domingo, 25 de janeiro de 2015

RENAMO INSISTE NUMA REPÚBLICA AUTÓNOMA

A CPLP não se pronuncia, continua a achar normal o que se passa em Moçambique. Se fosse na guiné, ninguém calava os cães desta mafiosa organização.
 
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse este sábado que o seu partido já não quer discutir a criação de um governo de gestão em Moçambique, mas controlar as províncias onde ganhou as últimas eleições através de uma república autónoma.
 
«Já estamos a abandonar a possibilidade de constituirmos um governo de gestão», afirmou Afonso Dhlakama à imprensa, em Quelimane, após um comício na capital da província da Zambézia, no dia em que expirava o prazo de uma semana dado pela Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) ao executivo moçambicano para atender à sua exigência.
 
«Já que tomaram posse [os membros do novo Governo], não vamos dizer ‘gestão, gestão, gestão', há alternativa. Ganhámos, apesar de ter existido fraude, em Sofala, Manica Tete, Nampula, Zambézia e Niassa, que vão perfazer uma região autónoma», declarou o presidente da Renamo, sustentando que esta medida «não fere a Constituição» e enquadra-se na descentralização da administração do Estado.
 
Dhlakama deu o exemplo de Portugal, que «tem o tamanho de uma província como Niassa [norte de Moçambique], tem as regiões da Madeira e Açores e é um pequeno país», deixando claro que a atribuição das províncias centro e norte, exceto Cabo Delgado, é uma exigência e não um pedido.
 
«Nem estamos a pedir, é só para não arrancarmos [as províncias] à força. Podíamos e temos capacidade para isso, mas não queremos ser rebeldes. Queremos que a Frelimo entenda. Sabemos que já nomearam governadores [provinciais], mas vão recuar porque não têm como», afirmou o líder da Renamo, que reiterou a sua intenção de não voltar a pegar em armas, mas avisando também que não pode ser provocado.
 
«Não queremos a guerra. Mas se nos voltarem a atacar, como fizeram em Sadjudjira [ataque à base da Renamo em outubro de 2013], já não vamos responder a partir da Gorongosa ou Muxúnguè, mas na cidade de Maputo, capital, para que os próprios líderes da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique, no poder] sintam», declarou.
 
O presidente da Renamo voltou a confirmar a existência de negociações com o Governo, referindo que recusou encontrar-se com o novo Presidente da República, Filipe Nyusi, porque não pode reunir-se com «uma pessoa que roubou votos, que fala de boca cheia e arrancou a vitória à oposição».
 
Dhlakama disse que os seus dois enviados a Maputo já tiveram duas reuniões com representantes do novo Presidente e que os encontros decorreram «no próprio gabinete de trabalho de Nyusi». O líder do maior partido de oposição informou que os representantes de Nyusi pediram à delegação da Renamo alguns dias para que o Presidente faça «consultas a instituições e órgãos do partido».
 
Para o presidente da Renamo, «Nyusi não tem força, quem continua a liderar o partido é o Guebuza, que já não é Presidente da República, mas, segundo os estatutos da Frelimo, é o partido que manda», estando, no entanto, disponível para aguardar uma resposta, sublinhando que «isto tem urgência, dias». «O meu receio é que a população vá chegar, pegar o administrador [local], dar porrada, eles [Governo] mandam a polícia e fademos [Forças Armadas] matar a população e a Renamo vai pôr-se do lado da população e aí é a guerra», disse ainda Dhlakama, deixando «a bola do lado da Frelimo e do Nyusi».
 
Afonso Dhlakama visitou hoje as zonas afetadas pelas cheias na Zambézia, orientou um comício em Quelimane, que voltou a registar uma enchente, e na segunda-feira fará um outro em Nampula. A Renamo não reconhece os resultados das eleições gerais de 15 de outubro, alegando fraude, e exigia um governo de gestão, envolvendo figuras da oposição para reformar o Estado, uma ideia rejeitada várias vezes pela Frelimo, e ameaça criar uma república autónoma no centro e norte do país, presidida pelo próprio Dhlakama. Fonte: Aqui