terça-feira, 15 de novembro de 2016

DISCURSO DE CONACRI

É caso para ficar escandalizado com as razões apresentada no discurso de Sua Excelência Senhor Presidente da República para exonerar o atual executivo. O discurso ficou intencionalmente colado ao Acordo de Conacri. Percorrendo-o todo, compreende-se que as justificações estão fundamentadas no tal Acordo cujos pressupostos não foram minimamente cumpridos. O que automaticamente poderia jogar no sentido inverso. Inviabilizar a decisão tomada. O discurso invoca o facto do grupo de contacto constituído pelos Conselheiros de Estado não terem tido êxito nas negociações empreendidas no sentido de reintegrar “os 15 deputados” no PAIGC. Como se concluiu, este ato, por sí só, revela uma violação do Acordo, logo seu incumprimento.

"Os 15 deputados” expulsos pelo PAIGC, constituem hoje o fiel da balança no xadrez político nacional e a sua integração incondicional e pacífica no PAIGC figura no Acordo de Conacri como um dos pressupostos básicos para a formação de um novo governo de inclusão. Então, tendo-se dado por esgotadas todas as tentativas de negociação para cumprir o Acordo de Conacri, por que razão continuar a invoca-lo? No nosso entender democrático, não justifica uma nova configuração governativa, alegando aqueles pressupostos. Se o status quo é o mesmo, para quê substituir, por exemplo, o Baciro Dja por Umaru Sissoko? A resposta do Presidente da República que ao longo do seu discurso à nação não mencionou nenhuma falta grave por parte do actual executivo, mas que já no encontro com a Comunidade Internacional resolveu frisar o injustificável facto da “equipa de Baciro Dja não ter conseguido fazer aprovar no Parlamento o seu Plano de Ação nem o Orçamento Geral do Estado de 2016”. Escusou-se de referir as manobras dilatórias do Presidente da Assembleia Nacional Popular, Eng.º Cipriano Cassamá no que diz respeito às inviabilizações sucessivas das sessões parlamentares requeridas pelos deputados.


Conclusão: o Presidente da República decidiu pura e simplesmente satisfazer, neste momento, os interesses instalados; e evitar o confronto direto com o Presidente da ANP, Eng.º Cipriano Cassamá.