Pontos a reter da entrevista:
Nós não estamos a defender o uso das mini-saias.
Há mulheres que estão a levar capulanas e também estão a ser violadas.
quando se diz que elas estão a ser violadas porque a saia mostra os joelhos, isso não é proteger as raparigas, é culpabilizá-las e criminalizá-las. E nós dizemos "não" a isso. O culpado é o agressor - Eva Anadón
Eva Anadón, ativista dos direitos das mulheres, foi expulsa de Moçambique, na quarta-feira, por participar numa alegada manifestação ilegal. Numa entrevista exclusiva à DW África, reage à expulsão.
Eva Anadón Moreno foi para Moçambique há cerca de quatro anos para trabalhar num projeto das Nações Unidas. Esteve envolvida em vários programas relacionados com os direitos das mulheres e, atualmente, faz parte do secretariado internacional da Marcha Mundial das Mulheres, um movimento feminista. Esta semana, foi expulsa de Moçambique.
A ativista participou, a 18 de março, numa atividade junto de uma escola moçambicana contra o assédio sexual. Foi detida nesse dia em conjunto com outras quatro ativistas, e foram libertadas passado algumas horas. Três das ativistas eram moçambicanas, outra era uma cidadã brasileira, que estava apenas de passagem e saiu do país poucos dias depois.
Eva Anadón: "A luta continua"
Mas, na quarta-feira, as autoridades moçambicanas expulsaram Eva Anadón, alegadamente por ter participado numa "manifestação ilegal [...] gritando slogans contrários aos bons costumes da República de Moçambique", segundo um comunicado do Ministério do Interior.
O despacho gerou uma onda de críticas. Vários ativistas consideraram a medida excessiva. Esta sexta-feira, o embaixador moçambicano em Madrid, José António Matsinha, foi convocado pelo Governo espanhol para uma reunião. A Procuradoria-Geral da República de Moçambique garantiu que vai averiguar o caso.
A DW África falou com Eva Anadón Moreno sobre as circunstâncias da expulsão e os próximos passos da ativista.
DW África: Como reagiu ao ser informada de que iria ser expulsa de Moçambique?
Eva Anadón Moreno (EAM): Foi tudo muito rápido. O processo de expulsão tem sido irregular. O despacho do Ministério citava a minha expulsão, mas não se falava sobre o procedimento da expulsão. Eu não sabia quantas horas tinha para arrumar as minhas coisas. Como isso não estava claro, quando recebi o despacho fui imediatamente colocada num carro e levada para o aeroporto.