quarta-feira, 17 de maio de 2017

"CADOGO": O ÁS DA BATOTA

Este artigo é como o vinho porto


CONHEÇO BEM a Guiné-Bissau. O país e muitos dos seus protagonistas políticos. Por isso quando vejo o antigo primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, vulgo "Cadogo", apresentado em Lisboa como exemplo das virtudes democráticas e da legalidade, o mínimo que posso fazer é sorrir. Convém ser claro e directo: "Cadogo" representa o pior da Guiné-Bissau, personifica a corrupção, as negociatas onde os seus interesses pessoais se sobrepõem a qualquer outro, as "chapeladas" eleitorais, a venda a retalho de um país, pouco se importando com o bem-estar do seu povo. Esse é o verdadeiro "Cadogo", o sócio dos plutocratas angolanos, das empresas portuguesas e sabe-se lá mais de quem... Foi com ele no poder que a Guiné-Bissau escancarou as portas ao narcotráfico e que a tribalização minou os frágeis alicerces de um estado já há muito debilitado. É esse "Cadogo" que, com o descaramento e impunidade próprios de quem sente as costas quentes e de quem está habituado à fraude eleitoral, proclama a sete ventos que "desta vez irei ganhar as eleições com 80 por cento do votos". Uma frase que diz tudo, que denuncia as intenções de um vulgar "batoteiro" habituado a jogar com as cartas viciadas... É este o candidato de um certo poder político português, sempre curvado e venerando perante os interesses económicos e expansionistas de uma Angola, e que sacrificou uma estratégia de defesa da língua e do espaço lusófono às tropelias e negociatas de um bando de meliantes a quem a política não passa de um meio para, tanto cá como por lá, encherem os bolsos à custa de um país abandonado à sua sorte.


Comentário:

Jorge Lemos Peixoto disse...

Recordo apenas alguns dados factuais que marcaram a política de Cadogo nos últimos anos na Guiné-Bissau:

1) Eleições legislativas em Março de 2004, tendo sido eleita a Assembleia Nacional Popular e formado um novo Governo dirigido por Carlos Gomes Júnior, Presidente do PAIGC, partido vencedor;

2) Eleições presidenciais em 19 de Junho de 2005 com segunda volta em 24 de Julho, tendo saído vencedor o candidato independente João Bernardo Vieira,(Nino Veira) cuja investidura viria a ter lugar em 1 de Outubro de 2005;

3) A demissão do governo de Carlos Gomes Júnior em 28 de Outubro de 2005; a designação de Aristides Gomes para primeiro-ministro em 2 de Novembro de 2005;
4) As eleições legislativas em Novembro de 2008, tendo saído vencedor o PAIGC, com Carlos Gomes Júnior, como chefe do governo;

5) O assalto, por um grupo armado, à residência do Presidente da República João Bernardo Vieira, em 23 de Novembro de 2008;

6) O assassinato à bomba do CEMGFA Tagme Na Waye, em 1 de Março de 2009;

7) Assassinato, por um grupo armado, do Presidente da República em exercício, João Bernardo Vieira- Nino Vieira- (eleito democraticamente), em 2 de Março de 2009;

8) Os assassinatos, por um esquadrão militar, do deputado Hélder Proença, e do candidato presidencial Baciro Dabó, e dos respetivos guarda-costas, a 1 e 2 de Julho de 2009, respetivamente, a mando do Governo liderado por Carlos Gomes Júnior, e do então CEMGFA Zamora Induta, porquanto em declarações públicas proferidas pelos mesmos a motivação das mortes era uma tentativa de um golpe de Estado, mas que mais tarde o Ministério Público viria a desmentir, arquivando os respectivos processos, estando aberto processo-crime contra aqueles senhores;

9) Mais recentemente, nos finais do ano passado e nos inícios do ano em curso, foram assassinados, respetivamente o coronel Samba Djaló, chefe da Contrainteligência Militar e Roberto Ferreira Cacheu, deputado e ex-ministro, e Yaya Dabó, um conhecido agente da Segurança. Este último foi morto na esquadra depois de ter sido entregue por uma delegação composta pelo Presidente da Liga Guineense dos Direitos do Homem, o Presidente da Confederação de Sindicatos Independentes e um Deputado, com conhecimento prévio do então Ministro do Interior, Dr. Fernando Gomes, agora condecorado em Portugal como eminente defensor dos direitos humanos.

Refira-se ainda que o Governo do PAIGC/ Cadogo “negociou” um acordo com Angola de exploração de bauxite da Guiné-Bissau em que a parte angolana retinha 90% do minério e os restantes 10% ficavam para a Guiné-Bissau, sublinhe-se que as minas de bauxite não se situam no território angolano, mas em território guineense. Nesse “negócio” os angolanos adiantaram uma verba de 13 milhões de dólares que nunca deram entra na Fazenda Pública guineense.

Além disso no tempo do senhor Carlos Gomes Júnior/PAIGC os angolanos tinham instalado uma força militar de 800 militares de elite com blindados e helicópteros e que por força do golpe militar de Abril de 2012, essa mesma força teve de recuar para os países limítrofes.