Por: Fernando Casimiro - didinho.org
Gostamos
de assumir o que não somos, não assimilamos, nem praticamos, no que concerne à
cultura, aos direitos e aos deveres de cidadania, ou seja, gostamos de nos
situar na pele de bons samaritanos...na vã tentativa de defendermos
os nossos interesses e conveniências, quando isso nada tem a ver com a defesa
do INTERESSE NACIONAL!
As
eleições na Guiné-Bissau, têm servido, também, ao longo dos anos, para se
conhecer as vontades, as opiniões expressas, por gente que emite opinião (ainda
bem) mas que desrespeita o espaço público, onde as sensibilidades contam, ou
deveriam contar, na forma de ajuizar, por exemplo, até que ponto quem escreve
valoriza ou insulta, consciente ou inconscientemente, quem lê os seus textos...
A
humildade sustentada pela coerência, aconselha-se!
A INTELIGÊNCIA, que
se saiba, em maior ou em menor grau, é uma das características, um dom,
de todo e qualquer ser humano, mesmo que, para cada um, o seu grau de
inteligência, em função do que se tiver que considerar...
Por
que é que, um sapateiro, deve ser considerado menos inteligente do que um
médico, quando o que os distingue é sobretudo a
caracterização, o estatuto profissional, e não propriamente, a capacidade
intelectual?
Não
há sapateiros, pedreiros e "outros", intelectuais...?!
Ou
será que todos os dotados de certificados académicos são de facto
intelectuais...?!
Será
que nascemos médicos, engenheiros, advogados, etc.,etc.?!
Antes
da formação superior, o ser humano não é "avaliado" pelos seus dotes
de inteligência, frequentando ou não uma escola?!
Ou
será que, até atingirmos uma formação superior, somos todos simplesmente
irracionais, ou minimizando a "coisa" todos carpinteiros, sapateiros,
pedreiros, empregadas domésticas (no caso das nossas mulheres), etc., etc....?!
Pode
parecer ridícula esta constatação, mas vejamos quantos quadros superiores
guineenses, entre médicos, engenheiros e outros, trabalharam em vários países
europeus, como serventes de obras na construção civil, seguranças/guardas em
estabelecimentos comerciais, instituições etc...?!
Alguém
queria saber dos seus estatutos a nível de formação superior, para lhes
tratarem com "fineza" tipo, sr. doutor; sr. engenheiro, etc., etc...
ou eram todos tratados como pedreiros, guardas, sapateiros carpinteiros etc., etc...?!
Ou
devemos pensar que um médico, só por ser médico, deve ser mais culto que um
sapateiro, só por este ser sapateiro?
Será
que quem escreve, independentemente do seu estatuto académico ou profissional,
deve sentir-se o mais dotado, entre todos, de todas as faculdades mentais, de
todas as capacidades cognitivas e na posse de dados documentais únicos, ao
ponto de insultar a inteligência alheia, através de um mero exercício de
opinião que, pode ou não, ser sustentado, estudado, preparado ou analisado em
função de todas as perspectivas possíveis e imaginárias, tendo em conta o
"universo" de leitores que poderão aceder aos seus textos?
O
"formado" que se preze, deve provar que, para além de ser
"formado", deve ser CULTO, o suficiente, na hora
de pensar/reflectir, para emitir uma opinião que deseja, venha a ser lida,
analisada e considerada, entre a concordância e a discordância, pelo
público leitor, a quem deve situar acima dele próprio, ou seja, a quem
deve considerar mais capaz de avaliar lendo e reagindo, ao que ele produziu,
sem contudo, simbolizar outras perspectivas...!
A
minha experiência no "mundo da escrita" ao longo de onze anos
permitiu-me evoluir o suficiente para reconhecer que, à Humildade devemos
acrescentar a Coerência e o respeito pela "inteligência alheia" !