A PRM confirmou a ocorrência de crimes hediondos nas aldeias de 25 de Junho e Monjane, no distrito de Palma, a Norte da província de Cabo Delgado sem no entanto conseguir precisar quando efectivamente aconteceram. “Há relatos de um ter sido às 22 horas e outro ter sido ao amanhecer (do dia 26 para 27) mas ainda estamos a apurar”, disse a jornalistas em Maputo o porta-voz da corporação.
“A polícia quando tomou conhecimento em conjunto com as outras forças que estão posicionadas naquele ponto iniciou um processo de perseguição que está a decorrer até então. O que nós estamos a fazer é caçar este grupo de indivíduos que está bastante fragilizado”, declarou o porta-voz do Comando da PRM acrescentando que o grupo que as comunidades locais chamam de Al Shabaab “após o acto colocou-se em fuga e até então continua”.
Inácio Dina esclareceu aos jornalistas que: “Tudo o que está sendo feito neste momento é encontrar estes indivíduos para coloca-los na prisão para a devida responsabilização de forma copiosa como tantos outros já os colocamos na barra do tribunal para serem responsabilizados”.
“Neste momento o ambiente nós descrevemos como estacionário, as pessoas estão a voltar normalmente a consciência e a procurar retomar com as suas vidas, o nosso posicionamento naqueles pontos está a permitir que haja confiança por parte das comunidades”, referiu a fonte policial.
Polícia não sabe quantos mortos acontecerem desde Outubro e nem quantos membros restam do Al Shabaab
Questionado sobre a alegada “fragilidade” do grupo e sobre quantos membros fazem parte dele Dina disse: “Neste momento não temos a precisão do número mas o que queremos assegurar é que de longe sejam números daquele grupo que em Outubro protagonizou o acto (...) 300 foram detidos”.
Todavia a Procuradora-Geral da República indicou no seu Informe à Assembleia da República que na sequência dos ataques e confrontos armados de 5, 6 e 7 de Outubro de 2017 e que vitimou cinco agentes da polícia no município de Mocímboa da Praia, “foi aberto um processo-crime com 133 arguidos em prisão preventiva (...) dos quais 32 estrangeiros de nacionalidade tanzaniana”.
Ainda esta terça-feira (29) Júlio Parruque, o Governador da província de Cabo Delgado, revelou que o Al Shabaab fez mais outras duas vítimas mortais no distrito de Macomia.
O jornal Meadiafax reporta que mais duas pessoas terão sido decapitadas nesta terça-feira (29) numa zona costeira situada na região limite entre o Posto Administrativo de Olumbi e o distrito de Mocímboa da Praia.
No entanto o académico João Pereira, co-autor de um estudo sobre este movimento que aterroriza o Norte da província de Cabo Delgado, referiu que o grupo que as populações chamam de Al Shabaab é constituído por células com 10 a 20 jovens, “e conseguem multiplicar-se num distrito para 20 ou 30 células, diziam-nos fontes locais que só no distrito de Mocímboa da Praia eram pelo menos mil jovens que estavam directa ou indirectamente ligados a essas mesquitas e que operavam nas redes informais. Uma outra fonte disse-nos que só na vila (de Mocímboa da Praia) os Al Shabaab tinham cerca de 350 fiéis”.
De acordo com o estudo apresentado no passado dia 23 este Al Shabaab moçambicano tem dois objectivos. “O primeiro é criar uma situação de instabilidade na Região para permitir o negócio ilícito no qual as suas lideranças estão envolvidas. O outro, é a partir desses negócios ilícitos alimentar outras redes que eles têm ligação, por exemplo os comandos das milícias no Congo, na Somália, no Quénia e na Tanzânia”.
* Com Emildo Sambo
Fonte: http://www.verdade.co.mz