quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

ANGOLA - CASO QUIM RIBEIRO: “O MEU MARIDO FOI CHAMADO PELO PGR PARA ACEITAR UMA PROPOSTA SUJA DE SUBORNO”, REVELA ESPOSA DE UM DOS RÉUS

Luanda - No final do ano transacto, publicamos uma entrevista que nos foi concedida pela esposa do então Comandante Provincial de Luanda, Joaquim Vieira Ribeiro, também conhecido por “Quim Ribeiro, a senhora Luzia Batalha e, na altura, prometemos publicar outras entrevistas com as demais esposas dos oficiais condenados neste celebre processo.
 
Fonte: Club-k.net
 
Hoje cabe a vez da esposa do então Director Provincial da Investigação Criminal de Luanda, António João, a senhora Rosa Cravid.
 
C.K- As senhoras desde o início deste processo que clamavam por justiça, será que foi feita a justiça que esperavam?
 
Rosa Cravid- Não foi feita justiça nenhuma, porque eu e as outras senhoras esposas dos oficiais que foram implicados neste caso acompanhamos a par e a passo todo o processo, desde as primeiras detenções até ao julgamento. Por tudo aquilo que nós ouvimos durante cerca de ano e meio de julgamento nada de justiça, absolutamente nada, se produziu em termos de provas para as condenações anunciadas. Só para melhor esclarecer o que aqui afirmo, o meu marido foi condenado com fundamento de que ele e outros colegas se apoderaram dos valores que alguns trabalhadores do BNA desviaram daquela instituição e que foram apreendidos por alguns agentes da Policia Nacional, e aliás, todo este processo começou por causa desse dinheiro, já que a própria acusação que foi lida em Tribunal começa justamente por aí. Mas durante todo o julgamento o dinheiro que era do BNA, de repente passou a ser de uma senhora nome Teresa Pintinho, mulher de um trabalhador do Banco, o senhor Fernando Gomes Monteiro, que disse que ganhou esse dinheiro a vender no Roque Santeiro. E o Procurador Adão Adriano que dirigiu este processo, assinou a acusação e acompanhou o julgamento, ao invés de defender o Estado, sustentando a sua acusação que dizia que o dinheiro era do Estado, mudou o disco e passou a dizer também que o dinheiro era da senhora.
 
Se isso era verdade, então pergunto, aonde é que foram buscar a versão de que o meu marido e colegas ficaram com o dinheiro apreendido do BNA? Agora o mais importante: Este mesmo dinheiro, e isto o senhor Procurador Adão Adriano e o Supremo Tribunal Militar sabiam, deu lugar a um outro processo que estava a ser julgado na 8ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda com o no1578/10, em que o marido da senhora Teresa Pintinho estava preso, o mesmo processo foi instruído pela PGR, por isso o Procurador Adão Adriano sabia da existência do mesmo processo, onde o próprio BNA foi chamado no julgamento da 8ª Secção a confirmar se ouve ou não desvio do seu dinheiro, contrariaram, dizendo que não desapareceu dinheiro nenhum, razão pela qual todas as pessoas que estavam a ser acusadas naquele processo foram absolvidas e soltas. Se a causa das mortes é o dinheiro do BNA e se este Banco vem dizer que não lhe roubaram dinheiro nenhum como podem condenar estes oficiais que a mais de 20 anos sempre serviram de forma abnegada a Pátria e a Corporação? Será que os responsáveis máximos deste país, em especial o camarada Presidente José Eduardo dos Santos não acompanham estas situações que mancham a imagem do país e da justiça? Leia a entrevista completa