Rui Peralta, Luanda (ver artigos anteriores)
IX - A sul das suas fronteiras os USA têm toda uma região onde agem como muito bem entendem (já não com a mesma impunidade de outrora. Cuba foi a primeira barreira, erguida em 1959, e o movimento bolivariano na Venezuela, Equador e Bolívia, ou os diversos processos de modernização em curso no Brasil, Uruguai e Argentina, não esquecendo Nicarágua e as frágeis conquistas salvadorenhas, ou as áreas livres de Chiapas, no México, ou as áreas da guerrilha colombiana), ao ponto de na América Latina reflectirem-se com excepcional evidência os objectivos norte-americanos. Descrita por Henry Stimson, Secretário da Guerra no final da II Guerra Mundial, como " nossa pequena região", desde muito cedo que o Sul do Novo Mundo representou um "maná" de recursos naturais para os USA.
Em 1823, o Presidente James Monroe enviou ao Congresso um documento doutrinário de política externa, que ficaria conhecido como Doutrina Monroe, que assentava na recusa e rejeição da intervenção europeia nos assuntos do continente americano. O empenho frenético que as elites norte-americanas demonstravam na defesa dos interesses internos, foi utilizado, também na "pequena região", de forma a evitar a concorrência europeia e a permitir a expansão do mercado norte-americana. Ao Sul do Novo Mundo foi permitida, pelos senhores do Norte, a formação da Organização dos Estados Americanos (OEA), controlada pelos USA e que agrupa a América Central, Caraíbas e América do Sul. Os limites impostos à OEA pelos Um Departamento de Estado para a América Latina, na administração Roosevelt, durante a "Politica de Boa Vizinhança", em que avisava os "parceiros" latino-americanos sobre a indisponibilidade dos USA em aceitar "ideologias alienígenas", o que obrigaria os USA a "tomarem, unilateralmente, medidas defensivas". Desnecessário será referir que este é um direito exclusivo dos USA e que na OEA nenhum Estado tem o direito de defender-se dos USA ou de considerar a ideologia oficial norte-americana, os seus mitos e a(s) sua(s) cultura(s) como "alienígenas".
Um dos conselheiros para os assuntos da América Latina da administração Carter referiu que as nações latino-americanas podem agir de modo independente "excepto quando essa acção afecte negativamente os interesses norte-americanos”. A região da América Central e das Caraíbas merece uma atenção muito especial e "dedicada" por parte dos USA. Área rica em recursos naturais e com forte potencial de desenvolvimento, a América Central e as Caraíbas foram transformados em campos de terror. Sindicalistas, activistas pelos Direitos Humanos, líderes comunitários, padres e freiras (nem a Igreja Católica escapa ás atrocidades cometidas pelos grupos paramilitares de extrema-direita, apoiados e financiados por Washington e camuflados pelas oligarquias locais. A "opção pelos pobres" custou á Igreja Católica na América Central um arcebispo, vários teólogos e intelectuais e centenas de padres e freiras, assassinados pelos esquadrões fascistas, apoiados pela CIA). São "bênçãos" dos USA herdados pela "pequena região". Leia o artigo completo