quarta-feira, 18 de junho de 2014

REGRESSO DAS NAUS E CARAVELAS…

Por: Okutó Pisilon
Os rios secaram na Europa. O Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Português, Luís Campos Ferreira é o novo Bartolomeu Dias. A TAP pretende seguir a rota das naus - arvorando três mastros, o grande e o traquete com pano redondo, e o da mezena com pano latino, e na ponta dos mastros flutuando a bandeira do Rei de Portugal -  percorrendo penosamente a costa africana, contra ventos e correntes adversos a procura de especiarias nas terras da Guiné. Diz-se nos jornais portugueses que ele, o senhor Campos Ferreira, tornou-se no primeiro governante estrangeiro a ser recebido pelo novo presidente do parlamento guineense, Cipriano Cassamá. O navegante português: “O Governo português quer que sejam retomados o mais rapidamente possível os voos diretos da TAP entre Lisboa e Bissau”. Martins da Cruz, antigo ministro do governo de Durão Barroso, disse: "A Guiné-Bissau é um país muito importante para Portugal, faz parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e partilha connosco uma história comum e a língua portuguesa". Até parece que Portugal só descobriu a Guiné-Bissau na semana passada…

A questão é tão grave que nos leva a formular a seguinte pergunta: como podemos, então, encarar a presença, o apoio e a participação de Timor-Leste, na Guiné-Bissau durante todo esse período de enxovalhamento político protagonizado por Portugal e seu governo? Será que a “sobrevivência” do Estado guineense depende dos “caprichos políticos e ideológicos” do governo de Passos Coelho?  Já se esqueceram das chantagens política, da “tolerância zero”, das romarias de Paulo Portas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para legitimar envio de fragatas e atacar a Guiné-Bissau? A Guiné-Bissau continua a ser a mesma entidade política soberana. A deterioração das nossas relações diplomáticas com Portugal e com a CPLP, não pode desembaraçar-se  por “dá-ca-aquela-palha”.  Atingiu ao nível de alerta vermelho desde o Golpe de Estado de 12 de Abril de 2012.  Portanto, a possível retomada dos voos da TAP entre Bissau e Lisboa, resultará da deliberação parlamentar guineense.