terça-feira, 3 de junho de 2014

DESEJO DE BOA GOVERNAÇÃO

O Presidente Barack Obama num discurso proferido no Cairo, aos povos do Médio Oriente, dizia: "cada nação dá vida à democracia da sua própria maneira e de acordo com as suas tradições". E disse ainda o Presidente americano que "a história oferece um veredicto claro, ou seja: os governos que respeitam a vontade do seu próprio povo são mais prósperos, mais estáveis e mais bem sucedidos do que não são".
Em 11 de Julho de 2009, na sua primeira visita a África, no parlamento do Gana, em Accra, Obama alertou que a "Democracia é muito mais do que realizar eleições. Tem também a ver com o que acontece entre essas eleições. A repressão assume muitas formas e demasiadas nações são afetadas por problemas crónicos, que condenam os seus povos à pobreza. Nenhum país irá criar riqueza, se os seus líderes explorarem a economia para se enriquecerem a si próprios, ou se a polícia puder ser comprada por traficantes da droga. Nenhuma empresa quer investir num país onde o governo retira para si 20 por cento dos lucros, ou onde o diretor das alfândegas seja corrupto. Ninguém vai querer viver onde o primado da lei abra caminho a um regime de brutalidade e subornos. Isso não é democracia, isso é tirania! E chegou agora a altura de pôr fim a tudo isso!".
E se a democracia é muito mais do que realizar eleições, para cumprir essa sentença, seria necessário que - tal como aconteceu com os candidatos durante a campanha eleitoral finda em relação a aceitação dos resultados - a “Comunidade Internacional” valorize e obrigue, também, os atuais “protagonistas” (Presidente da República e o Governo) que assinem o “compromisso de Boa Governação”, a fim de acautelar o defraudamento  das expectativas do povo.
Não guardo rancor, mas também não tenho amnésia! Vivi num contexto em que algumas leis até são de natureza democrática, mas o ambiente político reinante, de quarenta anos, tem sido de tirania que nunca se desvaneceu. Posso dizer que tem sido democracia para o inglês ver, sem emprego e sem liberdade. Agora, há dias, os senhores vieram aqui ás nossas povoações, no norte, no sul e no leste do país, implorar os nossos votos de joelhos e oferecendo-nos flores e paraísos em troca de uma viragem histórica contra a tirania e pela democracia. Prometera-nos a paz e estabilidade e inclusive prometeram-nos de que não haverá mais lutas palacianas a ponto de interromper os mandatos e as legislaturas para que foram eleitos.  Pelo nosso voto, declararam obediência e imolação pelo povo. Nos vossos comícios diziam também que o país nos pertence a todos e não é propriedade privada de nenhuma formação partidária em detrimento das outras. A vossa legitimação foi garantida pelo compromisso de que jamais poderá haver promiscuidade entre o exercício dos cargos públicos e os negócios pessoais ou privados; de que a partir de agora a justiça funcionará; que as sucessivas greves dos professores conhecerá o seu fim; que a saúde será cada vez mais habilitada para atender os nossos cidadãos, sem que seja necessário a sua evacuação para o estrangeiro; que a reforma do sector da defesa e segurança não será um processo tribalista. Juraram a pés juntos de que defenderão a nossa soberania no conserto das nações e que em nenhum momento servirão de joguete do estrangeiro e dos barões da droga e da máfia. Enfim, juraram representar o povo, lutar para o povo e pelo povo.  
A legitimidade democrática é muito mais que a legitimidade do voto, e que se perde com a quebra da palavra dada!
Deus abençoe Guiné-Bissau!
Por: Okutó Pisilon