomas:
A incapacidade ocasional em manter uma erecção acontece à maioria dos homens e geralmente não será causa de maior preocupação. Os problemas recorrentes deverão ser avaliados.
Dentre os sinais e sintomas da disfunção erétil, destacam-se:
- Redução do tamanho e da rigidez peniana
- Incapacidade de obter e manter a ereção
- Redução dos pelos corporais
- Atrofia ou ausência testicular
- Pênis deformado
- Doença vascular periférica
- Neuropatia (distúrbio das funções do sistema nervoso).
Causas:
A errecção resulta de um processo complexo envolvendo o cérebro, as hormonas, os nervos pélvicos e os vasos sanguíneos irrigando o pénis. As estruturas penianas responsáveis pelo mecanismo eréctil são os corpos cavernosos, dois compartimentos cilíndricos envolvidos numa túnica sólida (Albugínea). Em paralelo corre o corpo espongeoso contendo a uretra. Com a excitação, o aumento do fluxo sanguíneo ao pénis assim como a diminuição da drenagem expande os corpos cavernosos.
Encarada anteriormente como uma patologia de causas primariamente psicológicas, a disfunção eréctil resulta com maior frequência de uma causa física, geralmente uma doença crónica sistémica, o efeito secundário de um tratamento instituído ou ainda a combinação destes factores.
As causas etiológicas mais comuns da DE são a doença coronária, a aterosclerose, a Diabetes, a obesidade, a hipertensão arterial e a síndrome metabólica. Nalguns casos pode representar o primeiro sinal destas doenças.
Outros factores importantes no desenvolvimento da doença são o tabagismo, o alcoolismo crónico, certas medicações, nomeadamente o tratamento do cancro da próstata, doenças neurológicas tais como a doença de Parkinson, a Esclerose Múltipla, distúrbios hormonais (hipogonadismo), a doença de Peyronie e os traumatismos pélvicos.
As causas psicológicas da DE representam 10 a 20 % dos casos e incluem a depressão, ansiedade, stresse, cansaço, assim como o problemas relacionais com a parceira. A imbricação de um problema psicológico numa causa física menor inicial poderá ser a origem de uma DE grave.
Factores de risco:
- Envelhecimento: incidência de cerca de 80 % no grupo etário acima dos 75 anos;
- Patologia crónicas: Diabetes Mellitus, aterosclerose, doença renal, hepática, pulmonar, nervosa, endócrina, crónicas (Diabetes Mellitus, Ateroesclerose, Hipogonadismo,…);
- Tratamentos médicos crónicos: antihipertensores, antidepressivos, antihistamínicos, hipnóticos, tratamento médico do cancro da prostate…;
- Tratamentos cirúrgicos: por lesão dos nervos pélvicos (prostatectomia radical, cistectomia,..);
- Traumatismos: associados ou não a fracturas da bacia;
- Abusos sociais ou comportamentais: tabaco,alcool, marijuana ou drogas pesadas;
- Stresse, ansiedade, depressão: Causas psicológicas da disfunção eréctil;
- Obesidade;
- Síndrome metabolica: caracterizada por obesidade, dislipidémia, hipertensão arterial e resistência à Insulina;
- Ciclismo: compressão prolongada dos nervos e vasos perineais responsável por DE temporária.
Diagnóstico:
O diagnóstico da DE começa na elaboração de uma história clínica e psico-sexual detalhada. Segue-se um exame físico assim como um controle analítico e hormonal básico.
Quando justificado o estudo complementar poderá incluir a realização de eco-doppler peniano, um estudo neurológico aprofundado, provas de tumescência e rigidez penianas nocturnas, caverosometrias e avernosografias, assim como uma consulta psicológica.
Tratamento:
Existe hoje em dia uma pléiade de opções terapêuticas, desde o aconselhamento sexual até às opções cirúrgicas, mas o tratamento adequado dependerá sempre da(s) causa(s) e da severidade da DE contrapostas às expectativas do doente.
