sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Editorial: REVOLUÇÃO POPULAR GUINEENSE ESTARIA EM MARCHA?

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O título deste editorial pode parecer, à primeira vista, uma mera provocação. Senão, uma pura ilusão. Muitos cidadãos, em particular os que defendem a atual ordem política guineense em crise acreditam que o “sta quo” vai perdurar por muito tempo. Acreditam também fortemente na dominação absoluta e selvagem sobre o povo, há várias décadas submetido a um sono profundo de obscurantismo, por serem privado do bem essencial, a educação.

Porém, os sinais da crescente insatisfação social, incarnada e externalizada por uma juventude sem perspectiva, nem esperança no futuro, são sintomas de uma profunda patologia que afeta a sociedade guineense no seu todo.

As mensagens de revolta exprimidas nos últimos tempos por jovens de diferentes quadrantes do país, são sinais anunciadores de uma nova e emergente consciência de negação da ordem falhada protagonizada por uma classe política falida.  O novo embrião de contestação política está a consolidar-se paulatinamente. Na verdade, não há dúvida que os ingredientes para uma revolta global estão hoje reunidos. O impasse político profundo, o desemprego galopante, a educação moribunda, o sector de saúde em colapso total, a corrupção generalizada a olho nu e a luta desenfreada para o controlo de recursos públicos. Em suma, a anarquia é total.
Como equacionar uma solução no meio de tanta desordem institucionalizada? Quiça, padronizada!  Como lançar bases de reformas quando os partidos políticos são hoje uma autêntica máquina de nepotismo, clientelismo, corrupção e enriquecimento ilícito? Estas interrogações não encontram resposta na atual configuração política do nosso país.
Talvez, por isso os promotores das inciativas, de um lado, “Cidadãos Conscientes e Inconformados” exigem o fim da crise e funcionamento normal do aparelho de Estado por forma a solucionar as necessidades básicas da população que reclamam saúde, educação, paz. Porque “o povo não é lixo”; por outro lado, “Bassora di Povu” que defendem uma ruptura radical e profunda do sistema que só beneficiam aos partidos políticos, sobretudo o PAIGC e o PRS. A exigência de ruptura dos jovens de “Bassora di Povu” pode ser questionada, criticada, sobretudo os mecanismos da sua operacionalidade numa sociedade fortemente fragmentada pelos políticos. Todavia, olhando para o manifesto do grupo, nota-se uma clara coerência face à realidade presente. Este país não terá soluções se as atuais estruturas políticas permanecerem como estão!
Resta saber se os promotores destas iniciativas saberão manter a coerência enunciada e defendida e, se terão energia suficiente para alargar a sua sensibilização a todos os segmentos desta sociedade.
O outro desafio crucial é o imperativo distanciamento das agendas partidárias na longa e difícil caminhada rumo à reforma de mentalidades nesta sociedade à deriva.
É possível inverter a tendência! É  possível, sim, mudar a forma de pensar dos guineenses , sobretudo dos jovens cada vez conetados ao mundo globalizado. A coerência, a abnegação, o espírito de sacrifício e a pedagogia são seivas indispensáveis para desconstrução de preconceitos amplamente instalados nas subconsciências. Aí está o caminho para a revolução necessária que conduza à verdadeira libertação do povo guineense através da recuperação da sua dignidade roubada e amputada pelos políticos guineense – autênticos traidores do povo.
Por: Redação