O Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau apresentou hoje à imprensa quatro suspeitos de pertencerem a uma rede de assaltantes à mão armada nos bairros de Bissau.
Segundo o porta-voz do Estado-Maior, Daba Naualna, os indivíduos, todos de sexo masculino, atuavam pela calada da noite usando armas de guerra e fardamento militar.
Os quatro terão sido capturados em operações de patrulhamento nos bairros de Bissau durante a última madrugada.
Foram-lhes apreendidas duas viaturas, um táxi e um automóvel de um civil, mas com uma chapa de matrícula militar falsa.
Os quatro homens de idades compreendidas entre os 29 e 48 anos vão ficar sob custódia militar e as viaturas confiscadas, disse Daba Naualna.
"Isto vem confirmar aquilo que o Estado-Maior General das Forças Armadas vinha dizendo de algum tempo a esta parte, que há uma proliferação de armas e de fardamento militar" na posse de civis, observou o porta-voz do exército guineense.
"Essas pessoas cometem ilícitos diversos, passando por serem militares", acrescentou Daba Naualna, para quem "há um descontrolo total acerca do armamento militar" na Guiné-Bissau desde o conflito político-militar de 1998/99.
Para o porta-voz do exército guineense, "talvez fosse melhor" a comunidade internacional apoiar um programa de recolha de armas militares nas mãos da população a troco de dinheiro.
"O que se viu hoje é uma ponta do iceberg, a situação é muito pior", defendeu Naualna, lembrando os recentes casos de espancamento em Bissau, que incluíram um ministro de Estado.
Daba Naualna afirmou que não pretende desculpar ninguém, mas frisou que as pessoas apanhadas na última madrugada não são militares.
Na conferência de imprensa promovida pelos militares os detidos também usaram da palavra e um deles disse ter vendido uma chapa de matrícula contrafeita a um outro suspeito, dono do automóvel apanhado com a identificação militar falsa.
"Ajudei este senhor a comprar este carro e de facto fui eu que o ajudei a comprar esta chapa de matrícula que pertencia a um outro senhor, que é militar. A matrícula foi feita na oficina do exército", referiu.
Ao lado, um deles afirmou ter participado num assalto à mão armada com uma arma de fogo militar e fardamento do exército.
O outro membro do grupo disse que se limitou a transportar os suspeitos enquanto taxista.
"Só depois do início da corrida para os levar é que me apercebi que traziam na pasta uma arma e farda militar", concluiu.
As detenções feitas pelo militares ocorrem um dia depois de se saber que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) quer que o Conselho de Segurança considere a possibilidade de reforçar a ECOMIB, contingente militar estacionado na Guiné-Bissau, para travar o aumento de casos de violência.
O pedido de Ban Ki-Moon é feito no mais recente relatório sobre a situação do país e que será hoje apresentado ao Conselho de Segurança, em Nova Iorque.
Lusa