As
eleições gerais desta quarta-feira (07.05) chamaram às urnas 25,3 milhões de
eleitores sul-africanos. Este é o quinto sufrágio democrático e o primeiro a
contar com a geração nascida depois do apartheid.
A
expulsão de três quadros séniores da Comissão Eleitoral Independente (CEI),
alegadamente por má conduta, e os protestos generalizados marcaram o dia de
eleições gerais na África do Sul.
Pelo
menos 97 pessoas foram detidas em todo o país por incidentes relacionados com o
sufrágio, segundo dados das autoridades locais. No entanto, a CEI, organismo
responsável pelo escrutínio, garantiu uma corrida às urnas exemplar.
“Aos
sul-africanos, asseguramos a nossa prontidão para as eleições, não os iremos
desapontar. Realizaremos eleições livres e justas, como fizemos no passado”,
prometeu Pansy Tlakula, presidente da CEI.
Primeiras
eleições democráticas sem Mandela
As
eleições desta quarta-feira são as primeiras depois da morte do ícone da luta
contra o apartheid, Nelson Mandela, e por isso são consideradas “históricas”.
Quem o diz é Ephrahim Khumalo, jornalista e antigo exilado do partido Congresso
Nacional Africano (ANC) em Moçambique.
“Pode
ser uma despedida dos sul-africanos a Nelson Mandela, para lhe dizerem que
ainda o reconhecem e ainda o lembram como líder. Mas podemos também ver
mudanças na votação. Havia pessoas que diziam que votavam no ANC por causa de
Madiba”, recorda Ephrahim Khumalo.
Nas
mesas de voto e nas ruas de Joanesburgo e Pretória, ambas na província de
Gauteng, o ambiente no dia de voto era de normalidade, embora as opiniões sobre
a votação divergissem.
“Não
vou votar, porque não me recenseei. Fazem muitas promessas e não as cumprem”,
lamenta uma sul-africana. Com opinião idêntica, uma outra mulher diz: “Não vou
votar porque os nossos líderes fazem promessas vazias”.
Por
outro lado, uma eleitora comentava: “É a primeira vez que vou votar. Estou
feliz por isso e motivada com o facto de que o meu voto fará a diferença”.
O
liberiano Gabriel Smith, um observador enviado pela União Africana, apelou à
seriedade neste processo.
“Esperamos
que os cidadãos se orgulhem das suas conquistas e da transição do apartheid ao
sistema de governação democrática. Encorajamos os sul-africanos a olharem para
o processo de uma forma séria”, frisou.
ANC
é o vencedor esperado
Para
o sufrágio, recensearam-se cerca de 25,3 milhões de eleitores, um número
recorde, dos quais cerca de 2,3 milhões votam pela primeira vez.
Nas
eleições provinciais, concorrem 44 partidos, enquanto na corrida legislativa e
presidencial contam-se 29 formações.
Os
resultados parciais são conhecidos no sábado, embora a contagem comece já na
noite desta quarta-feira.
O
ANC é tido como favorito com 63 por cento dos votos, de acordo com a última
sondagem divulgada pelo instituto Ipsos. A Aliança Democrática (DA) e o partido
Lutadores da Liberdade Económica (EFF), de Julius Malema, são apontados como as
forças mais prováveis para ocupar o segundo lugar no Parlamento.
Em
causa estão os 400 lugares da assembleia nacional (câmara baixa que elege o
Presidente do país) e os 90 do conselho nacional de províncias (câmara alta). DW