Bissau, 23 Jan 15 (ANG) - O historiador guineense, Pedro Milaco considera de “acertada” a opção do PAIGC em desencadear a luta armada, devido a “forte violência do regime fascista e ditatorial português” na então colónia da Guiné.
Pedro Milaco falava quinta-feira a ANG, na vespera da comemoração dos 62º aniversario do início da luta armada levado a cabo pelo partido libertador, a 23 de Janeiro de 1963 na vila de Tite, sul do pais. Aliás, a efemeride será assinalada este ano no mesmo local.
O historiador, apesar de reconhecer que a via política e negocial era a melhor forma de obter a independência de qualquer país, lembrou que “o colonialista portugues era mais violento em relação aos seus colegas ingleses e franceses”.
“Estes dois países foram mais maliáveis em relação a Portugal que, na altural, vivia um regime ditatorial e que não dava sinais de abertura ao diálogo para independência das suas colonias”, rematou.
Abordado sobre as principais razões dos sucessivos conflitos político-militares pós- independência na Guiné-Bissau e o seu subdesenvolvimento até a presente data, em comparação com Cabo Verde que, alcançou o nível de país de“Desenvolvimento Médio”, o analista ivocou o facto do pais ter sido palco da luta anti-colonial.
“Contrariamente ao Cabo Verde, a Guiné-Bissau optou pela política de expulsão dos antigos funcionários nacionais que trabalharam na administração pública durante a era colonial, em detrimento de combatentes do PAIGC, muitos deles analfabetos e semi-analfabetos", sublinhou.
Outro factor, segundo Pedro Milaco, foi a falta de “sucessão entre gerações”, ou seja, entre os combatentes de liberdade da pátria, na sua maioria sem formação e os guineenses intelectuais que não foram a luta, mas, no entanto, com melhores condições para governar o país.
Finalmente, o historiador identificou como outro estrangulamento os “permanentes” conflitos internos do então partido-governo, PAIGC, que, nas suas palavras, não ajudaram na estabilização do país .
“Para estabilizar o país e dar início ao seu desenvolvimento é fundamental que os políticos, tanto no poder, como na oposição sejam verdadeiros republicanos, observando sempre o primado da lei”, argumentou Milaco que ainda denunciou a “promiscuidade” entre os políticos e os militares.
Igualmente, pediu a comunidade internacional que seja isenta na resolução dos problemas inter-guineenses, porque nas suas palavras, certa parte dela sempre foi “conivente”, por exemplo, na escolha dos governantes do país.
A concluir, disse acreditar que apesar de várias vicissitudes que o pais conheceu desde a sua independência, a longo prazo, ele ira estabilizar-se e, com isso, dar inicio ao processo do seu desenvolvimento.
Mas para isso, apelou para uma mudança de mentalidade e um “verdadeiro” espírito de paz de todos os guineenses.
FONTE: FIM/ANG/QC/JAM