Um dos grandes problemas nas florestas da Guiné-Bissau é a desmatação para a cultura do caju, que se fosse feita de forma ordenada, poderia triplicar a sua produção, disse hoje o engenheiro florestal guineense, Constantino Correia.
"Um dos grandes problemas que temos nas florestas na Guiné-Bissau, do meu ponto de vista enquanto técnico, é a desmatação para a agricultura, principalmente para a cultura do caju", disse.
Segundo o engenheiro guineense, são desmatadas "áreas enormíssimas, destrói-se a floresta e o mais preocupante é que nem se aproveita para lenha o produto da desmatação".
Constantino Correia falava aos jornalistas no final da apresentação do "Diagnóstico sobre a situação de exploração de recursos florestais" na Guiné-Bissau, financiado pela União Europeia, e executado pela organização não-governamental guineense Tiniguena, hoje apresentado em Bissau.
"Quem sobrevoa a Guiné-Bissau, principalmente a parte costeira, tem a impressão que é um país verde, muito verde, o que nós vemos em parte é mangal e depois é o caju", sublinhou.
Salientando que não está contra o caju, o engenheiro defendeu, contudo, que as plantações devem ser feitas de forma "ordenada e organizada".
"Com espaço que temos de caju na Guiné-Bissau é possível duplicar, eventualmente triplicar a produção de caju", disse, explicando que as plantações devem ser feitas com espaço.
Para Constantino Correia, o caju tornou os guineenses "preguiçoso" e a população poderia beneficiar muito mais.
"As pessoas dizem que o caju é o nosso petróleo, mas o caju é a nossa gasolina que nos vai queimar se continuarmos a fazer o que estamos a fazer. Ainda estamos a tempo de arrepiar caminho e em conjunto pensar o país e não o que cada um pode ganhar de forma imediata e precária", alertou.
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