“POVO
KANSA”
Este é um slogan da autoria de Sua Excelência
Senhor Presidente da República, extraído do seu discurso à nação, a propósito
da mudança do Governo de Baciro Djá. Dizia: “A paciência do Presidente da
República foi extrema. Mas, hoje temos de dizer aos atores da crise que Povo
Kansa”. Concordo, mas era preciso tanto sacrifício para chegar a essa
conclusão?
A acreditar em informações veiculadas na imprensa, o Chefe de
Estado justificou a sua decisão de demitir Baciro Djá com o respeito pelos
preceitos constitucionais que mandam a que o Governo seja demitido caso não
possua os dois instrumentos de governação: Plano de Ação e o Orçamento Geral do Estado.
O Chefe de Estado terá considerado o Governo de Baciro Djá incapaz de
ultrapassar o bloqueio que se assiste no Parlamento (Assembleia Nacional
Popular), onde os dois principais partidos, PAIGC e PRS, se disputam e/ou não
se entendem, há mais de um ano.
No seu discurso à nação, não se vislumbrou nenhuma mensagem
que indicasse existência de divergência (grave crise política) entre o
Presidente da República e o Primeiro-ministro. O problema não era o executivo,
mas sim o bloqueio parlamentar. É de referir que o bloqueio não permitiu
medir o apoio do Governo de Baciro Djá, tendo em conta a nova configuração no
parlamento.
A conspiração estava bem montada. É nosso desejo que o novo
chefe do executivo, Umaru Sissoko, consiga, de facto, com a sua varinha mágica
pacificar o parlamento. De referir também que o discurso de Sua Excelência, em
nenhum momento, referiu a inércia provocada, conscientemente, pelo Presidente
da ANP, Cipriano Cassamá. Porquê?
Sua Excelência prometeu, solenemente, no seu discurso, viragem
política: “Já aceitamos o suficiente viver o tempo da agenda de certos políticos
e partidos políticos.
Hoje, chegou a hora de vivermos o tempo das necessidades do
nosso povo. Chegou o tempo das decisões, chegou a hora da mudança, pela
dedicação ao trabalho e criação de riqueza e emprego para os nossos filhos.
Este é o momento de colocar o país no Rumo certo.”
Um rápido golpe de vista nestas frases, mostra-nos que
o texto transmite, antes de mais, desejo de mudança política no nosso país. E, na visão economicista,
o fator tempo tem um valor capital. Não é por acaso que a expressão
prolifera no texto. O fator Tempo tem
também a sua relevância política, militar, etc.. Os economistas sabem e
ponderam impactos negativos decorrentes da crise política que assolam o nosso
país. Quais os prejuízos económicos e financeiros contabilizados desde a
assinatura do Acordo de Conacria, 14 de Setembro a 14 de Novembro de 2016 (data
da exoneração do Governo de Baciro Djá)? A nomeação de um novo Primeiro-ministro
demorou mais de 72 horas. Com que finalidade?
Não acredito que o Presidente da República não esteja encurralado
por interesses instalados. Durante os meses de Setembro-Outubro, o Presidente
José Mário Vaz viajou mais de dez vezes para o estrangeiro. Quem custeou essas
viagens? Os negócios estrangeiros tomou conhecimento dessas viagens? Quais eram
os objetivos de tanta deslocação? O Presidente da República viajou
inclusivamente para lugares, politicamente, sinistros, como para o Sudão do Sul,
em aviões fretados pelo recém-empossado Primeiro-ministro, Umaru Sissoko. Esse
fato é largamente comentado no nosso país.
"POVO KANSA"