Chimoio, Moçambique- Uma operação conjunta do exército e da
FIR, polícia antimotim, falhou a missão de "capturar" o pai do líder
da Renamo em Mangunde, no centro de Moçambique, "por não o conhecer",
disse sábado à Lusa um agente policial.
"A
nossa missão era 'levar' o régulo Mangunde (pai do líder da Renamo) para a
administração de Chibabava. Quando íamos à sua casa, cruzámo-nos com ele, mas
ninguém o conhecia, só ficámos a saber quando já estávamos no seu complexo
habitacional", explicou à Lusa o agente, sob anonimato.
Segundo
o diário Canal de Moçambique, o exército e a FIR "invadiram e
vandalizaram" na quinta-feira o complexo residencial do pai do líder da
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, tendo vasculhado o
local, que já estava desocupado, tendo a numerosa família, que residia em
dezenas de palhotas, feitas de argila e capim, fugido para lugar incerto.
Segundo
o agente policial, o régulo Magunde, que dá o nome ao aldeamento, estava
acompanhado por um jovem numa bicicleta, e mais tarde seguiu numa motorizada
com destino ao rio Buzi, a poucos quilómetros de Mangunde, para
"compromissos familiares". O régulo tem de 80 anos e é
polígamo.
"Ainda
seguimos ao rio Buzi para o encontrar, mas nada. Não estava em nenhum dos
locais que nos indicaram", precisou o agente, que participou na operação.
O
complexo residencial do pai do líder da Renamo em Mangunde chegou a ser
guarnecido por guerrilheiros do antigo movimento.
O
exército moçambicano invadiu e ocupou a base de Sadjundjira, a 21 de Outubro
último, onde vivia há um ano Afonso Dhlakama, cujo paradeiro se desconhece
desde então.
Na
semana passada, na Beira, capital provincial, uma operação policial, sob ordem
judicial,visou as residências do líder da Renamo no bairro de Macuti e do
falecido deputado Fernando Nbararano, bem como a sede do partido na Ponta-Gêa,
onde foram "apreendidos" materiais militares, além vários assaltos a
bases que reagrupavam guerrilheiros.
Moçambique
vive o seu pior momento de tensão após a assinatura dos Acordos de Paz,em 1992,
que marcaram o fim de 16 anos de guerra, entre o Governo da Frelimo (Frente de
Libertação de Moçambique) e a Renamo.