terça-feira, 5 de novembro de 2013

CHINA PROPÕE EM MACAU PLANO DE ACÇÃO A 3 ANOS

A cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa vai ser aprofundada, garantiu hoje em Macau o vice-primeiro-ministro Wang Yang, ao anunciar um plano em oito pontos com medidas concretas para execução entre 2014 e 2016.
No discurso de abertura da 4ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, Wang mencionou como a primeira dessas medidas a concessão por parte do governo da China de empréstimos bonificados aos países de língua portuguesa de África e da Ásia membros do Fórum no montante de 1800 milhões de yuan (293 milhões de dólares).
O vice-primeiro-ministro mencionou de seguida o desejo da China em partilhar com os países de língua portuguesa a experiência bem-sucedida das zonas especiais económicas e das zonas de desenvolvimento e anunciou que as empresas chinesas iriam ser incentivadas, se bem que respeitando as regras de uma economia de mercado, para ajudarem na promoção e na criação daquelas zonas nos países interessados.
Três dos oito pontos mencionados por Wang Yang centram-se no ensino e na formação profissional, com a China a ir apoiar todos os países de língua portuguesa de África e da Ásia membros do Fórum Macau na construção de infra-estruturas tais como escolas e centros de formação.
A China convidará ainda 2000 pessoas daqueles países, incluindo estudantes de pós-graduação, para acções de formação, algumas das quais terão lugar localmente e oferecer 1800 bolsas de estudo aos governos dos países de língua portuguesa de África e da Ásia membros do Fórum Macau.
Além de um ponto genérico sobre sectores qualificados de prioritários, o vice-primeiro-ministro chinês referiu-se igualmente à utilização de Macau como local de partilha de informação “a fim de criar uma plataforma em Macau para promover o intercâmbio de pessoas bilingues qualificadas e a cooperação empresarial em diversos domínios.”
Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Oldemiro Baloi, além de se referir ao facto de o país ter vindo a beneficiar de bolsas de estudo tanto na China como em Macau, salientou ser necessário continuar a dar atenção particular aos sectores que possam contribuir para o aumento da produção e da produtividade e que produzam resultados palpáveis na redução da dependência das populações.
Afirmando ser firme convicção do governo de Moçambique que o sector privado desempenha um papel crucial no desenvolvimento do país, o ministro dos Negócios Estrangeiros referiu-se ao Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa de mil milhões de dólares anunciado em Macau, no decurso da 3ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, como uma alavanca que “vai impulsionar o investimento privado e o estabelecimento de parcerias público-privadas.”
O vice-presidente do Brasil, Michel Temer, aproveitou a sua intervenção para se referir à formação dos recursos humanos, tendo mencionado a existência na Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira de 182 alunos de países africanos de língua portuguesa de um total de 228 alunos.
Salientando fazer votos para que seja possível atingir a meta 160 mil milhões de dólares de trocas comerciais entre os países membros do Fórum Macau até 2016, Michel Temer anunciou a criaçãodo “Centro de serviços comerciais para pequenas e médias empresas dos países de língua portuguesa”, a ter sede em Macau.
Saudando Macau como uma importante plataforma comercial e de serviços e ponte privilegiada de ligação entre a China e os países de língua portuguesa, o vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, frisou que “o Fórum Macau pode e deve desempenhar um papel crucial ao constituir a ligação entre quatro continentes, da Ásia à América do Sul, passando por África e pela Europa.”
Rui Duarte Barros, primeiro-ministro da Guiné-Bissau, aproveitou o discurso que efectuou para anunciar que irá colocar na agenda da cooperação com a China a intenção de assegurar financiamento por parte de agentes públicos e privados chineses para projectos qualificados de fundamentais da economia guineense, nomeadamente nos sectores dos transportes, energia, recursos minerais, agricultura, pescas e turismo.
O primeiro-ministro guineense adiantou que o governo que dirige pretende analisar com o seu congénere da China as modalidades de acesso aos mecanismos de financiamento previstos no âmbito do Fórum Macau e outros “para tornar uma realidade os objectivos anunciados”.
O vice-primeiro-ministro de Timor-Leste, Fernando La Sama de Araújo, referiu que a China é um dos fortes parceiros estratégicos rumo ao desenvolvimento e disse que o governo a que pertence gostaria de poder contar com investimentos tanto chineses como dos países de língua portuguesa no estabelecimento das zonas económicas especiais (ZEE) em Oe-cusse e Atauro.
Além destas duas ZEE, La Sama de Araújo mencionou igualmente os planos para desenvolver a costa sul do país como centro sub-regional para a indústria petrolífera e do turismo em todo o território.
Rui Mangueira, ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, recordou aos presentes que o seu país tem vindo a apostar, ao longo de 11 anos de paz efectiva, no estabelecimento e consolidação de uma parceria estratégica com a China.
“Cada um dos nossos países detém valências, experiências e realidades próprias que podemos partilhar no contexto deste Fórum e que certamente são úteis para a construção dos nossos destinos comuns”, salientou o ministro angolano, dirigindo-se aos presentes na cerimónia de abertura da 4ª Conferência Ministerial do Fórum Macau.
O ministro do Turismo, Indústria e Energia de Cabo Verde, Humberto Brito, louvou o apoio decisivo da China e de Macau no funcionamento e desenvolvimento do Fórum Macau e afirmou aguardar o governo do seu país com grande expectativa o início da aplicação do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
“A aplicação do Fundo irá promover projectos de investimento, de preferência daqueles que têm efeitos na criação de riqueza e no crescimento dos nossos países, envolvendo as respectivas comunidades empresariais”, disse o ministro do Turismo de Cabo Verde. (macauhub)