A Guiné-Bissau, não consta na lista dos dez piores países do mundo.
Elaborado pela ONU, o Índice de Desenvolvimento Humano, foi, esta terça-feira (21.03) divulgado. Moçambique continua nos piores classificados e Angola está mais perto do grupo de desenvolvimento médio.
Os países de expressão portuguesa mantiveram ou melhoraram a sua posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2016, elaborado com base nos números de 2015, e liderado pela Noruega, e que foi, esta terça-feira (21.03), divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Depois de Portugal, na posição 41º, o Brasil continua a ser o país de expressão portuguesa mais bem colocado, no lugar 79, enquadrado no grupo dos países de desenvolvimento humano elevado. Segue-se Cabo Verde, no 122.º lugar, Timor-Leste, no 133º, e São Tomé e Príncipe, no 142º - os três nas mesmas posições em que se encontravam em 2015 e portanto no grupo de desenvolvimento médio. Angola está na 150ª posição, no grupo de baixo desenvolvimento, estando acompanhada, nesta classe, pela Guiné-Bissau (que sobe uma posição para 178º). Moçambique encontra-se no 181º lugar.
"Alimentação escolar” em Cabo Verde em destaque
Escola Secundária da Calabaceira, Cidade da Praia
Cabo Verde manteve a 122.ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano tendo melhorado em indicadores como a esperança de vida – que está agora nos 73,5 anos - ou a redução da mortalidade materna e piorado nas mortes por tuberculose e na prevalência de HIV em adultos. O país conseguiu 0,648 pontos (0,646 no relatório de 2015) e manteve a sua posição de terceiro país lusófono melhor classificado na tabela.
O país conseguiu também resultados positivos na vacinação de crianças, mas viu agravada a taxa de gravidezes adolescentes entre os 15 e os 19 anos. Na educação, os principais indicadores mantiveram-se inalterados, com o país a ver aumentar a taxa de literacia para 87.6 por cento, mas também a taxa de abandono escolar no ensino primário.
Neste relatório, Cabo Verde é destacado, juntamente com países como o Mali, Namíbia ou Costa do Marfim, pelos "efeitos importantes e multiplicadores" do seu programa de alimentação escolar, merecendo igualmente menção positiva a aprovação, em 2011, de legislação contra a violência baseada no género.
Angola mais perto do grupo de desenvolvimento médio
Apesar de ter caído uma posição, estando agora em 150º, Angola está mais perto do grupo de desenvolvimento médio. Este país africano regista uma subida no seu índice, passando dos 0,532 do relatório de 2015, quando o país figurava então no lugar número 149, para os 0,533.
Luanda, Angola
Em Angola, a esperança média de vida subiu para os 52,7 anos enquanto os anos de escolarização expectável se mantêm nos 11,4, o segundo valor mais alto no último grupo de países da lista. O IDH dá também conta que 12,4% da população angolana já usa internet e 63,2% trabalha, sobretudo, na agricultura.
Moçambique na lista dos dez piores países
Moçambique é o pior colocado no IDH entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Encontra-se entre os oito países do mundo com o mais baixo IDH, ocupando o 181º lugar da classificação de 2016. O relatório revela que o país perdeu no total 33% na avaliação dos indicadores analisados no IDH e registou 0.390 valores no Índice de Pobreza Multidimensional, 0.574 pontos no Índice de Desigualdade do Género e 0.879 no Índice de Desenvolvimento do Género.
Todos os últimos dez países da classificação são africanos. O pior classificado é a República Centro-Africana, seguindo-se o Níger, Chade, Burkina Fasso, Burundi, Guiné, Sudão do Sul, Moçambique, Serra Leoa e Eritreia.
"Desenvolvimento humano para todos” é possível
O relatório, que este ano é dedicado ao tema "desenvolvimento humano para todos", chama a atenção ainda para várias problemáticas e realidades. De acordo com este, uma em cada nove pessoas em todo o mundo sofre de fome e um terço da população mundial tem má nutrição. Todos os anos, cerca de 15 milhões de raparigas casam-se antes dos 18 anos e, por dia, morrem 18 mil pessoas devido a contaminação atmosférica. O HIV infeta dois milhões de pessoas por ano.
Em entrevista à Lusa, Selim Jahan, autor do relatório, lembrou ainda o progresso feito nos últimos 25 anos. "Nas últimas décadas, o mundo alcançou objetivos que pareciam impossíveis. Mais de mil milhões de pessoas saíram de uma situação de pobreza extrema e a mortalidade de crianças até aos cincos anos baixou para menos de metade”, afirmou Selim Jahan, acrescentando que "o desenvolvimento humano universal é possível" e "para todos”.
O IDH consta no relatório anual sobre desenvolvimento humano publicado pelo Programa das Nações Unidas e é calculado com base em três dimensões do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão de vida decente. Ao todo são analisados 188 países.
Fonte: DW África