Cidade da Praia, 07 mai (Lusa) - O primeiro-ministro cabo-verdiano admitiu hoje que a gravidez nas escolas em Cabo Verde é um problema "complexo" e que "há qualquer coisa a falhar", avisando que haverá "tolerância zero" para os professores que engravidem alunas.
"É um problema complexo e devemos estar a falhar em algum lugar: no sistema educativo, nas famílias ou na sociedade em geral. Temos de procurar melhorar os níveis de socialização de informação e de dados e melhorar a educação sexual nos nossos estabelecimentos de ensino", afirmou José Maria Neves, citado pela agência Inforpress.
José Maria Neves, que não avançou o total de casos conhecidos, defendeu ser também necessário trabalhar mais com a comunidade educativa, com os pais e com a sociedade, pois trata-se de uma questão "grave" e que deve ser debelada nos estabelecimentos de ensino de todo o país.
"Em relação aos professores, os processos são céleres e o Ministério da Educação tem tomado medidas duras relativamente a atitudes e comportamentos dos professores. Mas haverá tolerância zero", afirmou o primeiro-ministro, realçando que já se têm tomado atitudes "muito firmes".
Em 2013, a questão foi levantada pela coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas (SNU) em Cabo Verde, Ulrika Richardson-Golinski, que disse à agência Lusa que a gravidez precoce afeta 24% das cabo-verdianas que engravidam anualmente, comprometendo o futuro e as oportunidades de educação das jovens mães.
Segundo Richardson-Golinski, uma em cada quatro grávidas tem menos de 19 anos, pondo em causa a possibilidade de uma maior instrução e a possibilidade de obter melhores empregos e rendimentos mais elevados.
Desde então, têm sido noticiados cada vez mais casos de estudantes que surgem grávidas de colegas de escola e também de professores.