Medicação oral:
Estão disponíveis os seguintes fármacos: Sildenafil (Viagra®), Tadalafil (Cialis®) e Vardenafil (Levitra®). Sendo moléculas do mesmo grupo farmacológico (inibidores das fosfodiesterases), actuam de modo semelhante aumentando os níveis de óxido nítrico no corpo cavernoso, relaxando assim o músculo liso e favorecendo deste modo a irrigação peniana. Não provocam automaticamente a errecção, favorecendo-a em resposta à estimulação psicológica ou física. Não obstante as suas semelhanças estes fármacos tem indicações preferenciais consoante o tipo de doente.
Estes fármacos são contra-indicados nos doentes com angina de peito medicados com nitratos e deverão sempre ser usados com precaução em caso de doença cardíaca grave, accidente vascular cerebral, diabetes incontrolada e hipo- ou hipertensão arterial. Qualquer medicação crónica concomitante deverá ser mencionada.
Prostaglandina E (Alprostadil):
Esta hormona relaxa o músculo liso peniano, aumentando o fluxo sanguíneo. Em Portugal encontra-se apenas sob forma injectável para administração intra-cavernosa (Caverject®). Poderá ser potenciado o seu efeito com Papaverina e/ou Fentolamina. Existe aínda uma forma de administração intra-uretral (Muse®).
Esta hormona relaxa o músculo liso peniano, aumentando o fluxo sanguíneo. Em Portugal encontra-se apenas sob forma injectável para administração intra-cavernosa (Caverject®). Poderá ser potenciado o seu efeito com Papaverina e/ou Fentolamina. Existe aínda uma forma de administração intra-uretral (Muse®).
Reposição hormonal:
Indicada nos doentes com valores baixos de Testosterona plasmática. Existe sob a forma transdérmica (Testim®, Testogel®) e injectável (Sustenon®, Testoviron®). Este tipo de tratamento implica sempre o doseamento do PSA.
Indicada nos doentes com valores baixos de Testosterona plasmática. Existe sob a forma transdérmica (Testim®, Testogel®) e injectável (Sustenon®, Testoviron®). Este tipo de tratamento implica sempre o doseamento do PSA.
Bombas de vácuo:
Com óptima indicação nos doentes com contra-indicações específicas para o tratamento farmacológico, tem em geral moderada aceitação.
Com óptima indicação nos doentes com contra-indicações específicas para o tratamento farmacológico, tem em geral moderada aceitação.
Vascular surgery:
Indicada num número restrito de doentes, geralmente novos, com alterações vasculares comprovadas em estudos angiográficos.
Indicada num número restrito de doentes, geralmente novos, com alterações vasculares comprovadas em estudos angiográficos.
Implantação de próteses penianas:
Cirurgia reservada aos casos onde as outras modalidades terapêuticas falharam. Trata-se de uma opção altamente invasiva e irreversível. Distinguem-se em próteses semi-rígidas e hidráulicas, feitas em silicone e poliuretano. Apresenta uma alta taxa de satisfacção, no entanto pode ocorrer infecção da prótese em 2 a 3% dos doentes e apresentar até 15% de reoperações.
Cirurgia reservada aos casos onde as outras modalidades terapêuticas falharam. Trata-se de uma opção altamente invasiva e irreversível. Distinguem-se em próteses semi-rígidas e hidráulicas, feitas em silicone e poliuretano. Apresenta uma alta taxa de satisfacção, no entanto pode ocorrer infecção da prótese em 2 a 3% dos doentes e apresentar até 15% de reoperações.
Aconselhamento psicológico e terapia sexual:
Pode servir como complemento das outras terapias para a DE , ou na presença de stresse, ansiedade, depressão. A falta de conhecimentos acerca da função sexual normal ou qualquer tipo de tensão relacional tornam essencial uma intervenção educativa para o doente ou o casal.
Pode servir como complemento das outras terapias para a DE , ou na presença de stresse, ansiedade, depressão. A falta de conhecimentos acerca da função sexual normal ou qualquer tipo de tensão relacional tornam essencial uma intervenção educativa para o doente ou o casal.
Prevenção:
- É determinante o controle das doenças crónicas assim como a eliminação dos factores de risco;
- Controle da Diabetes e risco coronário;
- Eliminação de tabagismo;
- Limitação de ingestão de álcool e evicção de drogas ilegais..;
- Práctica de exercício físico regular;
- Sono regular;
- Controle do stresse;
- Tratamento de estados de ansiedade e depressão;
- Controle médico regular;
António Patrício.
Fontes: