Por:
Okutó Pisilon
Os
rios secaram na Europa. O Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da
Cooperação Português, Luís Campos Ferreira é o novo Bartolomeu Dias. A TAP
pretende seguir a rota das naus - arvorando três mastros, o grande e o traquete
com pano redondo, e o da mezena com pano latino, e na ponta dos mastros
flutuando a bandeira do Rei de Portugal - percorrendo penosamente a
costa africana, contra ventos e correntes adversos a procura de especiarias nas
terras da Guiné. Diz-se nos jornais portugueses que ele, o senhor Campos
Ferreira, tornou-se no primeiro governante estrangeiro a ser recebido pelo novo
presidente do parlamento guineense, Cipriano Cassamá. O navegante português: “O
Governo português quer que sejam retomados o mais rapidamente possível os voos
diretos da TAP entre Lisboa e Bissau”. Martins da Cruz, antigo ministro do
governo de Durão Barroso, disse: "A Guiné-Bissau é um país muito
importante para Portugal, faz parte da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa e partilha connosco uma história comum e a língua portuguesa".
Até parece que Portugal só descobriu a Guiné-Bissau na semana passada…
A
questão é tão grave que nos leva a formular a seguinte pergunta: como podemos,
então, encarar a presença, o apoio e a participação de Timor-Leste, na Guiné-Bissau
durante todo esse período de enxovalhamento político protagonizado por Portugal
e seu governo? Será que a “sobrevivência” do Estado guineense depende dos
“caprichos políticos e ideológicos” do governo de Passos Coelho? Já
se esqueceram das chantagens política, da “tolerância zero”, das romarias de
Paulo Portas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para legitimar envio de
fragatas e atacar a Guiné-Bissau? A Guiné-Bissau continua a ser a mesma
entidade política soberana. A deterioração das nossas relações diplomáticas com
Portugal e com a CPLP, não pode desembaraçar-se por
“dá-ca-aquela-palha”. Atingiu ao nível de alerta vermelho desde o
Golpe de Estado de 12 de Abril de 2012. Portanto, a possível
retomada dos voos da TAP entre Bissau e Lisboa, resultará da deliberação
parlamentar guineense.