segunda-feira, 29 de maio de 2017

ORANGO PARQUE HOTEL, ONDE O LUCRO É INVESTIDO NA COMUNIDADE

O Orango Parque Hotel, situado na ilha de Orango, no arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau, não é um hotel qualquer, é um projeto de desenvolvimento onde o lucro do turismo é investido na comunidade.


"Tudo o que entra reverte a favor da população", explicou Mariana Ferreira, uma etnóloga romena que chegou à Guiné-Bissau nos anos 80, depois de casar com um guineense, e que assumiu a gerência do hotel há um ano.

Construído em 1997 por um italiano, o hotel foi abandonado durante a guerra civil e posto à venda. A estrutura foi comprada pela fundação suíça Mava e doada ao Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), em 2000, quando foi criado o Parque Nacional de Orango.


O IBAP deu a exploração do complexo à organização não-governamental espanhola CDB Habitat, dedicada ao desenvolvimento comunitário.

"Aqui tentou reunir-se toda uma vida quotidiana do povo Bijagó. É importante preservar a cultura", explicou Mariana Ferreira, enquanto apontava para um pequeno museu no hotel, onde estão representados inúmeros objetos utilizados pelos bijagós.

Segundo um estudo sobre as "Dinâmicas e Impactos da Expansão do Turismo" no arquipélago dos Bijagós, elaborado pelo Instituto Marquês de Vale-Flor e a organização não-governamental guineense Tiniguena, o Orango Parque Hotel mostra que é possível praticar o ecoturismo no arquipélago.

Além do lucro reverter a favor da comunidade, o hotel emprega trabalhadores da ilha, que foram formados para assumir os mais diversos cargos, e os salários chegam a ser "quatro vezes superiores" ou de outros funcionários que trabalham em Bubaque (capital económica do arquipélago).

O hotel tem também funcionários especializados para acompanhar os turistas em itinerários de visita ao parque de Orango, que também fazem trabalho de seguimento e identificação de espécies animais.

"A experiência do Orango Parque Hotel é um exemplo relativamente conseguido, subordinado aos imperativos de conservação do ambiente e do desenvolvimento das populações locais", refere o estudo, elaborado há cinco anos.

MSE // PJA