segunda-feira, 27 de julho de 2015

CAMPONESES DE BAFATÁ CORREM RISCO DE PERDER GRANDE PARTE DOS CULTIVOS

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Mais de duas dezenas de camponeses de Associação Campossa correm risco de perder uma parte significativa das suas lavouras de arroz da presente campanha agrícola, devido a insuficiência de água para irrigação das bolanhas. Campossa situa-se no sector de Bafatá (zona da ponte que liga a cidade de Bafatá à vila de Bantandjam – zona do leito de rio Geba). No entanto, a bolanha pertence às mulheres viúvas daquele sector e alguns camponeses que decidiram trabalhar naquele campo.
 
A Associação Campossa, de acordo com informações apuradas, é uma organização de mulheres viúvas composta de cerca de 500 camponesas e tem mais de 20 anos de existência.
 
Conforme relatos das mulheres interpeladas pela nossa reportagem, os dirigentes da associação que gere a questão das motobombas agem de má-fé. Demoram em resolver problemas técnicos das máquinas que bombeiam a água para a bolanha. Um dos elementos da associação explicou à nossa reportagem que as motobombas apresentam sempre problemas técnicos, mas também que, às vezes, acabam por deixar de funcionar em pleno momento de trabalho, devido a falta de combustível.
 
MULHERES CAMPONESAS LAMENTAM OS SACRIFÍCIOS CONSENTIDOS E AS LAVRAS ESTRAGADAS POR FALTA DE ÁGUA
 
Uma equipa de reportagem do jornal “O Democrata” deslocou-se à bolanha de campossa e constatou “in loco” a situação de arroz já cultivado que está a secar, em alguns campos, por falta de água. No local, a nossa reportagem registou o sofrimento e o desespero das camponesas que lamentaram aos microfones de “O Democrata” o sacrifício que consentiram durante seis meses naquela localidade, com o objectivo de conseguir uma boa safra para garantir o sustento familiar.
 
Alguns agricultores que ainda não recolheram as suas colheitas estão assustadas  com a situação que se regista. Mostraram-se também muito preocupados com o aumento das chuvas que se verifica no mês de Agosto. Segundo as camponesas, as chuvadas do mês de Agosto poderão provocar igualmente inundações nas bolanhas e consequentemente estragar a lavoura.
 
As mulheres camponesas aproveitaram a reportagem do semanário “O Democrata” para pedir apoios às autoridades competentes, no sentido de ajudá-los a ultrapassar a situação, dado que trabalham por conta própria para ajudar na sobrevivência dos seus filhos.
 
Uma das mulheres camponesas que a nossa reportagem interpelou, Mariama Seide, informou que pagam uma soma de 32.500 Francos CFA (trinta e dois mil quinhentos francos cfa) por cada bolanha.
 
“Pagamos essa quantia por cada bolanha e deixamos a família em casa sem nada, com esperança de conseguir uma boa colheita. Os dirigentes de associação dizem-nos que as motobombas estão com avarias técnicas ou por vezes que não têm combustível”, contou a camponesa, que entretanto, pediu as autoridades que tomassem a conta da gestão das bolanhas, porque segundo as suas declarações, os dirigentes da associação não resolvem os problemas dos associados.
 
Assegurou ainda que os dirigentes da associação só se preocupam com os seus interesses, porque já fizeram as suas colheitas, razão pela qual não se interessaram de mais ninguém.
 
Outra camponesa contacta pela nossa reportagem, Maimuna Baldé, contou  que este ano não conseguiu nem um quarto do que costumava conseguir nos anos anteriores devido a falta de água. Advertiu os dirigentes da Associação Campossa no sentido de se preocuparem com as graves consequências que a referida situação poderá causar aos camponeses e alertou-os no sentido de começarem a pensar numa solução que poderá aliviar ou ajudar os camponeses afectados.
 
“Além de 32.500 francos CFA que pagamos pelas bolanhas, também pagamos para a motocultivadora 11 mil francos CFA e pagamos mais 11.500 F.CFA para a máquina de colheita. Pagamos tudo isso e mais o sacrifício de estar aí todos os dias sob o sol e chuva, cuidando para que as aves não estraguem a nossa cultura”, lamentou a camponesa.
 
PRESIDENTE DE ASSOCIAÇÃO NEGA TER PRATICADO MÁ GESTÃO DE FUNDOS DA ORGANIZAÇÃO
 
Entretanto, a nossa reportagem contactou a presidente da Associação Camposa para que se pronuncie sobre as denúncias feitas pelos associados, relativamentea à má gestão da organização da parte da sua direcção.
 
A presidente da Associação Campossa, Maria Cândida Sambú, esclareceu que a organização que dirige possui cinco motobombas que facilitam o sistema de irrigação. Contudo, negou a acusação de má gestão alegada pelos seus associados.
 
Contou ainda que a maior dificuldade que atravessam tem a ver com a falta de combustível para fazer funcionar as motobombas.
 
A presidente de Camposa disse que a maioria das camponesas de Camposa já fez os cortes do arroz, mas que houve alguns atrasos devido a falta de combustível.
 
Sobre o pagamento das associadas, a responsável sustentou que a quantia de 32.500 F.CFA pagas corresponde às quotas anuais obrigatórias para cada sócio.
 
Maria Cândida Sambú disse que esses fundos é revertido para a compra de combustível para abastecimento das motobombas.
 
Cândida Sambú informou que a sua organização nunca recebeu apoio directo do governo. Mas que apenas este ano o governo prometeu comprar o arroz de Campossa para distribuir aos camponeses como sementes.
 
Esta responsável assegurou ainda que único apoio que a sua organização beneficiou foi do governo chinês que sempre levou alguns associados a receberem formações na China nos domínios de agrícola.
 
Por: Sene Camará/Alcene Sidibé