domingo, 26 de julho de 2015

BURUNDI: PIERRE NKURUNZIZA GANHA TERCEIRO

Burundi: Pierre Nkurunziza ganha terceiro mandato
O presidente da Burundo, Pierre Nkurunziza, foi reeleito e avança para o seu terceiro mandato. Os resultados dão a Nkurunziza 69% dos votos, enquanto que o seu rival mais próximo conseguiu apenas 18,9%.
 
A candidatura de Nkurunziza sobreviveu a três meses de confrontos e a uma tentativa de golpe de Estado. Os seus opositores alegam que um terceiro mandato presidencial viola a Constituição, que prevê o limite de dois mandatos. Mas Nkurunziza, com o apoio do Tribunal Constitucional, diz que o seu primeiro mandato não é válido, uma vez que foi decidido por voto do Parlamento, no mesmo ano em que terminou o conflito civil.
 
Desde que Nkurunziza anunciou a sua candidatura, no final de Abril, morreram cerca de 100 pessoas em confrontos com a polícia e exército e mais de 175 mil fugiram para países vizinhos. As principais figuras da oposição boicotaram as eleições desta semana, alegando abusos da polícia e exército. Um relatório da Amnistia Internacional divulgado na última quinta-feira veio dar força a estas acusações. De acordo com a organização humanitária, as autoridades do Burundi usaram força mortífera para dispersarem manifestações pacíficas contra Nkurunziza.
 
A contestação vem também do exterior. União Europeia, Estados Unidos – as principais fontes de ajuda humanitária ao país – e também a União Africana dizem que as eleições no Burundi não deram garantias de serem livres ou justas. Nas semanas que antecederam o voto, aliás, europeus e norte-americanos ameaçaram cortar apoios ao país e acenaram com sanções caso Nkurunziza tentasse o terceiro mandato.
 
Mas o maior risco para o Burundi é que se reacendam as tensões que alimentaram a guerra civil entre 1993 e 2005. Cerca de 300 mil pessoas morreram ao longo dos 12 anos em confrontos entre as comunidades hutu e tutsi – Nkurunziza foi comandante de uma guerrilha da maioria hutu – e o fantasma do conflito provoca agora o êxodo do país. À semelhança do Ruanda, também o Burundi atravessou então um período de violenta limpeza étnica.
No rescaldo da tentativa falha
da de golpe de Estado, em Maio, um grupo de generais no exílio lançou uma revolta armada nas regiões Norte. As Nações Unidas alertam para o número de refugiados do Burundi, que fogem da violência e que pode aumentar para mais de meio milhão de pessoas.
 
Público.pt