Isto é um
“déjà vu”! O falecido Presidente da República Malam Bacai Sanha, intentou em
vão remar contra a maré, visto que o raciocínio que havia engendrado para as
Forças Armadas era tribalista e disparatado. Segundo noticiou a Lusa, O
Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, informou as chefias militares da
necessidade de “equilíbrio étnico” na composição do batalhão integrado por
volta de 600 homens no palácio da Presidência.
Ora,
podemos afirmar que a visão de José Mário Vaz assenta num ponto de partida
tribalista e xenófoba. A motivação é parecida àquela que incitou ao genocídio
étnico em 17 de Outubro de 1986. Como pode haver um critério único- apenas
étnico - para se integrar ao batalhão de Guarda Presidência? Não é
relevante a competência, carreira ou profissionalismo dos agentes a incorporar?
Então, pergunta-se, caso de não haja indivíduos das outras etnias nas Forças
Armadas, o exercito irá recruta-los agora? Este pensamento é, de todo,
irracional, despropositado, matemática e sociologicamente. É só
embirração de José M. Vaz ou será uma fórmula que encontrou para justificar a
sua resignação do cargo para que foi eleito? A ideia de reestruturação das
Forças Armadas aos tempos modernos é unânime e se encaixa num processo, a longo
prazo. Não é uma medida que se toma de dia para a noite. As estruturas das
nossas Forças Armadas ainda são da luta armada de libertação, reconheça-se,
porque estamos em África e não na Europa. Mas, o “fenómeno social” ou
“etnicidade” que ocorre nas nossas estruturas militares não é exclusivamente
guineense. Pergunto: que etnias são dominantes nas forças armadas do Senegal,
Gambia ou Guiné-Conacri? Em Angola, será que os “sulanos” chegam a encher um
balaio nas forças armadas daquele país? O que, no fundo, opõe o Governo e
a Renamo em Moçambique, não será por causa do predomínio dos Tsongas
(changana) na FRELIMO e nas forças armadas? Como pode o tal “fenómeno
social” ou “etnicidade” repugnar tanto os guineenses, só hoje, depois da
independência?
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