Dois novos ataques atribuídos a homens da Renamo mataram hoje um militar e deixaram seis feridos, quatro dos quais civis, próximo de Zove, na região de Muxúnguè, província de Sofala, centro de Moçambique, disse à Lusa fonte médica.
Segundo Pedro Vidamão, diretor do Hospital Rural de Muxúnguè, uma coluna do Exército foi emboscada duas vezes na manhã de hoje, em menos de meia-hora, na principal estrada de Moçambique e que une o sul e o norte do país.
Esta sucessão de ataques segue-se ao anúncio, na segunda-feira, do fim do cessar-fogo declarado unilateralmente pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido de oposição, devido ao impasse nas negociações com o Governo.
O primeiro ataque provocou quatro feridos e o segundo deixou outros dois e ainda o militar do Exército morto.
"Deram entrada no hospital de forma faseada dois grupos, o primeiro de três civis e um militar [feridos] e o segundo de um civil e um militar feridos e um militar morto", disse à Lusa o diretor do Hospital Rural de Muxúnguè.
Todas as pessoas que foram encaminhadas para o hospital apresentam ferimentos de balas e algumas lesões provocadas por quedas dos camiões em que viajavam, informou.
Apenas um dos feridos apresenta um quadro clínico grave, com um traumatismo craniano, provocado por uma queda, e foi operado hoje de manhã.
Pedro Vidamão disse que o hospital foi reforçado em pessoal médico para atender urgências motivada pela tensão militar na região centro do país, embora saliente que o número de casos destes recentes ataques seja inferior aos de outros períodos.
A Renamo anunciou na sexta-feira o cessar-fogo que havia declarado unilateralmente, para que os homens armados do movimento se possam defender da alegada ofensiva do Exército, na província de Sofala.
"Os comandantes da Renamo entendem que só se voltará a cessar-fogo depois de um entendimento pelas duas delegações no diálogo e com a chegada da mediação internacional, para garantir o respeito pelo compromisso pelas partes", afirmou o porta-voz do partido, António Muchanga.
Depois de várias semanas de acalmia nas hostilidades entre o braço armado da Renamo e as forças de defesa e segurança moçambicanas, na sequência de um cessar-fogo unilateral decretado pelo movimento, no dia 07 de maio, as duas partes voltaram aos confrontos na sexta-feira.
O porta-voz da Renamo disse ainda que, com a suspensão do cessar-fogo, o seu partido já não pode dar garantias de segurança na circulação na principal estrada do país, no troço da região centro, onde a movimentação de passageiros e carga tem sido feita sob escolta militar, desde abril do ano passado, quando eclodiram os primeiros confrontos.
Depois de 21 anos sem guerra, com a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) entre a Renamo e o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde a independência em 1975, o país voltou a conhecer a instabilidade militar, desde abril do ano passado, na sequência do diferendo sobre a lei eleitoral.
Apesar de o litígio em relação à lei eleitoral ter sido ultrapassado, as escaramuças ainda não cessaram, porque as duas partes não chegam a acordo em relação ao desarmamento do braço armado da Renamo, que o movimento manteve ao abrigo do AGP, para garantir a segurança dos seus dirigentes. Fonte: Aqui