segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CARTA ABERTA

Obrigado, EMPLASTRO  (seguir link à direita).

A suas excelências;

O Secretário Geral da ONU Ban Ki-Moon
com conhecimento: Carlos Gomes Junior, ex-Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau

graças aos bons ofícios do Representante do SGONU para a Guiné-Bissau, Ramos Horta

Enviamos esta carta em jeito de petição, porque entendemos que serve de alerta a todos os guineenses. Ela traduz, ao mesmo tempo, um alerta e chamada de atenção para o perigo que poderá representar a vinda do ex-primeiro ministro deposto, neste momento, para a Guiné-Bissau e sua eventual candidatura às próximas eleições presidenciais, bem como o seu impacto sobre a estabilidade política, a paz social, e o próprio processo de retorno à normalidade constitucional e democrática.

Está longe de significar medo e tão pouco falta de conhecimento ou de reconhecimento dos valores da democracia e das regras do jogo democrático. Ela constitui um alerta porque muitos guineenses têm presente nas suas memórias, os assassinatos que, justa ou alegadamente, são atribuídos ao senhor Carlos Gomes Jr. seja na qualidade de mandatário seja na de responsável moral, tendo em conta as suas funções de Chefe do Governo. Aliás, o senhor Carlos Gomes Jr. foi publicamente acusado pelo senhor António N’djai, Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, de ser criminoso e de ter mandado, varias vezes, matar muita gente. (Existem registos e pedimos que o Ministério Publico esclareça este assunto).

Os guineenses lembram-se do assassinato de Tagme Na Waie que muitos consideraram ser uma estratégia e um meio para assassinar Nino Vieira; os guineenses lembram-se da forma bárbara como Nino Vieira foi morto em pleno exercício das suas funções de Presidente da República democraticamente eleito. Este assassinato é atribuído ao senhor Carlos Gomes Jr. Recorda-se que o senhor Carlos Gomes Jr. tinha dito que não garantia a segurança do presidente Nino, e teria dito a um homem de negócios estrangeiro, horas após a morte do CEMFA, que Nino Vieira agora é uma carta fora de baralho, e não escondeu a sua satisfação, no Conselho de ministros do dia 2 de Março de 2009, por este sinistro acontecimento. A LGDH, a CPLP e demais instituições chamadas de «Comunidade Internacional» quase que não se fizeram ouvir o que deixou a sensação de que era algo que há muito desejavam.

Queiram acreditar pois, que não faltará quem venha a ajustar as contas com os presumíveis criminosos; os guineenses lembram-se da forma como o deputado Hélder Proença foi assassinado. Muita gente atribui este crime ao filho do senhor Carlos Gomes Jr, conhecido na praça por N’dundo; os guineenses querem que se faça luz sobre este ignóbil assassinato; os guineenses querem que o senhor representante do Secretário-geral das Nações Unidas, a CPLP, Portugal, Angola e demais parceiros sempre citados pelo senhor Carlos Gomes Jr. como sendo seus apoiantes, ajudem a esclarecer este facto sombrio da sua história.

Os guineenses não se esquecerão do assassinato do deputado Baciro Dabó, na sua residência, acto que muitos atribuem ao ex-Chefe do Estado Maior Zamora Induta a mando de Carlos Gomes Jr., com quem já não se entendia desde que Baciro Dabó ousou desafiá-lo, concorrendo às eleições presidenciais; os guineenses não se esquecerão da morte de Iaia Dabó, irmão mais velho de Baciro Dabó, à sangue frio e à porta do Ministério do Interior, na presença de algumas organizações da Sociedade Civil. Mais uma vez a LGDH não se fez ouvir. Este assassinato, segundo propalado na praça pública, foi mandatado pelo senhor Carlos Gomes Jr. e, sua execução ordenada pelo então ministro do interior Fernando Gomes. Tudo isso porque temiam uma eventual vingança deste irmão de Baciro Dabó.

Os guineenses recordam-se da forma misteriosa como desapareceu Roberto Cacheu depois de inúmeras vezes ter publicamente e nas instâncias do Partido, desafiado o senhor Carlos Gomes Jr., desmascarando-o, e chegando mesmo ao ponto de informar aos membros do Comité Central do PAIGC que foi N’dundo quem tinha disparado contra Hélder Proença. Mais uma vez a LGDH fez ouvidos de mercador; Senhor Ramos Horta, Senhor Carlos Gomes Jr. Esta missiva é um alerta muito sério porque nem as Nações Unidas, nem as tropas da CPLP, poderão proteger o senhor Carlos Gomes Jr. caso os guineenses decidam fazer justiça com as próprias mãos. Se nunca houvekamikases na história da Guiné-Bissau, eles poderão e vão seguramente surgir em defesa de causas justas e contra a impunidade.

