Um grande número de professores apoiados por investidores como Bill Gates e Mark Zuckerberg está envolvido numa missão: levar educação barata e privada a milhões de crianças que estão entre as mais pobres do mundo, sobretudo em África.
Shannon May diz que a empresa é mais eficaz em termos de custos do que as escolas quenianas públicas e que proporciona um ensino melhor.
Os fundadores da Bridge desafiam a antiga crença de que os governos é que devem promover programas de educação em massa, e não as empresas. O objetivo deste é educar 10 milhões de crianças e gerar receitas através da expansão do seu modelo educacional padronizado e baseado na internet por toda a África e na Ásia.
Internet e tablets são utilizados para apresentar os planos de aulas usados pelos professores. Os tablets também servem para reunir resultados das provas feitas pelos estudantes, espalhados por centenas de cidades e vilas, e para monitorizar o progresso dos alunos.
«É como administrar a Starbucks», diz Greg Mauro, sócio da firma de capital de risco Learn Capital LLC, a maior acionista da Bridge, com uma fatia de 15%, comparando o projeto aos sistemas e procedimentos padronizados da rede americana de lojas de café, que podem ser sempre copiados para novas lojas. Se tudo ocorrer conforme o planeado, esta startup de educação, administrada por americanos mas com sede em Nairobi, deve começar a ser cotada em bolsa, em Nova Iorque, em 2017.
Mauro investiu na empresa juntamente com Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft, e com Pierre Omidyar, da Omidyar Network e um dos fundadores do e-Bay, além de vários outros investidores, que já colocaram mais de 100 milhões de dólares na empresa. 90% destes são investimentos em troca de participações, de acordo com a Bridge.
Em março, Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook, investiu 10 milhões de dólares na empresa. O investimento ocorre ao mesmo tempo que a rede social se expande em mercados emergentes, onde poderá potencialmente conquistar biliões de novos clientes. Quanto a Bill Gates, este viu «uma inovação significativa na abordagem e quis apoiá-la pessoalmente», explicou uma porta-voz do empresário.
Uma das fundadoras da Bridge, Shannon May, diz que a empresa é mais eficaz em termos de custos do que as escolas quenianas públicas, e que proporciona um ensino melhor. Os professores das escolas públicas do Quénia passam uma média de 2 horas e 40 minutos por dia a ensinar, segundo um relatório do Banco Mundial de 2013, e quando o documento foi elaborado concluiu-se que 45% dos professores não trabalhavam – 16% estavam ausentes da escola, 27% estavam na escola mas não na sala de aula e 2% estavam na sala de aula, mas não estavam a ensinar. A Bridge afirma que os seus professores lecionam mais de oito horas por dia e que as faltas não justificadas são inferiores a 1%.
A empresa conta com uma previsão de forte crescimento para os próximos dez anos, ainda que até agora não tenha registado qualquer lucro. E um dos atrativos está nas turmas: o tamanho médio de uma turma da Bridge é de 30 alunos. Em algumas escolas públicas do Quénia, a proporção entre alunos e professores é de 100 alunos por sala e por docente, de acordo com o sindicato dos professores.
Os professores da Bridge ganham em média 10 mil xelins quenianos por mês (cerca de 110 dólares). É menos da metade do salário nas escolas públicas, mas mais do que o valor pago noutras escolas particulares, explica May. Há escolas privadas baratas, a maior parte delas religiosas ou organizadas por comunidades individuais, mas a Bridge afirma que a sua vantagem vem do uso da tecnologia e de procedimentos padronizados, que melhoram a qualidade da educação que oferece.
No mês passado, a Bridge abriu as suas primeiras sete escolas no Uganda, e deverão abrir mais 65 no país até ao fim do ano. Também pretende expandir-se para a Nigéria até o fim de 2015 e chegar à Índia na segunda metade de 2016.
O progresso da Bridge acontece num momento em que empresas com fins lucrativos estão a assumir um papel maior no desenvolvimento de África, tentando ganhar dinheiro com negócios que frequentemente têm um propósito social. Os financiamentos obtidos por meio de firmas de private equity para investimentos na África subsaariana mais do que triplicaram, para o valor recorde de 4 mil milhões de dólares em 2014, face ao ano anterior, de acordo com a Emerging Markets Private Equity Association, de Washington. Algumas firmas de private equity também têm investido em serviços de saúde, creches e universidades privadas em África. Fonte: Aqui