A GUINÉ-BISSAU E O NARCOTRÁFICO
O narcotráfico ou tráfico de drogas e as conseqüências do seu consumo constituem um dos maiores problemas da atualidade. Apesar da devida atenção, dos enormes esforços e recursos humanos e materiais afectos pelos Estados e Governos na luta contra este flagelo, o resultado situa-se muito aquém das expectativas, na medida em que o Mundo está ficando cada vez mais pobre e caótico, criando por conseguinte as condições propícias para o recrutamento e envolvência de cada vez maior contingente de traficantes, além de facilitar e aumentar consideravelmente, tanto o volume, como a eficiência da sua transacção global, criando dificuldades adicionais às Agências e Instituições envolvidas no seu combate.
A pobreza extrema e a desorganização dos Estados têm contribuído para fazer dos Países do Terceiro Mundo, plataformas seguras para o armazenamento e trânsito de drogas provenientes dos Países produtores (Países da América do Sul, Sudeste Asiático e do Médio Oriente) para os principais mercados do seu consumo (os Estados Unidos, o México, a União Europeia, o Japão, a Singapura, etc.).
O narcotráfico movimenta recursos colossais, suscetíveis de influenciar e determinar decisões políticas, correlações de forças nas lutas pelo Poder e inclusive na definição de orientações e estratégias políticas nos Países subdesenvolvidos, fomentando Golpes de Estado, Guerras Civis e demais cataclismos sociais, tendentes a criar um clima de caos e total desorganização, adequado ao estabelecimento do seu controlo territorial, que passa a funcionar como uma plataforma logística para fins relacionados com o comércio intercontinental de estupefacientes em grande escala.
Situado no Noroeste africano, limitado a Norte pelo Senegal, a Leste e Sul pela República da Guiné-Conakri e banhado a Ocidente pelo Oceano Atlântico, com uma extensão territorial de 36.125 km2, a Guiné-Bissau é um dos Países mais pobres e desorganizados do Mundo, em virtude do permanente reacender do clima de instabilidade que a tem fustigado ao longo da sua história, sobretudo nas últimas duas décadas, impedindo-a de tirar o devido proveito dos seus imensos recursos naturais e do potencial humano à ela afeto. Estes fatores, associados a escassez de meios para estabelecer o devido controlo do seu território, sobretudo da sua parte insular (Arquipélago dos Bijagós), fazem dele um alvo apetecível para o desenvolvimento das atividades ilícitas dos grandes barões do narcotráfico, provenientes da América do Sul, que ali operam na mais completa impunidade.
Nestas condições, para os países mais vulneráveis, no conjunto dos quais se insere a Guiné-Bissau, a luta contra o narcotráfico deve ser encarado como prioridade das prioridades, tendo em conta as suas consequências económicas e sociais a médio e longo prazos, mobilizando para o efeito todos os recursos nacionais e internacionais (recorrendo à assistência da Comunidade Internacional) disponíveis e aplicáveis.
Não sendo um País produtor e muito menos consumidor de estupefacientes, a Guiné-Bissau tem sido, entretanto, muito prejudicado com o advento do narcotráfico, em virtude da envolvência neste negócio, de Altos Dignitários do Estado (governantes e responsáveis das Forças Armadas), que por inerência de funções, tinham a obrigatoriedade institucional de assegurar a participação do nosso País no esforço global de combate ao crime organizado em geral e do narcotráfico em particular. Esta particularidade granjeou a Guiné-Bissau o rótulo de “NARCOESTADO”, apesar do relativamente insignificante volume da transacção que se operava no seu território.
O rótulo de NARCOESTADO à Guiné-Bissau, deveu-se essencialmente à nossa forma de estar na vida, sobretudo na vida política, à nossa falta de responsabilidade moral, cívica e jurídica face aos prejuízos que causamos ao nosso País e aos que nos rodeiam, à nefasta tendência de proclamarmos a excelência dos nossos interesses pessoais em prejuízo do colectivo e do todo nacional. Foi assim que, em vez da colectiva mobilização e coordenação de esforços que a situação exigia, o narcotráfico passou a ser utilizado como arma de arremesso contra adversários políticos, acusando-os sem fundamento do envolvimento neste negócio, apelando a sua condenação e isolamento pela Comunidade Internacional.
