É incontestável que todos os sinais mostram que África está a emergir, com um crescimento económico positivo e um desenvolvimento macro-económico em todo o continente. Estão a fluir novos fundos e existe um financiamento inovador. Mas a instabilidade e os problemas de segurança persistentes podem ter influência neste progresso económico… Então, como podemos maximizar o potencial de África e lidar com os problemas de segurança? É a pergunta que colocamos aos líderes políticos e económicos reunidos em Libreville, no Gabão para a 3ª edição do New York Forum África.
Cerca de vinte anos depois do genocídio, Ruanda é um símbolo de sucesso económico. De acordo com o Centro Africano de Transformação Económica está entre os 10 países cujo produto interno bruto mais cresceu mais entre 2000 e 2010. A violência e a insegurança deram lugar ao desenvolvimento económico.
Clara Akamanzi, do Conselho de Desenvolvimento Ruanda explica: “Acreditamos muito, que a segurança, garantindo uma boa governação, é extremamente importante para desenvolver o continente africano, porque foi a experiência que tivemos no Ruanda. Mas também acreditamos que África não deve ser vista como um bloco seguro ou não seguro, pois existem zonas que não são seguras ou que têm de lidar com certos desafios, mas também há muitos locais em África que são seguros e que estão prontos para tirar vantagem das oportunidades de desenvolvimento económico que existem. Mesmo em relação aos países que estão a enfrentar desafios de insegurança, não se pode dizer: “vamos esperar primeiro e enfrentar este desafio antes de nos desenvolvermos”, creio que as duas coisas podem ser feitas em simultâneo”.
A média de crescimento em todo o continente foi de pouco menos de 5% em 2014 e deve chegar aos 6% no próximo ano. É um teste à resistência africana à turbulência causada pelos conflitos que ainda atingem o continente.
Henri-Claude Oyma, diretor executivo do banco BGFI Bank, do Gabão acrescenta: “Não podemos dizer que a segurança é um pré-requisito, porque se fizermos pré-condições não nos vamos desenvolver. Mas é um elemento importante. Porque confiamos nas autoridades que nos governam. É responsabilidade do governo pôr em prática a segurança necessária para garantir estabilidade aos investidores como nós, porque, enquanto industriais e financiadores, não temos os mecanismos para garantir a segurança de todos os nossos interesses económicos”.
A Nigéria é uma potência económica global, tendo recentemente ultrapassado a África do Sul, como a maior economia do continente. No entanto, luta contra graves problemas de segurança. Como reforça Ivor Ichikowitz fundador e presidente executivo do Grupo Paramount da África do Sul: “Uma boa parte da ameaça que estamos a viver em África, não é uma ameaça para África, mas à estabilidade de todo o mundo Temos uma situação estranha: os governos ocidentais dizem ao governo africano que precisa de se preparar para lidar com questões de segurança. No entanto, o FMI e o Banco Mundial, recusam-se a permitir que os governos usem o seu orçamento para financiar os equipamentos, os recursos e as formações necessárias para lidar com estas questões”.
Posição seguida pela opinião de Tara Fela-Durotoye, Fundadora da House of Tara International, na Nigéria: “Não tenho fé no meu governo nigeriano para resolver a questão, mas acredito que o mundo já viu que existe um problema em África, os países desenvolvidos têm a capacidade e os recursos para lutar contra o terrorismo, como fizeram no passado. Por essa razão, tenho mais esperança, porque agora o mundo tem conhecimento . Se isto continuar, o número de empreendedores do sexo feminino, na Nigéria, como eu, vai diminuir porque não vão ter oportunidades de negócio que eu tive.”
Laurent Fabius, Ministro Francês dos Negócios Estrangeiros e do Desenvolvimento Internacional: “Temos de trabalhar para reforçar a segurança, pois a segurança deles é a nossa segurança. Esses grupos terroristas são algo próximo, podem estar num país, mas podem facilmente atravessar as fronteiras e acabar na Europa.”
Neste cenário, o Banco de Desenvolvimento Africano, pediu um maior envolvimento da comunidade internacional, para resolver os conflitos em África. Para o cantor e político senegalês, Youssou N’Dour, a resposta pode estar mais perto de casa: “Temos de lavar a nossa roupa suja em casa. Devemos também ter mais reuniões em África, não é só na Europa, onde devemos decidir as coisas… Simbolicamente, isso mostraria às pessoas que as soluções, ou pelo menos as discussões, acontecem aqui em África. euronews - video