Valença - O representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José
Ramos-Horta, disse sábado que o novo governo guineense deverá estar formado até
Junho, mês que "será histórico" para aquele país africano de língua
oficial portuguesa.
"Se tinha alguma dúvida há seis meses, depois de muito
diálogo, intensos contactos com todos os actores políticos e militares, estou
convencido que em Junho teremos governo na Guiné-Bissau", afirmou hoje
Ramos-Horta, de visita a Portugal.
Em causa está o resultado das eleições guineenses de 13 de Abril,
que deram a maioria absoluta ao Partido Africano para a Independência da Guiné
e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Domingos Simões Pereira, para formar governo
dois anos depois de um golpe de Estado.
O representante das Nações Unidas defende a necessidade de
"compreensão" para com o primeiro-ministro eleito, dando-lhe
"tempo" e "sem pressão de ninguém", para que possa
constituir "o melhor governo" para o país.
O ex-primeiro-ministro timorense falava à margem da homenagem que
lhe foi feita sábado pela Câmara de Valença, no norte de Portugal, recebendo a
medalha do município pelo seu passado político e pela defesa da paz e
reconciliação em Timor-Leste.
Além desta homenagem, Ramos-Horta reuniu-se naquela cidade com o
secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Luís Campos
Ferreira, apelando à intervenção da diplomacia portuguesa junto da comunidade
internacional para desbloquear um apoio financeiro de "emergência" ao
novo governo a formar por Domingos Simões Pereira.
"Há mecanismos de apoio previstos pela União Europeia para o
próximo ano, mas o povo guineense não pode esperar até 2015. Precisamos de
apoio de Junho até Dezembro deste ano. São algumas dezenas de milhões de
dólares necessários para os próximos seis meses", explicou o representante
das Nações Unidas.
Além do pagamento de salários a funcionários públicos, a aquisição
de medicamentos, de equipamentos de saúde ou a importação de alimentos são
áreas prioritárias, disse ainda.
"O povo guineense fez a sua parte, comportou-se (nas
eleições) com exemplaridade, com grande civilidade, regressámos à ordem
constitucional. Agora cabe à comunidade internacional cumprir com as suas
promessas e obrigações, morais e éticas", apontou Ramos-Horta. Fonte: Aqui