Esta atitude vergonhosa e irresponsável minou significativamente a imagem do nosso País pelo Mundo fora e fez de cada guineense um potencial suspeito de ser um NARCO-DEALER e portanto um criminoso cuja morte constituía mais uma vitória das “Nações Livres” na luta contra o crime organizado. Foi nesta sequência que se registou o período mais dramático da história recente da Guiné-Bissau – a onda de assassinatos políticos com a total apatia e mesmo conivência da Comunidade Internacional.
Entristece constatar que apesar de todo o sofrimento, dor e angustia suportados pelos familiares das vítimas desse período de terror que ninguém assumiu e a nossa Justiça se revelou incapaz de imputar à quem quer que fosse, continuamos a cometer os mesmos erros e a caminhar irreversivelmente na senda da reconstituição da “cena do crime”, como se fosse de facto imprescindível no contexto actual.
Quando, movido essencialmente pelo ódio imergente do diferendo político que os opõem, o Ex-Primeiro-Ministro e actual Presidente do maior Partido Político da Guiné-Bissau (o PAIGC), Eng.º DOMINGOS SIMÕES PEREIRA, reuniu a imprensa internacional em Cabo Verde, para definir a Guiné-Bissau como “Paraíso da Droga” e acusar o seu Presidente de República Dr. JOSÉ MÁRIO VAZ e o Empresário e Político, Sr. BRAIMA CAMARÁ (Membro do Bureau Político do PAIGC e candidato mais votado à liderança deste Partido no seu último Congresso reunido em Cacheu), de estarem envolvidos no narcotráfico, sem contudo apresentar quaisquer provas que sustentam essa acusação, os presentes nessa Conferência de Imprensa, muitos dos quais aplaudiram freneticamente a sua bela intervenção no Congresso do PAICV, deduziram que DOMINGOS SIMÕES PEREIRA era de facto um exímio orador, mas desprovido das imprescindíveis qualidades de Homem de Estado (Estadista), devido a sua declarada tendência de preterir o diálogo e a concertação em prol da calúnia e da difamação, chegando ao ponto de denegrir a imagem do País que o viu nascer, crescer e fazer-se o homem que hoje é e que pretende governar, assim como das pessoas com quem pretende governar esse País.
Com esta atitude, DOMINGOS SIMÕES PEREIRA queria sem dúvidas, convencer o Mundo que durante o seu curto regulado, tinha conseguido a fantástica proeza de estancar o tráfico de drogas na Guiné-Bissau, quando na verdade o que ele fez, foi gerir politicamente uma matéria de foro judicial, ocultando a verdade, não permitindo que as informações sobre as actividades dos operacionais do Departamento de Luta Contra o Crime Organizado da Polícia Judiciária, fossem tornadas público, criando por conseguinte a falsa ilusão de ter feito o que os Países mais poderosos do Mundo não conseguiram fazer – abolir defnitivamente o o tráfico de drogas.
Esta postura do Presidente do PAIGC é alarmante e deixa transparecer muita aflição e desespero de alguém que tenha esgotado todos os recursos legais de luta pelo Poder, para se enveredar pela via da desinformação, da calúnia, insultos e desrespeito pelas Instituições do Estado da Guiné-Bissau e seus legítimos representantes, através de Blogues por ele criados e financiados – até quando?
PERGUNTA-SE:
1) Porquê que DOMINGOS SIMÕES PEREIRA quer governar um paraíso de drogas?
2) Porquê que DOMINGOS SIMÕES PEREIRA insiste no cumprimento do acordo de Conakry, como condição indispensável para trabalhar com o actual Presidente da República que ele acusa de ser traficante de drogas?
3) Porquê que DOMINGOS SIMÕES PEREIRA se manifesta a favor da reintegração dos 15 Deputados expulsos do seu Partido, inclusive de Braima Camará, que ele rotulou de traficante de drogas?
RESPONDE-SE:
Porque DOMINGOS SIMÕES PEREIRA sabe melhor do que ninguém, que a Guiné-Bissau nunca foi e nunca será um paraíso de drogas e que tanto JOMAV como Braima Camará não são traficantes de droga.
Um bem-haja à todos!