Os Baka, pigmeus do oeste da África equatorial, nascem com medidas padronizadas, mas crescem pouco até aos três anos de idade, enquanto os seus primos do leste vêm ao mundo com tamanho reduzido. São duas evoluções diferentes para um mesmo objetivo: adaptarem-se à floresta equatorial.
Já era sabido que o pequeno tamanho dos pigmeus era explicado pela genética, mas os investigadores não tinham dados confiáveis para analisar o seu crescimento. Os registos da missão católica de Moange-le-Bosquet, nos Camarões, permitiram estudar 500 membros da etnia Baka durante oito anos. Este longo estudo permitiu traçar as primeiras curvas de crescimento para os pigmeus. O que se concluiu é que a morfologia pigmeia decorre de dois mecanismos diferentes, mas numa evolução convergente em resposta a um ambiente similar: a floresta equatorial.
Os pigmeus ter-se-ão separado em dois grupos, há cerca de 8 mil e 13 mil anos, segundo o referido estudo, publicado nesta terça-feira (28) na revista Nature Communications. O crescimento humano pode evoluir relativamente em pouco tempo. «É uma capacidade talvez reservada a nossa espécie», sugeriu à AFP Fernando Victor Ramirez Rozzi, investigador do CNRS e coautor do estudo.
Segundo a pesquisa, essa plasticidade do crescimento – a sua capacidade de mudar – desempenhou um papel determinante na expansão do homo sapiens fora de África, permitindo a este adaptar-se rapidamente a novos ambientes.
«O nosso ancestral deixou África há 60 mil anos, e alguns milhares de anos mais tarde ocupou todo o planeta, diferentemente de outras espécies de hominídeos, que tiveram uma repartição geográfica limitada», constatou o investigador. «Claro que a cultura desempenhou um papel enorme na evolução, mas também a capacidade (dos nossos ancestrais) de se adaptarem fisicamente aos ambientes hostis», concluiu. Fonte: Aqui