sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

TRABALHADORAS DA GUINÉ-BISSAU QUEREM LEGISLAÇÃO QUE PROTEJA EMPREGADAS DOMÉSTICAS

A Comissão Nacional das Mulheres Trabalhadoras (CNMT) da Guiné-Bissau quer que o governo legisle sobre a proteção da empregada doméstica, que dizem ser alvo de assédio, violência e abuso dos patrões, disse hoje à Lusa a presidente Olívia Almeida.

A presidente cessante da organização falava à margem da abertura da quarta conferência da CNMT, que deve eleger no sábado uma nova líder.

A dirigente despede-se da organização que liderou durante 11 anos com "um saldo positivo", referiu, embora considere que a mulher guineense tem ainda "uma grande luta a travar", nomeadamente ao nível da mudança de mentalidades e da legislação.

Nesse particular, salientou que a sua organização já propôs ao governo, no âmbito da alteração do código de trabalho na Guiné-Bissau, que seja dada atenção especial à problemática da empregada doméstica.

"É o grande problema da nossa sociedade: são violadas sexualmente pelos patrões, agredidas pelas patroas, não têm um salário certo, não têm licença de maternidade, trabalham a belo prazer dos patrões", afirmou.

O assédio sexual nos locais de trabalho é também recorrente na sociedade, ainda que as vítimas não o denunciem com a frequência desejada, acrescentou.

A presidente cessante da CNMT, organização que junta mulheres, tanto do setor formal, como do informal, diz que a falta de oportunidades no mercado de emprego também um "um grande problema" para a mulher guineense.

"Quando uma mulher é nomeada" para qualquer função, os homens questionam: "será que ela vai conseguir", lamenta Olívia Almeida, queixando-se de "uma sociedade machista".

"A mulher sindicalista tem que ser corajosa, decidida e lutadora. Infelizmente falta espirito de sacrifício às mulheres para serem sindicalistas", sublinha, aconselhando as que aderem à causa a terem uma boa organização entre responsabilidades familiares e sindicais.

Nenhuma mulher deve deixar de tomar parte das organizações sociais apenas porque o marido não gosta, diz Olívia Almeida.

"A mulher que não está numa organização porque o marido não gosta, é uma mulher que ainda não se emancipou", afirmou.

Apesar de sair da liderança da organização das mulheres, Olívia Almeida vai continuar na luta sindical de que já faz parte há mais de 30 anos da central sindical União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG).

MB // EL

Lusa/Fim