Nuno Nabiam, Homi di mudança
Bissau, 18 Maio 2014 - As
urnas para a segunda volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau abriram
às 7 horas (8 horas em Portugal Continental), mas a vontade de mudança depois
do golpe de Estado de 2012 levou alguns eleitores para a rua ainda de
madrugada.
Três
horas antes de começar poder escolher um candidato já Eduardo Gomes, 44 anos,
estava à espera junto ao local de umas das mesas de voto da capital.
"Estou
cheio de emoção", disse à Lusa pouco antes de votar, como se disso
dependesse o resto da vida.
Votou
em todas as eleições desde que o multipartidarismo foi instituído, em 1994, mas
conta que desta vez a situação é mais grave, após dois anos de crise profunda
provocada pelo golpe de Estado de abril de 2012.
"Sou
funcionário do Ministério das Finanças e temos quatro meses de salário em
atraso. Temos crianças a estudar, precisamos do dinheiro para pagar a escola,
consultas e outras coisas", relatou.
A
solução vai sair das urnas de voto: "espero que todos os guineenses votem
para mudar a porcaria que temos nesta terra", realçou.
Quem
chega vai sinalizando o lugar na fila (com uma pedra, uma garrafa ou outro
objeto) para depois se juntar aos grupos que vão conversando no espaço em
redor.
Todos
falam do mesmo, da esperança num futuro melhor.
"O
que todos almejamos é que este seja um país próspero", refere Bernardino
Mango, 56 anos, que chegou pelas 6 horas para votar.
"Voto
porque o país precisa de uma mudança radical para melhor" e largar
definitivamente os lugares de fundo de tabela que o colocam sempre como um dos
mais pobres do mundo.
Maria
de Fátima Almada, 54 anos, sente as dificuldades todos os dias ao cuidar da família
e é por isso que saiu de casa cedo, cheia de vontade de votar.
"Penso
que toda a gente deve votar, mesmo os que estiverem doentes. Deviam mandar a
urna até eles", referiu, porque "o importante é votar para tirar a
Guiné-Bissau do estado em que está".
A
maioria dos eleitores registados são mulheres, mas Maria de Fátima e uma amiga
são as únicas numa fila constituída por homens poucos minutos antes das 7
horas. Fonte: Aqui
Leia também: Guiné-Bissau/Eleições: Candidato independente Nuno Nabian anuncia "um novo país" a partir de segunda-feira
"Está a chegar a hora da mudança. A nossa vitória é uma certeza absoluta. A partir de segunda-feira vamos ter um novo país", afirmou Nuno Nabian, de 48 anos, independente mas apoiado nesta segunda volta pelo Partido da Renovação Social (PRS) e um grupo de 12 pequenos partidos.
Nabian afirmou estar confiante na vitória mas disse também que a responsabilidade está nas mãos dos guineenes que já sabem as diferenças entre o seu projecto para o país e o do seu adversário José Mário Vaz.
Nabian afirmou estar confiante na vitória mas disse também que a responsabilidade está nas mãos dos guineenes que já sabem as diferenças entre o seu projecto para o país e o do seu adversário José Mário Vaz.
"Nós somos uma nova geração, personificamos a mudança" para a Guiné-Bissau onde, salientou, se vai privilegiar o ensino e a modernização do país, disse.
Nuno Nabian voltou a atacar José Mário Vaz que diz não ter "moral nem condições políticas" para ser candidato à presidência da Guiné-Bissau por alegadamente ter processos crimes contra si na justiça.
A mesma ideia de estabilidade para o governo do PAIGC a ser liderado por Domingos Simões Pereira fora defendida por Hélder Vaz, um dos vários candidatos às presidenciais derrotados na primeira volta realizada a 13 de abril, mas que apoiam Nuno Nabian.
"A estabilidade do governo do engenheiro Domingos Simões Pereira enquanto primeiro-ministro chama-se Nuno Nabian", defendeu Hélder Vaz.