DISCURSO
DE CONACRI
É caso para ficar escandalizado com as razões apresentada no
discurso de Sua Excelência Senhor Presidente da República para exonerar o atual
executivo. O discurso ficou intencionalmente colado ao Acordo de Conacri.
Percorrendo-o todo, compreende-se que as justificações estão fundamentadas no
tal Acordo cujos pressupostos não foram minimamente cumpridos. O que
automaticamente poderia jogar no sentido inverso. Inviabilizar a decisão tomada.
O discurso invoca o facto do grupo de contacto constituído pelos Conselheiros
de Estado não terem tido êxito nas negociações empreendidas no sentido de
reintegrar “os 15 deputados” no PAIGC. Como se concluiu, este ato, por sí só, revela uma violação do Acordo, logo seu incumprimento.
"Os 15 deputados” expulsos pelo PAIGC, constituem hoje o fiel
da balança no xadrez político nacional e a sua integração incondicional e
pacífica no PAIGC figura no Acordo de Conacri como um dos pressupostos básicos
para a formação de um novo governo de inclusão. Então, tendo-se dado por
esgotadas todas as tentativas de negociação para cumprir o Acordo de Conacri, por
que razão continuar a invoca-lo? No nosso entender democrático, não justifica
uma nova configuração governativa, alegando aqueles pressupostos. Se o status
quo é o mesmo, para quê substituir, por exemplo, o Baciro Dja por Umaru
Sissoko? A resposta do Presidente da República que ao longo do seu discurso à
nação não mencionou nenhuma falta grave por parte do actual executivo, mas que
já no encontro com a Comunidade Internacional resolveu frisar o injustificável facto
da “equipa de Baciro Dja não ter conseguido fazer aprovar no Parlamento o seu
Plano de Ação nem o Orçamento Geral do Estado de 2016”. Escusou-se de referir
as manobras dilatórias do Presidente da Assembleia Nacional Popular, Eng.º
Cipriano Cassamá no que diz respeito às inviabilizações sucessivas das sessões
parlamentares requeridas pelos deputados.
Conclusão: o Presidente da República decidiu pura
e simplesmente satisfazer, neste momento, os interesses instalados; e evitar o
confronto direto com o Presidente da ANP, Eng.º Cipriano Cassamá.