Senhor Ramos Horta, faça valer a sua influência e, com os demais parceiros, chamem o senhor Carlos Gomes Jr. à razão. Ele que deixe que os guineenses esqueçam suas mágoas e sequem suas lágrimas. O senhor Carlos Gomes Jr., através dos seus servidores chefiados pelo senhor António Inácio Correia, vulgo Tchim, está orquestrando a recolha de assinaturas, solicitando o seu regresso e, uma vez mais, quer trazer para Bissau carregamentos de ditos apoiantes das regiões de Gabu e Bafata. Mais uma vez, as regiões de Bafata e Gabu. O Senhor Carlos Gomes Jr. enquanto chefe do executivo que era, deve ter algo a dizer. Sendo uma pessoa de bem, em nome da verdade e da estabilidade, deve fazê-lo agora. Repetidas vezes disse que não tinha medo de enfrentar a justiça e, por isso mesmo, em vez de se candidatar, deve requerer que justiça seja feita. Já lá vão mais de três anos sem que houvesse o mínimo avanço nos inquéritos e na busca da verdade.

Senhor Ramos Horta, Senhor Carlos Gomes Jr. Guineenses avisados lembram-se de muitos delitos económicos e exigem que o Ministério Publico tome as devidas providências: o que aconteceu com o Fundo que devia ser utilizado na construção da auto-estrada Aeroporto-Bissau? Quantos biliões de Fcfa foram investidos e quantos foram desviados ao ponto de não se conseguir executar a obra tal como havia sido concebida, transformando essa auto-estrada num verdadeiro pântano durante a época das chuvas. Como explicar o facto de o senhor Carlos Gomes Jr e seu genro, o então Secretário de Estado do Transportes, José Carlos Esteves terem alegadamente investido mais de dois biliões de francos Cfa na aquisição de dois barcos velhos fugindo às regras estabelecidas e violando de maneira flagrante a Lei das finanças públicas? Como aceitar que cerca de quatro biliões de Fcfa tenham sido acordados para a pavimentação de um parque para contentores no cais de Bissau e, uma vez mais, sem concurso público? Quantos biliões foram acordados à Empresa que nós todos sabemos, sem concurso publico, para a reconstrução do mercado central ainda por fazer? Qual o destino dos mais de sete biliões de Fcfa disponibilizados pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BOAD) para a reestruturação da Guiné Telecom? Qual o paradeiro dos mais de doze milhões de dólares do Apoio orçamental do governo angolano que, depois de terem chegado ao Banco Montepio, foram engolidos não se sabe por quem. Os guineenses querem explicações por parte do senhor Carlos Gomes Jr.

Como é que o senhor Carlos Gomes Jr. consegue cometer a irresponsabilidade de declarar publicamente que ganhou as eleições com 52%, pondo em causa a fiabilidade de todo o sistema eleitoral da Guiné-Bissau, outrora considerado justo e transparente pela comunidade internacional? Ninguém sabe mais do que nós de que a Guiné-Bissau é de todos nós e que o poder se conquista nas urnas, ninguém conhece mais do que nós as regras do jogo democrático. Por sermos contra a apropriação ilícita de bens, por sermos contra a venda de drogas e armas, por sermos contra aqueles que, por não poderem hoje vender drogas fazem recurso à delapidação das florestas, por sermos a favor da conquista do poder nas urnas mas sem comprar a consciência dos guineenses dominados pela pobreza absoluta, pedimos aos verdadeiros amigos da Guiné-Bissau que supliquem o senhor Carlos Gomes Jr. para que se apresente à justiça ao invés de se candidatar nestas eleições.

Queira acreditar, Senhor Ramos Horta, que a Guiné-Bissau não terá nem paz nem sossego se não se tomar a sério esta missiva. A paz constrói-se na verdade e com a verdade. O senhor Carlos Gomes Jr. tem dito repetidas vezes que merece toda a confiança e apoio das Nações Unidas, da CPLP e de Angola por isso vai ganhar as eleições com 80% dos votos. A que se deve este apoio?

Grupo de cidadãos avisados

Feliciano Monteiro Nanque
Jorge Carlos da Silva Vieira
Ensa Dabó
Wagna Na Biote
Domingos M. Vieira