Bissau,05 Mai 17(ANG) – O líder religioso, mestre Causo Baldé afirmou hoje em entrevista exclusiva à ANG que o principal motivo da crise política que assola o país tem a ver com os interesses pessoais dos políticos, e não o desenvolvimento da Guiné-Bissau.
“A actual crise em que está mergulhada o país não beneficia, em nada, o povo guineense e muito menos ao desenvolvimento do país. Os nossos políticos acabam por demonstrar que, de facto, falharam nas suas promessas eleitorais”, sublinhou.
Referiu, a título de exemplo, que há muitos anos que não pisa os pés no Hospital Nacional Simão Mendes e que recentemente por causa do internamento de sua sogra, que infelizmente acabou por falecer, esteve no Simão Mendes mas que recebeu de seus familiares más informações sobre o atendimento nesse maior hospital do país.
“Recebi informações de que o Hospital Nacional Simão Mendes carece de tudo, desde camas, colchões entre outros. Mas pergunto quanto custa uma viatura da marca VX que os nossos ministros, secretários de Estado e diretores-gerais ostentam. O dinheiro gasto na compra de uma viatura VX pode comprar quantas camas para o hospital”, questionou .
O líder religioso frisou que os políticos guineenses querem tomar dianteiras de todas as coisas na Guiné-Bissau, desde boas vivendas, viaturas de últimas gamas, quintas entre outros.
“Ao fim ao cabo qual será o resultado das suas prestações para o povo da Guiné-Bissau. Se essa prática prevalecer vamos estar longe do arranque para o desenvolvimento”, considerou.
O líder religioso disse que Deus não está a dormir e que os que estão a brincar com este povo, que já sofreu muito, um dia serão castigados.
“Peço aos meus irmãos, principalmente aos governantes, para pensarem primeiro no país e o seu povo. Devem se envergonhar perante o nível de desenvolvimento alcançado por Cabo Verde, um país que demos a independência”, referiu.
Causo Baldé exortou ainda aos governantes para terem vergonha, acrescentando que basta ultrapassar a fronteira com o Senegal para se notar a diferença nas estradas.
“A título de exemplo, actualmente os hospitais de Zinguinchor, considerado quinta região do Senegal, é agora o local privilegiado de tratamento para a maioria dos doentes da Guiné-Bissau”, lamentou.
Disse que a Guiné-Bissau, uma pequena parcela do território, foi há anos palco de assassinatos, golpes de Estado, ódios, vinganças entre os seus filhos, desde a sua independência.
“Continuarei a rezar e a pedir à Deus para que um dia os guineenses se entendam uns aos outros e ultrapassem a situação de crise”, vincou.
Causo Baldé salientou que já fez vários contactos com os actores da crise política do país, nomeadamente o líder do parlamento e dos partidos com assento parlamentar mas que nada surtiu efeitos.
ANG/ÂC/SG