segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

OPOSIÇÃO, SOCIEDADE CIVIL E COMUNIDADE INTERNACIONAL PREOCUPADAS COM ADIAMENTO DE ELEIÇÕES NA NIGÉRIA

As eleições presidenciais e legislativas da Nigéria, previstas para 14 de fevereiro, foram adiadas para 28 de março, e as eleições de governadores de 28 de fevereiro para 11 de abril. O adiamento, dizem as autoridades, acontece por razões de segurança (dos eleitores e das pessoas desdobradas nas assembleias de voto) e práticas (devido ao atraso na distribuição dos novos cartões de eleitor). Mas são muitas as vozes que se levantam para contestar o adiamento, bem como estes argumentos.
 
O anúncio foi feito sábado à noite pela Comissão Eleitoral Nacional Independente da Nigéria (INEC). «O conselheiro encarregado da Segurança Nacional e os chefes de serviço neste domínio disseram-nos que precisam de pelo menos seis semanas para concluírem as operações militares lançadas contra os rebeldes do Boko Haram no nordeste. Daí a sua incapacidade para garantir a tarefa de apoio tradicional da Polícia durante as eleições», disse o presidente da INEC, Attahirua Jega, a jornalistas. O responsável declarou que a decisão de adiar as eleições foi tomada no quadro da Constituição do país, que prevê que estas devam realizar-se pelo menos 30 dias antes da data de transferência do poder (29 de maio). «Não vamos, de qualquer modo, aprovar uma disposição que não esteja em conformidade com a lei», declarou Jega, que lançou um apelo a todas as partes para aceitarem a decisão. Garantiu igualmente que as eleições serão livres, justas e credíveis. Por outro lado, a comissão eleitoral diz que o adiamento vai ajudá-la a distribuir os cartões de voto a mais de 68,8 milhões de eleitores, estando a distribuição nesta altura ainda muito atrasada.
 
No entanto, como já referido, as reações – e as críticas – não se fizeram esperar. O Partido Popular Democrático (PDP), no poder, mostra-se favorável ao adiamento das eleições, mas parece ser apenas uma voz solitária na defesa desta medida. É certo que, desde o final da ditadura militar, em 1999, o PDP nunca se viu em tão «maus lençóis» nas sondagens como agora. Goodluck Jonathan, o Presidente, vê a sua popularidade a cair cada vez mais e o seu lugar em risco. Muitos observadores dizem, aliás, que o Partido Progressista do Congresso (APC), a principal força da oposição, e o seu candidato, o ex-general e ex-PR Muhammadu Buhari, vivem uma dinâmica vitoriosa, e que poderão aliás garantir uma sólida maioria no norte, predominantemente muçulmano, e receber muitos novos apoios no sul. Ora, sejam estes os motivos que levam o PDP a apoiar o adiamento das eleições ou não, o certo é que o partido no poder elogiou largamente a medida, que diz ter sido tomada «no interesse da democracia». Leia mais

Leia também: LÍDER DO BOKO HARAM PROMETE DERROTAR COLIGAÇÃO REGIONAL