quinta-feira, 5 de junho de 2014

ANGOLA: ASSASSINOS POLICIAIS RUMO À DEMOCRACIA FASCISTA

William Tonet – Folha 8 – 31 maio 2014

A democracia em Angola continua a caminhar a passos largos para uma verná­cula ditadura fascista. No passado dia 27 de Maio a Polícia Nacional (e/ou bandidos e assassinos uniformizados de Polícias partidários) repetiram o que tinha sido feito nas anteriores manifestações e marchas para isto e por aquilo e outras vigílias. Quem aparecesse, era porrada em cima, vão se embora e tenham juízo, que com o MPLA não a tangas democráticas.

Perante tais práticas, quem vêm de longe, des­de o famoso arroto de um alto dirigente do par­tido maioritário, quando disse depois da Prima­vera Árabe, que em An­gola «Os que forem à rua vão apanhar, ai vão, vão, vamos-lhes dar»!, as or­ganizações internacionais de Defesa dos Direitos Humanos, de Defesa da liberdade de pensamento, da Liberdade de Imprensa e da Liberdade de se manifestar na rua em favor duma das mil variantes da Liberdade, grande alarido fizeram nos círculos mais liberais da sociedade in­ternacional, mas não pas­sou disso mesmo, pois o petróleo nas mãos de JES, unta tudo e todos...

Existem umas organiza­ções mais atrevidas, maios sérias e menos compro­metidas com os dólares da corrupção, os dólares de sangue, que assassinam, quem pense diferente e atiram para os jacarés para apagarem as provas.

Fizeram-no com Cassule e Kamulingue (a Polícia Criminal Partidária e a Se­gurança Ideológica do re­gime), desaparecidos para sempre, na barriga de um jacaré no Dande e de um crocodilo, no Km 40 da Barra do Kwanza, respec­tivamente.

A prática de assassinato é uma cultura do MPLA, que compra o silêncio nacional e internacional, com o pe­tróleo dos angolanos.

Por isso as ONG’s recla­mam e denunciam esta gangrenosa forma de cor­rupção e má gestão dos bens públicos. E, quando isso acontece, José Eduar­do dos Santos reage, em defesa da sua dama.

Vem a público, põe-se nos bicos dos pés a dizer que tudo isso são mentiras e que Angola é um país democrático em plena evolução e defensor dos direitos humanos. Tem razão. É uma democracia fascista.

Daí, o seu regime ter tido o desplante de pedir à ONU para fazer parte do órgão universal dos Direitos, ele mesmo, acusado de se multibilionário e fazedor de outros tantos da mes­ma gema, foi apontado como tendo mandado des­carregar uns bons barris de petróleo, nos quintais de decisores da Organiza­ção das Nações Unidas.

E assim, vergonhosamen­te, um violador dos Direi­tos Humanos desfilou-se garbosamente sob cober­tura da ONU, quando sob o seu torrão, todos os dias são cometidos os crimes mais hediondos contra a vida humana.

Desta vez, no passado dia 27 de Maio a relembrar o holocausto planeado e realizado pelo partido dos camaradas contras os seus próprios militan­tes (incrível, mas verdade histórica!!), em 27 de Maio de 1977, desta vez ainda foi pior, quem ousou apa­recer na manifestação foi torturado, selvaticamente espancado e electrocuta­do, por agentes da Polícia Partidária. Foram coloca­dos numa carrinha fecha­da com gás pimenta, numa clara tentativa de homicí­dio e, como ainda assim, os revolucionários resisti­ram, foram levados como se fossem galinhas rijas e despejados no interior das matas escuras de Catete, a cerca de 80 Km de Luan­da, numa prática que se assemelha a dos altamente delinquentes. Que Polícia é esta? Que regime é este? Que Presidente da Repú­blica é este, que legitima estas práticas hitlerianas?

E, a propósito desta quase canibalesca postura, publi­camos numa outra página (A QUENTE) uma foto a mostrar o estado em que ficou o companheiro Manuel Victória Pereira, militante do Bloco De­mocrático, espancado e torturado, com laivos de racismo buçal e grossei­ro, pelos mesmos bruta­montes policiais, que mais tarde, acabaram por o abandonar à sua sorte no Km 30 em Viana. Tenhovergonha de considerar, que muitos destes senho­res sejam Polícias e mere­çam o meu respeito e dos cidadãos. Esta prática está a calcinar o cidadão e a prepará-lo para deixar de ser eterno figurante, num filme de terror, que está a rodar desde 1975!

Desta vez, ainda não mata­ram os jovens por ter havi­do recentemente um surto de dignidade a denunciar o matabicho dos jacarés do Dande, no caso do Cassu­le e Kamilingue, mas de­finitivamente, o MPLA e José Eduardo dos Santos, com estas práticas estão a demonstrar e a mostrar ao povo, que o caminho não é acreditar na Constitui­ção e na Democracia, mas numa solução de guerra, para alternância do poder, pois outra linguagem não entende. O que lamento profundamente!