terça-feira, 6 de maio de 2014

A "NOSSA" INTELIGÊNCIA: ENTRE O CONHECIMENTO, A SABEDORIA E OS ESTATUTOS...


Fernando Casimiro (Didinho)
Por: Fernando Casimiro - didinho.org

Gostamos de assumir o que não somos, não assimilamos, nem praticamos, no que concerne à cultura, aos direitos e aos deveres de cidadania, ou seja, gostamos de nos situar na pele de bons samaritanos...na vã tentativa de defendermos os nossos interesses e conveniências, quando isso nada tem a ver com a defesa do INTERESSE NACIONAL!

As eleições na Guiné-Bissau, têm servido, também, ao longo dos anos, para se conhecer as vontades, as opiniões expressas, por gente que emite opinião (ainda bem) mas que desrespeita o espaço público, onde as sensibilidades contam, ou deveriam contar, na forma de ajuizar, por exemplo, até que ponto quem escreve valoriza ou insulta, consciente ou inconscientemente, quem lê os seus textos...

A humildade sustentada pela coerência, aconselha-se!
INTELIGÊNCIA, que se saiba, em maior ou em menor grau, é uma das características, um dom, de todo e qualquer ser humano, mesmo que, para cada um, o seu grau de inteligência, em função do que se tiver que considerar...

Por que é que, um sapateiro, deve ser considerado menos inteligente do que um médico, quando o que os distingue é sobretudo a caracterização, o estatuto profissional, e não propriamente, a capacidade intelectual?

Não há sapateiros, pedreiros e "outros", intelectuais...?!
Ou será que todos os dotados de certificados académicos são de facto intelectuais...?!
Será que nascemos médicos, engenheiros, advogados, etc.,etc.?!
Antes da formação superior, o ser humano não é "avaliado" pelos seus dotes de inteligência, frequentando ou não uma escola?!

Ou será que, até atingirmos uma formação superior, somos todos simplesmente irracionais, ou minimizando a "coisa" todos carpinteiros, sapateiros, pedreiros, empregadas domésticas (no caso das nossas mulheres), etc., etc....?!
Pode parecer ridícula esta constatação, mas vejamos quantos quadros superiores guineenses, entre médicos, engenheiros e outros, trabalharam em vários países europeus, como serventes de obras na construção civil, seguranças/guardas em estabelecimentos comerciais, instituições etc...?!

Alguém queria saber dos seus estatutos a nível de formação superior, para lhes tratarem com "fineza" tipo, sr. doutor; sr. engenheiro, etc., etc... ou eram todos tratados como pedreiros, guardas, sapateiros carpinteiros etc., etc...?!
Ou devemos pensar que um médico, só por ser médico, deve ser mais culto que um sapateiro, só por este ser sapateiro?

Será que quem escreve, independentemente do seu estatuto académico ou profissional, deve sentir-se o mais dotado, entre todos, de todas as faculdades mentais, de todas as capacidades cognitivas e na posse de dados documentais únicos, ao ponto de insultar a inteligência alheia, através de um mero exercício de opinião que, pode ou não, ser sustentado, estudado, preparado ou analisado em função de todas as perspectivas possíveis e imaginárias, tendo em conta o "universo" de leitores que poderão aceder aos seus textos?

O "formado" que se preze, deve provar que, para além de ser "formado", deve ser CULTO, o suficiente, na hora de pensar/reflectir, para emitir uma opinião que deseja, venha a ser lida, analisada e considerada, entre a concordância e a discordância, pelo público leitor, a quem deve situar acima dele próprio, ou seja, a quem deve considerar mais capaz de avaliar lendo e reagindo, ao que ele produziu, sem contudo, simbolizar outras perspectivas...!
A minha experiência no "mundo da escrita" ao longo de onze anos permitiu-me evoluir o suficiente para reconhecer que, à Humildade devemos acrescentar a Coerência e o respeito pela "inteligência alheia" !

A GUINÉ-BISSAU É A SOMA DOS INTERESSES DE TODOS OS GUINEENSES E NÃO DOS INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES! Didinho