terça-feira, 16 de maio de 2017

PROFESSOR TCHERNO DJALÓ RENUNCIA MILITÂNCIA AO PAIGC

O académico e ex-representante do Grupo da Universidade Lusófona na Guiné-Bissau, Professor Tcherno Djaló, apresentou ontem, 15 de maio 2017, a sua renúncia de militante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), à direcção do partido através de uma carta datada do dia 15 do mês em curso.
 
Tcherno Djaló que actualmente desempenha a função do Conselheiro para Assuntos Políticos do Presidente da República, José Mário Vaz, fora admitido como militante do PAIGC num acto público no dia 19 de Setembro de 2014 durante o qual recebeu o cartão de militante.
 
A adesão de Tcherno Djaló ao partido fundado por Amilcar Cabral foi na sequência de um memorando de entendimento assinado entre o PAIGC e o Movimento de Apoio à Candidatura de Tcherno Djaló à Presidência da República.
 
Segundo a cópia da carta a que O Democrata teve acesso, de vários aspectos acordados entre as partes, destaca-se a necessidade de se conjugar esforços visando à promoção de reformas estruturais necessárias, nomeadamente nos domínios da administração pública, formação, justiça, defesa e segurança, assim como a realização de eleições autárquicas e revisão de alguns diplomas legais.
 
Djaló lamenta com certa amargura na carta enviada ao líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, a forma como nenhum dos pontos acordados no memorando de entendimento assinado em 2014 foi respeitado. Contudo, lembra na carta que a integração das estruturas de apoio à sua candidatura ao PAIGC nunca foi efetivada, apesar de todas as diligências que efetuou junto das instâncias superiores do partido, tendo frisado que a referida situação levou uma parte da sua base de apoio a se sentir traída.
 
Na mesma carta, Djaló revela que como contribuição pessoal enquanto militante, quis empenhar-se na reorganização da “Escola do Partido” com vista a imprimir maior dinâmica mediante definição de nova estratégica e formação política dos militantes.
 
Sublinhou ainda que a sua proposta nunca teve resposta da parte da direcção do partido.
“Um dos principais motivos do meu apoio ao candidato do partido, foi o de contribuir para a estabilidade governativa. Ora neste capítulo esta legislatura revelou-se um desastre. Infelizmente, o partido deixou-se envolver numa crise sem precedente alimentado por antagonismos pessoais e de diferentes fações no seu seio. Tudo isto ilustra as grandes dificuldades que o partido tem em promover uma verdadeira reconciliação interna entre as diferentes alas e sensibilidades no seu seio”, lê-se na carta enviada à direção do PAIGC.
 
Na carta, Tcherno Djaló disse não rever-se naquilo que qualifica de “sono letárgico induzido por um sistema partidário que remete ao “quietismo e ao adormecimento” por se considerar um “inconformado” e não um homem de “prateleira”.
 
“Não é o ideário nem a doutrina política que agora me afasta e separa do partido, é sim um sistema que se instalou no PAIGC, incapaz de renovar e escolher quadros credíveis, exemplos de civismos e cidadania, respeitados e não temidos. Estou assim a insurgir-me contra este sistema estigmatizador e comprometedor da coesão do partido e como consequência de toda a Nação”, refere a carta.
 
Entretanto, O Democrata soube junto de uma fonte que o Professor Tcherno Djaló vai militar-se no Partido da Renovação Social (PRS), onde espera ser concedida a oportunidade para dar a sua contribuição na formação dos militantes, como também para o progresso da família dos renovadores.
 
Recorde-se que Tcherno Djaló era um dos candidatos impedidos pela justiça guineense de concorrer às últimas eleições presidenciais de 2014, alegando a situação documental. Na altura o académico decidira ficar fora da competição  e não concedeu apoio a nenhum candidato. Já na segunda volta do escrutínio entre o candidato apoiado pelo PAIGC, José Mário Vaz (actual Presidente da República) e o candidato independente, Nuno Gomes Nabiam, o Movimento de Apoio à Candidatura de Tcherno Djaló, a pedido do PAIGC, assinara um acordo com o partido em apoio a José Mário Vaz.
 
 
Por: Assana Sambú