sábado, 17 de setembro de 2016

Editorial: POPULISMO AO SERVIÇO DE INCOMPETÊNCIA!

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Qualquer guineense, patriota e honesto, é abalado pelo sentimento de vergonha perante o inexplicável populismo que caracterizou a vinda da missão presidencial da CEDEAO ao país. Um autêntico teatro com vigor e rigor. A estratégia infeliz da Presidência da República, tristemente executada pelo ministro publicista do Interior,  era de confundir a opinião pública sobre o real objectivo da missão da CEDEAO a Guiné-Bissau.

O Presidente da República quis transformar a referida viagem  de mediação do profundo impasse político no país para uma visita de Estado. Tudo foi feito para deturpar a verdadeira agenda dos parceiros da CEDEAO numa altura em que o povo está frustrado e cansado. Felizmente, apesar de muito barulho, muita publicidade, vários guineenses criticaram abertamente a iniciativa populista da Presidência de mandar pessoas sair às ruas.

O povo guineense não tem motivo para receber em pompas e circunstâncias uma missão de mediação. O povo quer, sim, a estabilidade política efectiva para, soberanamente, construir o seu merecido futuro. O povo quer que os políticos sejam responsáveis perante os problemas que o país enfrenta. O povo quer boas escolas, bons hospitais, estradas não esburacadas. Este povo quer recuperar a sua dignidade há muito tempo perdida no meio da incompetência e do oportunismo da classe política guineense que cumulativamente deixou no país no abismo.
Perante um Estado ajoelhado, instituições moribundas, o Presidente JOMAV opta pela propaganda como forma de desviar atenção dos menos atentos da verdadeira crise instalada há mais de um ano. A solução não resultará, seguramente, dessas “brincadeiras de mau gosto”. A verdadeira solução virá de uma nova atitude responsável dos políticos, assumindo a postura de abandonar a lógica de mentira, ganância e egoísmo. A nova atitude deve assentar-se na cultura de franqueza e honestidade – alicerce para o início da solução política sustentável; sustentada pelo comprometimento com o diálogo enquanto a única arma para consensos na diversidade.
A classe política guineense deve mudar de atitude sob pena de ser ultrapassada pelos contornos desta crise. A CEDEAO não podia ficar indiferente de uma crise prolongada sem fim a vista. Reagiu e bem. Não há ingerência alguma nesta iniciativa do bloco presidencial. Perante a incapacidade gritante dos actores nacionais em encontrar uma solução interna, um actor externo, a CEDEAO, devia intervir, sobretudo quando suporta. em bilhões de francos CFA, o financiamento de um contingente no solo nacional. Tem que se encontrar uma solução ao impasse através de um diálogo sério que conduza a uma solução equilibrada de partilha do poder. Para nós, a melhor fórmula seria a indigitação de uma figura independente credível para dirigir o governo de inclusão com uma missão bem definida.
A fórmula discursiva política de dizer “vamos mudar a página” está em desuso, talvez precisa-se “mudar de livro”. Pois, é a hora de a classe política deste país compreender que a desordem tem limite, a paciência tem fronteira. Não se pode continuar eternamente nesta brincadeira, de roubo, de mentira. Em suma, o povo está farto de instabilidade, de corrupção e ganância. O povo quer construir um país moderno e estável.
Por: Asssana Sambú