William Tonet – Folha 8 – 31 maio 2014
A democracia em Angola continua a caminhar a passos largos para uma vernácula ditadura fascista. No passado dia 27 de Maio a Polícia Nacional (e/ou bandidos e assassinos uniformizados de Polícias partidários) repetiram o que tinha sido feito nas anteriores manifestações e marchas para isto e por aquilo e outras vigílias. Quem aparecesse, era porrada em cima, vão se embora e tenham juízo, que com o MPLA não a tangas democráticas.
Perante tais práticas, quem vêm de longe, desde o famoso arroto de um alto dirigente do partido maioritário, quando disse depois da Primavera Árabe, que em Angola «Os que forem à rua vão apanhar, ai vão, vão, vamos-lhes dar»!, as organizações internacionais de Defesa dos Direitos Humanos, de Defesa da liberdade de pensamento, da Liberdade de Imprensa e da Liberdade de se manifestar na rua em favor duma das mil variantes da Liberdade, grande alarido fizeram nos círculos mais liberais da sociedade internacional, mas não passou disso mesmo, pois o petróleo nas mãos de JES, unta tudo e todos...
Existem umas organizações mais atrevidas, maios sérias e menos comprometidas com os dólares da corrupção, os dólares de sangue, que assassinam, quem pense diferente e atiram para os jacarés para apagarem as provas.
Fizeram-no com Cassule e Kamulingue (a Polícia Criminal Partidária e a Segurança Ideológica do regime), desaparecidos para sempre, na barriga de um jacaré no Dande e de um crocodilo, no Km 40 da Barra do Kwanza, respectivamente.
A prática de assassinato é uma cultura do MPLA, que compra o silêncio nacional e internacional, com o petróleo dos angolanos.
Por isso as ONG’s reclamam e denunciam esta gangrenosa forma de corrupção e má gestão dos bens públicos. E, quando isso acontece, José Eduardo dos Santos reage, em defesa da sua dama.
Vem a público, põe-se nos bicos dos pés a dizer que tudo isso são mentiras e que Angola é um país democrático em plena evolução e defensor dos direitos humanos. Tem razão. É uma democracia fascista.
Daí, o seu regime ter tido o desplante de pedir à ONU para fazer parte do órgão universal dos Direitos, ele mesmo, acusado de se multibilionário e fazedor de outros tantos da mesma gema, foi apontado como tendo mandado descarregar uns bons barris de petróleo, nos quintais de decisores da Organização das Nações Unidas.
E assim, vergonhosamente, um violador dos Direitos Humanos desfilou-se garbosamente sob cobertura da ONU, quando sob o seu torrão, todos os dias são cometidos os crimes mais hediondos contra a vida humana.
Desta vez, no passado dia 27 de Maio a relembrar o holocausto planeado e realizado pelo partido dos camaradas contras os seus próprios militantes (incrível, mas verdade histórica!!), em 27 de Maio de 1977, desta vez ainda foi pior, quem ousou aparecer na manifestação foi torturado, selvaticamente espancado e electrocutado, por agentes da Polícia Partidária. Foram colocados numa carrinha fechada com gás pimenta, numa clara tentativa de homicídio e, como ainda assim, os revolucionários resistiram, foram levados como se fossem galinhas rijas e despejados no interior das matas escuras de Catete, a cerca de 80 Km de Luanda, numa prática que se assemelha a dos altamente delinquentes. Que Polícia é esta? Que regime é este? Que Presidente da República é este, que legitima estas práticas hitlerianas?
E, a propósito desta quase canibalesca postura, publicamos numa outra página (A QUENTE) uma foto a mostrar o estado em que ficou o companheiro Manuel Victória Pereira, militante do Bloco Democrático, espancado e torturado, com laivos de racismo buçal e grosseiro, pelos mesmos brutamontes policiais, que mais tarde, acabaram por o abandonar à sua sorte no Km 30 em Viana. Tenho vergonha de considerar, que muitos destes senhores sejam Polícias e mereçam o meu respeito e dos cidadãos. Esta prática está a calcinar o cidadão e a prepará-lo para deixar de ser eterno figurante, num filme de terror, que está a rodar desde 1975!
Desta vez, ainda não mataram os jovens por ter havido recentemente um surto de dignidade a denunciar o matabicho dos jacarés do Dande, no caso do Cassule e Kamilingue, mas definitivamente, o MPLA e José Eduardo dos Santos, com estas práticas estão a demonstrar e a mostrar ao povo, que o caminho não é acreditar na Constituição e na Democracia, mas numa solução de guerra, para alternância do poder, pois outra linguagem não entende. O que lamento profundamente!