Tudo indica que Washington tenciona estrangular a Rússia com o nó da OTAN. A sua doutrina russófoba foi aceita por muitos dos que antes estiveram ligados ao povo russo por laços de amizade. Chegou a vez da Ucrânia.
A Aliança Atlântica usa todos os pretextos, frequentemente artificiais, para aproximar suas infraestruturas das fronteiras da Rússia. Tendo na prática provocado uma guerra civil na Ucrânia, os norte-americanos tencionam aproveitar o caos instalado para dar mais um passo firme. Usando as táticas da guerra informativa, os EUA criam nos territórios sob seu controle uma atmosfera de medo e ódio, na qual os argumentos da razão cedem à pressão dos falsos testemunhos, dos fatos inventados e das declarações provocatórias.
Com a crise da Ucrânia como pano de fundo, na sede da OTAN preferem não falar de um futuro alargamento. O secretário-geral da Aliança Anders Fogh Rasmussen apenas prometeu vagamente aprofundar a cooperação militar com Kiev e realizar exercícios conjuntos. A ambiguidade do secretário-geral é compreensível, pois Kiev se encontra em estado de disputa territorial com Moscou e o Tratado do Atlântico Norte recusa categoricamente a adesão de países com esse tipo de problemas.
Uma situação semelhante se vive na Geórgia. O conflito da Abkházia e da Ossétia do Sul reduz vertiginosamente sua hipótese de entrar para a Aliança. Mas é evidente que tanto a Geórgia, como a Ucrânia, são para a OTAN bocados bem apetecíveis, visto que são inclusão na esfera de influência do bloco criaria um poderosíssimo fator de pressão diplomática e militar sobre a Rússia.
Lá onde a OTAN se sente à vontade, a Aliança dinamiza sua atividade. Essa tendência não é de agora. Mas a crise ucraniana dinamizou o processo. Começam os exercícios da OTAN no mar Báltico, a base aérea norte-americana na Estônia está recebendo mais caças F-16 e a Lituânia está aumentando seu orçamento militar para cobrir o aumento de despesas com o aquartelamento de destacamentos suplementares de outros países da Aliança.
A OTAN reforça sua presença também no mar Negro. Durante o mês passado na Romênia tiveram lugar várias manobras conjuntas com os norte-americanos, uma série dos quais em polígonos perto da fronteira com a Ucrânia. O cruzador norte-americano Ticonderoga chegou ao porto romeno de Constanta. No início do ano, a OTAN transferiu oficialmente para esta cidade as funções do Centro de Trânsito do Pentágono do aeroporto de Manas, no Quirguistão.
Aliás, a população do Quirguistão se sentiu muito aliviada porque os estadunidenses deixaram de si uma má memória. Durante os treze anos de funcionamento da base aérea dos EUA em Manas, os habitantes locais enfrentaram casos de violência direta por parte dos militares estrangeiros.
É sintomático que os militares da OTAN recusam quase ostensivamente respeitar as leis dos países que visitam logo que pisam seu solo. O aumento do contingente militar da OTAN já trouxe novos problemas aos habitantes de Letônia. Aivars Lembergs, o prefeito da pacata vila portuária de Ventspils, referiu com tristeza que em dois dias os militares da OTAN provocaram tantos incidentes quantos não ocorrem durante o Dia da Cidade, quando Ventspils é visitada por dezenas de milhares de pessoas.
Todos esses truques são apenas uma pequena parte do panorama geral, mas eles permitem avaliar a situação no seu todo. É muito importante perceber que o frenesim europeu da OTAN não ameaça apenas a segurança da Rússia, mas a estabilidade internacional no seu todo. Dito de uma forma direta, Washington está brincando com o fogo e, além disso, envolve em seus jogos aqueles que, por diversas razões, não podem resistir a suas pressões.
Para satisfazer suas ambições políticas e geoestratégicas, é executada uma prática dirigida à desestabilização da situação política em países soberanos. Essa é uma estratégia muito perigosa que, mais tarde ou mais cedo, poderá provocar uma catástrofe mundial.