quarta-feira, 7 de maio de 2014

ELEIÇÕES NA ÁFRICA DO SUL MARCADAS POR DETENÇÕES E PROTESTOS


Wahlen in Südafrika
As eleições gerais desta quarta-feira (07.05) chamaram às urnas 25,3 milhões de eleitores sul-africanos. Este é o quinto sufrágio democrático e o primeiro a contar com a geração nascida depois do apartheid.

A expulsão de três quadros séniores da Comissão Eleitoral Independente (CEI), alegadamente por má conduta, e os protestos generalizados marcaram o dia de eleições gerais na África do Sul.

Pelo menos 97 pessoas foram detidas em todo o país por incidentes relacionados com o sufrágio, segundo dados das autoridades locais. No entanto, a CEI, organismo responsável pelo escrutínio, garantiu uma corrida às urnas exemplar.
“Aos sul-africanos, asseguramos a nossa prontidão para as eleições, não os iremos desapontar. Realizaremos eleições livres e justas, como fizemos no passado”, prometeu Pansy Tlakula, presidente da CEI.

Primeiras eleições democráticas sem Mandela

As eleições desta quarta-feira são as primeiras depois da morte do ícone da luta contra o apartheid, Nelson Mandela, e por isso são consideradas “históricas”. Quem o diz é Ephrahim Khumalo, jornalista e antigo exilado do partido Congresso Nacional Africano (ANC) em Moçambique.

“Pode ser uma despedida dos sul-africanos a Nelson Mandela, para lhe dizerem que ainda o reconhecem e ainda o lembram como líder. Mas podemos também ver mudanças na votação. Havia pessoas que diziam que votavam no ANC por causa de Madiba”, recorda Ephrahim Khumalo.

Nas mesas de voto e nas ruas de Joanesburgo e Pretória, ambas na província de Gauteng, o ambiente no dia de voto era de normalidade, embora as opiniões sobre a votação divergissem.

“Não vou votar, porque não me recenseei. Fazem muitas promessas e não as cumprem”, lamenta uma sul-africana. Com opinião idêntica, uma outra mulher diz: “Não vou votar porque os nossos líderes fazem promessas vazias”.

Por outro lado, uma eleitora comentava: “É a primeira vez que vou votar. Estou feliz por isso e motivada com o facto de que o meu voto fará a diferença”.
O liberiano Gabriel Smith, um observador enviado pela União Africana, apelou à seriedade neste processo.

“Esperamos que os cidadãos se orgulhem das suas conquistas e da transição do apartheid ao sistema de governação democrática. Encorajamos os sul-africanos a olharem para o processo de uma forma séria”, frisou.

ANC é o vencedor esperado

Para o sufrágio, recensearam-se cerca de 25,3 milhões de eleitores, um número recorde, dos quais cerca de 2,3 milhões votam pela primeira vez.
Nas eleições provinciais, concorrem 44 partidos, enquanto na corrida legislativa e presidencial contam-se 29 formações.

Os resultados parciais são conhecidos no sábado, embora a contagem comece já na noite desta quarta-feira.

O ANC é tido como favorito com 63 por cento dos votos, de acordo com a última sondagem divulgada pelo instituto Ipsos. A Aliança Democrática (DA) e o partido Lutadores da Liberdade Económica (EFF), de Julius Malema, são apontados como as forças mais prováveis para ocupar o segundo lugar no Parlamento.

Em causa estão os 400 lugares da assembleia nacional (câmara baixa que elege o Presidente do país) e os 90 do conselho nacional de províncias (câmara alta). DW