Luanda - Um cidadão que tem duas mulheres abusou sexualmente das suas quatro filhas duramente 10 anos. Depois de ter sido descoberto, entregou-se voluntariamente à Polícia. Entretanto, as esposas acreditam que as vítimas “estão a ser usadas no feitiço”.
Fonte: O País em club-k.net
Diogo Cardoso, 63 anos, está a ser acusado de abusar sexualmente das suas quatro filhas, com idades compreendidas entre os 14 e 20 anos de idade, na residência de uma das suas duas esposas, no bairro do Tungangó, município do Cazenga, em Luanda.
As más acções do suposto maníaco sexual foram denunciadas às autoridades, depois de a sua filha mais nova ter confessado a um pastor da Igreja Bom Deus, nas vésperas do baptismo, que era uma das fontes de prazer do seu próprio progenitor.
Em função disso, Diogo Cardoso assumiu o crime diante dos seus familiares e foi entregar-se ao Comando da 3ª Divisão do Cazenga, onde permaneceu até ao fecho da presente edição, na Quinta-feira, a fim de evitar que fosse agredido.
O acusado, no total, tem 21 filhos, frutos de cinco relações amorosas, alguns das quais não estão registados como é o caso de três das quatro vítimas de abuso sexual. Ele fez parte das antigas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), onde atingiu a patente de sub-tenente.
As vítimas são filhas de mães diferentes. Duas vivem no bairro da Boa Fé, em Viana, e as outras no Cazenga, com as suas progenitoras. Como neste bairro existia menos controlo, sempre que quis usar as meninas que residem em Viana, Diogo Cardoso levava-as para a casa da madrasta.
F. C. de 20 anos, uma das vítimas, contou a OPAÍS que foi a primeira, das quatros a ser abusada pelo seu progenitor, isto aos 10 anos de idade e que todas as outras sabiam.
Segundo ela, assim que a sua irmã que tem agora com 19 anos completou 12 anos, passou a ser usada por Diogo Cardoso. A menina de 15 anos começou a ser forçada aos sete anos e a última, de 14 anos, (que denunciou as agressões ao pastor), sofreu calada desde os 11 anos.
“Quando éramos mais novas nos dizia que devíamos guardar o segredo até à morte, e que, em contrapartida, nos compraria telefones”, disse F. C., acrescentando que o seu pai abandonava a sua mãe na calada da noite para ir deitar- se com elas.
Com o rosto cabisbaixo e as lágrimas a escorrerem, F. C. disse que apesar das ameaças e das promessas infundadas, em 2011 contou tudo à mãe, que de imediato reuniu a família do violador para os devidos esclarecimentos. Mas, para sua tristeza, os parentes de Diogo Cardoso insurgiram-se contra ela, alegando que as acusações eram caluniosas e que visavam apenas prejudicá-lo.
“Como disseram que estávamos a falar sem bases para meter o pai preso, a minha mãe conversou com os meus tios e decidimos que devíamos ultrapassar”, disse F. C., sustentando que Diogo conseguiu convencer a todos que não existia nada entre ele e as filhas.
Fruto do longo tempo de estupro, contou que há anos que ela e as irmãs sonham a ter relações sexuais com o pai.
Ana Fernando, mãe de D. C. e M. C., de 14 e 19 anos, disse a OPAÍS que chegou a levar uma delas a um quimbandeiro, na província do Kwanza-Norte, pelo facto de nunca ter descoberto as reais causas dos frequentes desmaios de M. C., apesar dos tratamentos hospitalares a que era submetida.
“Tivemos que levar a menina ao Gulungo Alto porque pensamos que sofria de espírito, mas, afi nal, era por causa das violações”.
D. C., de 14 anos, foi quem desvendou o segredo aos membros da Igreja Bom Deus, no princípio do corrente mês, antes de receber o baptismo.
Teresa Domingos, mãe de B. C. e F. C., de 15 e 20 anos, residentes no município de Viana, disse desconhecer as razões que levaram o companheiro a enveredar por tal prática, pelo facto de os abusos sexuais acontecerem apenas na casa da sua rival.
“Sempre que ele quisesse envolver- se com as minhas fi lhas levava-as para a casa da outra mulher. As mais velhas estão a dizer que não podemos tocá-las, mesmo que ficassem doentes, porque são nossas rivais”.
Por conta disso, três das vítimas viram-se forçadas a abandonar a escola. As mães alegam que Diogo Cardoso sempre se mostrou indisponível quando solicitado para tratar dos documentos dos filhos e pedem ajuda para a resolução do problema.
Ana Fernanda e Teresa Domingos, as duas mulheres de Diogo, uniram-se por uma causa comum e durante uma semana estão a partilhar o mesmo tecto, no Cazenga, enquanto aguardam que o problema seja resolvido judicialmente.
Apesar de Diogo entregar-se voluntariamente à Polícia depois de confessar o crime aos seus familiares, as duas esposas desejam que o violador seja liberto por alguns dias para explicar o que terá feito com as fi lhas, pois acreditam que “as meninas estão a ser usadas no feitiço”, e acrescentaram que têm distúrbios psicológicos.
“Uma das minhas fi lhas escreveu uma carta e desapareceu durante alguns dias, porque disse que não conseguiria olhar para a minha cara”.
Por esta razão pedem que a polícia o solte por alguns dias para concretizarem este propósito. OPAÍS soube de fonte policial que o processo do acusado já foi remetido à Procuradoria da República junto ao Comando da 3ª Divisão do Cazenga.