O “encontro” entre a equipa de Terra Ranka e a de Mon na Lama disputado no estádio nacional Palácio Colinas de Boé, sob a batuta do juiz senegalês Macky Sall, nomeado pela Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental (CEDEAO), coajuvado pelos juízes de linha, os são-tomenses Miguel Trovoada e Ouvido Pequeno e sob uma assistência de 80 mil espectadores vestidos de cores da Bandeira Nacional, terminou com o imprevisível resultado de zero a zero (0-0).
A história desta importante partida de “futebol” da política nacional que deixou todo o país suspenso, cujo quarto árbitro foi o senegalês Mankeur Ndiaye, conta-se em poucas linhas.
A turma de Terra Ranka iniciou muito cedo a preparação para o embate, no “estádio nacional” Palácio Colinas de Boé, realizando jogos amigáveis com as “formações” das suas bases partidárias, das regiões de Buba, Tombali, Bafatá, Gabú e com as “formações” do Bureau Político e Comité Central em Bissau. Tudo para poder selecionar as pedras, a técnica e a táctica, com o objetivo de vencer a poderosa turma dos Conselheiros de Mon Na Lama.
Nos encontros de preparação realizados na capital do país, Terra Ranka foi obrigada a substituir, na sua equipa técnica, algumas peças frágeis por peças fundamentais na sua manobra técnica para o grande embate com a poderosa formação de Mon Na Lama, que tinha já decretado tudo na expectativa de qualquer passo em falso fuzilar a baliza dos Terras-rankenses com um decreto.
Na convição de que o encontro que estava marcado para o dia 3 deste mês no “estádio nacional” Palácio Colinas de Boé estava sob o seu controle, a formação de Mon Na Lama não fez grande preparação. Limitou-se a alguns exercícios de aquecimento dos seus poderosos e fulminantes avançados Conselheiros que decretam em golo qualquer cruzamento, quer da esquerda, quer da direita, na rotunda do império. Aliás, em boa verdade, os jogadores da formação de Terra Ranka, aquando da sua passagem pela Praça do Império para defrontar a turma de Comité Central do PAIGC, assustaram-se com um simples exercício de aquecimento da turma dos Conselheiros da Mon Na Lama.
Foi este susto que levou a formação dos Terra-rankenses a proceder ao afastamento de algumas pedras na sua equipa técnica do Comité Central do PAIGC, para proceder a uma melhor seleção de “jogadores” para o confronto do dia três, no “estádio nacional” Palácio Colinas de Boé. Se não fossem esses treinos de preparação adequada e a boa arbitragem do juiz senegalês Macky Sall coajuvado pelos lusófonos são-tomenses, os avançados Conselheiros de Mon Na Lama teriam fuzilado a baliza dos Terra-rankenses com simples passe de decreto.
Aliás, ninguém no país tinha dúvidas disso. Todos sabíam que os avançados Conselheiros eram muitos exímios nos cruzamentos na grande área da equipa adversária. Não perdoam. Qualquer cruzamento ou passe que recebiam na grande área decretavam-no logo em golo.
O “encontro” entre as duas importantíssimas “formações” da soberania nacional que teve início às dez horas, no “estádio nacional” Palácio Colinas de Boé com uma assistência de 80 mil espetadores que tocavam tambores para apoiar as duas formações, paralisou todo o país, do Norte ao Sul, do Leste ao Oeste. Todos os que não estiveram na possibilidade de conseguir um bilhete para assistir à partida ficaram com os ouvidos colados na Rádio Nacional, para acompanhar de perto o relato do “embate” entre os Terra-rankenses e os avançados Conselheiros Mon Na Lama.
Dotada de excelente preparação técnica e táctica, a “formação” Terra Ranka entrou muito bem no “jogo”. Trocava muito bem a bola. Os seus atletas cobriam quase todos os espaços do terreno do campo, de Dacar a Bissau, e pressionavam por todos os lados a turma adversária, tendo exercido quase em toda a primeira parte um domínio técnico e táctico no miolo do terreno da “formação” de Mon Na Lama, que entrou no relvado sintético do “estádio nacional” de Palácio Colinas de Boé muito tímida. Os seus perigosos avançados Conselheiros apresentaram-se no terreno algo apáticos, sem o grande malabarismo que costumavam exibir em partidas desta natureza.
Na segunda parte, o cenário mudou de figurino. Os avançados Conselheiros de Mon Na Lama acordaram e causaram algumas perturbações na baliza dos Terra-rankenses. Perderam cinco grandes oportunidades de decretar golo na baliza da formação adversária, causando alguns incómodos nos setores defensivos da Terra Ranka. Todavia, os homens da turma de Terra Ranka conseguiram suportar estoicamente a pressão de especulações de passe e de cruzamentos dos avançados Conselheiros de Mon Na Lama.
Não foi nada fácil a forma como os atletas de Terra Ranka conseguiram, e de que maneira, suportar os cruzamentos especulativos dos exímios avançados Conselheiros de Mon Na Lama. Aliás, no final do encontro, o técnico principal dos Terra-rankenses reconheceu que naquela hora vira e compreendera como os avançados Conselheiros especulavam o esférico no terreno e que a partir daquele momento em diante respeitá-los-ia, e faria de tudo para não dar um passo falso no terreno que permitisse que a turma de Mon Na Lama decretasse em golos os seus cruzamentos e afastasse a sua equipa na liderança do campeonato do desenvolvimento do país.
O resultado de (0-0) adiou tudo para a segunda volta. E o líder da turma de Terra Ranka prometeu contratar novos jogadores para remodelar o seu plantel, para assim poder enfrentar os novos desafios do desenvolvimento do país. Mas ninguém sabe onde o líder dos Terra-rankenses vai conseguir dinheiro para contratar novos jogadores de qualidade e com competências desportivas e que não estão indiciados pela justiça desportiva do país.
Na segunda volta, o líder de Terra Ranka tem de contratar jovens atletas física e tecnicamente competentes, que sabem segurar bem a bola e que sabem também amortecer o esférico e fazer um passe seguro, com conta, peso e medida, no terreno do desenvolvimento nacional. Não deve outra vez contratar jogadores que falhem passos ou que não coabitem muito bem no terreno do desenvolvimento com os avançados Conselheiros de Mon Na Lama. Porque o simples pronunciamento do líder de Mon Na Lama poderá voltar a fustigar a turma dos Terra-rankenses.
António Nhaga
Diretor-Geral/ Editor