O Secretário-executivo da Plataforma das Organizações Não Governamentais e Associações de Base da Região de Bafatá, Bubacar Djaló, disse numa entrevista exclusiva ao Jornal “O Democrata”, que a sua organização está contra o preço de 15 mil francos CFA por hora, estipulado pelo executivo para aluguer de tractores agrícolas por hora. Todavia, acrescentou que tractores privados são alugados aos agricultores ao preço de 10 mil francos CFA, por hora.
Esta organização da sociedade civil da Região de Bafatá conta actualmente com 75 membros, entre associações e organizações não-governamentais de desenvolvimento. A plataforma ajuda na orientação e identificação de parceiros a quem os seus associados podem submeter determinados projectos. A Plataforma serve como um espaço de concertação entre as ONG’s e associações de base sedeadas na Região de Bafatá, mas também serve de solução para eventuais problemas que possam surgir no seio das organizações filiadas.
Bubacar Djaló disse que o valor fixado pelo executivo incentiva desta forma os privados, que praticam um preço mais baixo, a cobrarem o mesmo preço práticado pelo governo. Contudo mostrou que o executivo é quem deveria aplicar o preço de aluguer mais baixo para tractores de lavoura, de forma a incentivar os privados a praticarem igualmente preços mais baixos.
Acrescentou ainda que a atitude do governo retira o direito às pessoas com menos recursos financeiros, em detrimento de indivíduos que possuem dinheiro para pagar os elevados custos do aluguer do tractor. Salientou neste particular que a economia dos agricultores nacionais depende, na sua maioria, da campanha de comercialização da castanha de cajú.
“Sabemos que a castanha foi comprada a um bom preço, mas também sabemos que este ano houve pouca produção da castanha a nível da Região de Bafatá, tornando nulo o poder de compra dos camponeses”, explicou.
Solicitado a pronunciar-se se a plataforma está a fazer algumas diligências junto da Delegacia Regional da Agricultura no sentido de pedir uma redução do preço de aluguer do tractor, explicou que a sua organização tentou convencer o delegado regional no sentido de baixar o preço do aluguer das máquinas de lavoura, mas a resposta da representação do ministério da agricultura na região é de que o preço teria sido decidido em Bissau.
PLATAFORMA ORGANIZA PRIMEIRA EDIÇÃO DE FESTIVAL DAS ONG’S DE BAFATÁ
Djaló avançou ainda que a sua organização pretende organizar a primeira edição do festival das ONG’s, onde será debatida o papel das organizações que actuam na Região de Bafatá. Informou ainda que durante o festival cada organização terá a palavra para espelhar os sucessos e insucessos durante a sua intervenção na região.
Bubacar Djaló assinalou que será avaliado as contribuições das organizações na região, assim como as mudanças verificadas. Segundo o responsável da plataforma, o evento vai servir de espaço de fazer o diagnóstico e avaliar as falhas que impossibilitaram a eficiência dos projectos já implementados em Bafatá, para que no futuro não sejam cometidos os mesmos erros do passado.
O Secretário-executivo da plataforma revelou que a sua organização tem um projecto de rádio que poderá funcionar ainda este ano na cidade de Bafatá. Explicou que a estacão emissora que a sua organização pretende criar será denominado de “Canal Sul – Rádio Mulher de Bafatá”.
Frisou, no entanto que foi graças a Rádio Nacional de Espanha é que conseguiu equipamentos para abertura desta nova estação radiofónica, tendo acrescentado que a futura emissora trabalhará em estreita colaboração com o Canal Sul de Espanha.
DJALÓ CONSIDERA DE POSITIVO OS CINCO ANOS DA PLATAFORMA
Bubacar Djaló considera de positivo os cinco anos da existência da organização que dirige, apontando que as organizações e parceiros do desenvolvimento não estavam organizados no passado, mas com a criação da plataforma conseguiu-se organizar.
“Ajudamos com a criação da plataforma a harmonizar a linguagem das ONG’s na região. Acima de tudo a plataforma serve ainda de um fórum de diálogo e concertação das organizações na região”, disse.
Não obstante os sucessos, Djaló não esconde algumas dificuldades da sua organização, sobretudo naquilo que diz respeito aos primeiros anos na ONG na região. Acrescentando que a plataforma não tem nenhum parceiro financiador, mas sim funciona com os próprios fundos provenientes das quotas dos membros.
A nossa reportagem falou igualmente com o responsável do gabinete técnico da plataforma, Samba Buaró, que pronunciou sobre a escassez da água potável na cidade de Bafatá.
Buaró sublinhou que não se fez o trabalho de reabilitação da antiga rede de distribuição de água, pelo que se continua registar dificuldade na distribuição da água e frequentes cortes ou rebentamento de tubos.
“Sendo assim teremos sempre dificuldades de água, porque a população de Bafatá hoje é superior ao período em que a rede de distribuição de água foi montada, por isso, precisa ser ampliada para responder as exigências do sector”, precisou.
Relativamente a campanha agrícola, Samba Buaró disse que a plataforma depois de ter a informação da disponibilidade do governo em apoiar os camponeses com as sementes agrícolas tomou a iniciativa de produzir uma lista com nomes das associações que apoiam os camponeses na região e submetê-la a delegacia regional da agricultura, a fim de apoiar aquelas organizações camponesas.
Em relação aos tractores, Buaró indicou que mesmo com os novos tractores que o executivo disponibilizou não se conseguiu responder as necessidades da população dos locais beneficiados. Por isso, pediu que o governo esforce ainda mais no sentido de corresponder às exigências da população da Região de Bafatá.
CRIMINALIDADE DIMINUIU BASTANTE NA REGIÃO DE BAFATÁ
O responsável da plataforma das organizações e associações de base da Região de Bafatá, Bubacar Djaló afirmou aos microfones do jornal “O Democrata” que a situação de crime diminuiu bastante na região, onde nasceu o fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana. Acrescentando que o tal resultado foi possível, graças aos trabalhos que as ONG’s estão a desenvolver junto das comunidades da região.
Salientou ainda que dantes é notável em cada semana ouvir as informações das pessoas que cometem homicídios por causa das mulheres ou do roubo de gado.
“Mas agora é difícil ouvir isso, as vezes durante um ano pode-se ouvir um ou dois casos do género”, contou.
Outro assunto que preocupa organizações que actuam na região tem a ver com os frequentes casos de casamento precoce, agressões e a mutilação genital feminina. O responsável da plataforma assegurou que a sua organização pretende em colaboração com os seus associados trabalhar seriamente na mudança de comportamento das pessoas sobre o referido assunto.
Revelou que a população da Região de Bafatá quer ver o governo e as organizações que trabalham na erradicação do casamento precoce à dedicarem também ao assunto da gravidez precoce. Informou ainda que a população pede a criação de normas e leis que responsabilizam as pessoas que incentivam ou praticam o casamento precoce.
A equipa de reportagem de Jornal “O Democrata” encontrou, durante a sua visita às instalações da plataforma, a associação “Super Ganhila” de Saré-Meta que se deslocou-se a aquela secção de sector de Bafatá para se inscrever na plataforma.
A associação de mulheres de Saré-Meta é uma associação de base que opera no sector de agricultura, nomeadamente na produção de batata-doce.
Por: Sene Camará/Alcene Sidibé