quarta-feira, 5 de abril de 2017

Editorial: QUANDO É QUE JOMAV VESTIRÁ “CAPOTE” DE CHEFE DE ESTADO?

Desde a sua investidura ao cargo do Presidente da República, José Mário Vaz tem atuado à margem das responsabilidades básicas da função presidencial. A sua atitude tem sido de promoção constante de conflitos. Os seus discursos públicos levam a pensar que ele vive num país a parte, que não seja a Guiné-Bissau. Refém de um populismo incrível, JOMAV não conseguiu, até hoje, interpretar bem a realidade política e social da Guiné-Bissau.
 
Perante uma agudizada crise política, o Presidente da República ao invés de ter uma postura de comprometimento claro na procura de uma solução política efetiva, passa todo o tempo a autopromover-se. Em nome de um alegado “sonho” para com a pátria de Cabral, JOMAV acredita tanto em algum milagre facilitado com o carimbo pessoal para “salvar” a Guiné-Bissau da pobreza.
 
Numa visão desenquadrada da realidade, o Presidente vê no combate à corrupção e na dedicação ao trabalho, como excelentes vetores para mudar o país. Todavia, o que José Mário Vaz tem ignorado, até a data presente, é que as raízes da corrupção não são cortadas com palavras, desejos e sonhos individuais, muito menos com o populismo pintado. A corrupção só é erradicada com um Estado funcional, isto é, um Estado com instituições estruturalmente sólidas dirigidas por homens e mulheres exemplares e comprometidas com boas práticas, caucionadas com aplicação correta da justiça.
 
Ademais, não basta ter instituições governativas funcionais, é preciso sim ter estruturas de controle autónomas que não estejam ao serviço do poder político ou de qualquer outro clã da esfera política nacional, nomeadamente o Tribunal de Contas, a Procuradoria Geral da República, Inspeção de Luta Contra Corrupção, etc. Este seria o primeiro passo na árdua tarefa de promover a boa gestão da coisa pública mediante um bom controlo de recursos públicos.
 
Importa salientar aqui, que a emergência de um Estado funcional, alicerçado nos pilares da transparência na gestão da coisa pública, constrói-se com uma visão estruturada e implementada por um governo legitimado e controlado pelo povo através do Parlamento. Não é o que temos hoje. O país está completamente desorientado há décadas. Mentira reina em todos os setores e nada está a ser feito para mudar radicalmente o paradigma.   Há quem diga que, cansados de mudar de páginas no mesmo livro, precisamos mudar de livro!
 
Na nossa opinião, é caricata a pretensão do Presidente JOMAV de tentar lançar a semente de desenvolvimento neste país sem ter uma resposta à questão da estabilidade política. Para quando a estabilidade efetiva Senhor Presidente da República?  Ao invés de tentar controlar tudo e todos, não seria salutar senhor Presidente primeiramente vestir “capote” de Chefe de Estado e ser construtor de pontes de diálogo entre diferentes filhos e filhas desta terra? Será que é possível construir a prosperidade num país profundamente dividido como a Guiné-Bissau?
 
É tempo de José Mário Vaz compreender que este país precisa de uma terapia apropriada que, imperativamente resultará de exercício de diálogo nacional franco e não de jogos de populismo e propagandas desnecessárias. É tempo de o Presidente da República perceber que a perda de tempo em alimentar conflitos de clãs não é um método acertado, pelo contrário prejudica todo o país. É hora de o Presidente mudar e vestir efetivamente o ‘capote’ de Chefe de Estado.
 
Por: Redação