Ramos-Horta(na foto), quando levou tiros em Timor Leste. E porque é que levou tiros?
Por: Okutó Pisilon
Ramos-Horta publicou no seu site, em jeito de despedida sempre adiada, nos últimos dias, uma “carta aberta” aos guineenses. Terá justificado a sua permanência pela necessidade de assistir a tomada de posse dos novos dirigentes, que desde a primeira hora foram, para ele, Alfa e Omega da sua estratégia política. Na dita carta, o Nobel da Paz, para exibir o seu conhecimento do país e do povo guineense, falou das suas visitas aos bairros da capital; das tabancas do interior da nossa terra; das conversas com as crianças, jovens, adultos, velhos, homens e mulheres de todas as regiões da Guiné-Bissau. Saudou as autoridades da transição que sempre dispersou e o António Injai. Disse inclusivé ter escutado por parte do povo guineense - que até chama de irmão - vozes de incentivo no trabalho desenvolvido e apelos impacientes no apoio ao resgate do país do fundo do poço em que se encontrava e ainda se encontra.
Ramos-Horta ouviu os desabafos da nossa gente, mas não atingiu o alcance da “mensagem” que escutou. Espero que tenha a hombridade de incluir este breve reparo no seu relatório para o Conselho de Segurança e ao Secretário-geral das Nações Unidas. Quando chegou a Guiné-Bissau disse: “ Não vim cá com nenhuma agenda pessoal, vim apenas com a missão de ouvir os guineenses e propor ideias ao secretário-geral das Nações Unidas". No início dizia uma coisa. Hoje, a conversa é completamente antagónica. Ramos-Horta, procurou, desde logo, uma “varinha mágica” que o levasse a “cativar”, politicamente, os guineenses. Começou com a mensagem de enxovalhamento das nossas forças armadas, parecia caixa-de-ressonância da CPLP. Mas, rapidamente, apercebeu-se do perigo do boato, inverteu o caminho. Tinha a imagem execrada de António Injai. Dizia numa entrevista ao jornal cabo-verdiano, “A Semana”, que aconselhava os seus guarda-costas a guardar as suas pistolas, porque não lhes serviriam para nada, visto que Injai dispara com bazuca. O timorense não era flor que se cheirava em Bissau nessa época! Procurou a aproximação com Kumba Yalá e deu uma pirueta que funcionou na perfeição. Apercebeu-se do recuo dos militares em termos do controlo efetivo do poder político, emergiu! Já não estava ali só para ouvir os guineenses, mas sim controlar as ações do Governo de Transição e das forças armadas. Era vantajoso para Ramos-Horta o fato do Governo de Transição não ter conseguido eximir-se do epíteto de “golpista” e “arruaceiro”. Não os dizia, mas usou-os como triunfo para os chantagear e inibir politicamente. De repente, sentiu-se como um peixe na água. Para ele, era como que toda a nação guineense se tivesse prostrado em agruras suplicando pela absolvição ao anjo enviado por Deus. O Nobel da Paz sentia-se como a única entidade legal na Guiné-Bissau. No ponto de vista do Representante de Ban Ki-Moon, o Estado guineense virou pária. A CEDEAO era a única entidade que não se enveredou pelo aviltamento político das autoridades de transição.
Portanto, o que o mundo precisa de saber é de que esta Representação na Guiné-Bissau, não passa de uma paródia! O “guisado” político de Ramos-Horta é um autêntico barril de pólvora, que pode explodir a qualquer momento. Sabemos que o seu mandato não contemplava o forrobodó que dava em Bissau. Ele era as duas faces da mesma moeda. Se cara representava a ONU a coroa a CPLP (Portugal, Angola e Cabo Verde). Omnipresente e rasca, espiava todas as instituições do Estado, onde entrava sem marcar audiência. Omnisciente, ditava ordens aos chefes, fossem eles civis ou militares. Circulava por Bissau e para o interior parecia o Pai Natal distribuindo dinheiro que trazia na mala. É um folgazão atuando de dia e de noite nos bairros da pacata cidade. Conta-se que engravidou uma rapariga pelos lados do bairro D’Ajuda e está a tentar materializar a sua ideia de habitar uma das ilhas dos bijagós.
É evidente que, no âmbito político, havia duas grandes tendências antagónicas, sobretudo nas presidenciais passadas. Se por um lado, o candidato Nuno Gomes Nabiam era apoiado pelo timoneiro da democracia multipartidária, Kumba Yala, por outro, o candidato-arguido, do PAIGC, José Mário Vaz, era apadrinhado, pela calada, por Ramos-Horta. Portanto, podemos afirmar que o beneficiário direto do desaparecimento físico de Kumba Yala era Ramos-Horta e todos os interesses que perfilavam nas suas costas. A aceitação e a conformação com os resultados eleitorais publicados pela CNE, terá sido uma das consequências do desaparecimento de Yala. As contas nunca bateram certo! O Nobel da Paz tornou-se mais petulante nessas alturas. Praticamente virou o Estado-Maior das Forças Armadas a nova sede da ONU. Tera sido nessas alturas também que Injai passou de vilão para aliado de Ramos-Horta.
A ideia de retornar o PAIGC no poder nasceu com a nomeação de Ramos-Horta como Representante de Ban Ki-Moon. Por sua influência, o PAIGC, no seu último Congresso do PAIGC em Cacheu, “comprou saninho na koba”. Terá oferecido aos libertadores, em troca da escolha de Domingos Simões Pereira como líder, o apoio internacional para o desenvolvimento do país. A pressão era enorme para que Pereira fosse entronizado em Cacheu. Como dizia, o Representante de Ban Ki-Moon interferiu grosseiramente na escolha pelo Supremo Tribunal de Justiça da candidatura do arguido José Mário Vaz às presidenciais. O sua circulação diligente durante os momentos que precederam a publicação dos resultados eleitorais da segunda volta das presidenciais deixa muitas pistas sobre a deturpação dos resultados pela CNE. A aliança para o retorno do PAIGC ao poder culminaria, então, com a publicação imprudente e descabida do comunicado das forças armadas, logo após a leitura precipitada dos resultados provisórios pela CNE…
Estaríamos, assim, diante de mais uma das mil provocações com o objetivo de nos baralhar as contas, a fim de poderem validar as suas teses de “invasão militar” para o retorno aos tempos da velha senhora, a Guiné-Portuguesa.
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